O futuro CEO da firma de consultoria Booz & Company, Cesare Mainardi, assume o cargo em abril com a missão de manter a elevada taxa de crescimento da empresa nos Estados Unidos e em mercados emergentes desde 2008, na contramão da crise econômica internacional.
No ano fiscal que se encerra em março deste ano, a empresa chega a faturamento global de mais de US$ 1 bilhão. Nos Estados Unidos, sede da empresa, o crescimento no ano passado foi de 22%. Nos últimos três anos, a consultoria aumentou seu faturamento em 12,5% ao ano, em média.
Nos países emergentes, a média de crescimento desde 2008 foi de 20%, sendo que China e Índia tomam a dianteira com expansão de 30% cada, enquanto o Brasil ficou um pouco abaixo da média dos emergentes.
O futuro CEO da Booz diz que a empresa conseguiu crescer porque ajudou clientes a cortar custos, mas aumentar alguns investimentos e, assim, obteve resultados. “Outras grandes consultorias não foram bem em períodos de crise. A razão é que as empresas tendem a cortar custos. Os projetos são reduzidos. Mas quando você corta muitos os custos, precisa saber com muita clareza no que vai focar. E com isso, consegue cortar ainda mais custos”, resume.
O ano de 2008 é um marco para empresa, criada em 1914, porque naquele ano foi feita uma divisão. Sob o nome de Booz Allen Hamilton, a parte de consultoria para o governo americano foi vendida para o fundo Carlyle, por US$ 2,54 bilhões. Com o portfólio do setor privado e clientes nos escritórios internacionais, foi criada a Booz & Company, que hoje tem 60 escritórios no mundo e 3.300 funcionários.
A troca de comando da empresa, segundo Mainardi, faz parte de um processo natural. O atual CEO, Shumeet Banerji, ocupa o cargo há 4 anos. Substituir o chefe não parece ser tarefa difícil para o italiano. Com 49 anos, Mainardi trabalha na consultoria há 25 anos, seu primeiro emprego quando saiu da universidade. Atualmente ocupa o cargo de chefe de operações global e diretor-gerente da América do Norte. Seus laços com a empresa são ainda mais antigos. Mainardi é a segunda geração da família na Booz. Sua mãe também foi funcionária, no escritório de Chicago, e de lá foi transferida para Roma, onde conheceu o pai do executivo.
Mainardi também é um dos criadores do mantra da empresa, o conceito de “vantagem essencial e capacitações”, algo próximo da teoria das vantagens comparativas, mas aplicada a empresas e de forma mais restritiva. Pelo conceito, as empresas devem manter em seu portfólio produtos e serviços que consigam desenvolver melhor para seus consumidores, com mais inovação, para superar os concorrentes, sem apostar em um leque muito amplo de projetos. “Não é uma fórmula restritiva e sim uma fórmula de crescimento”, diz.
Um exemplo dado por ele no artigo “Estratégias de Direcionadas por Capacitações” (em tradução livre) é o da divisão de higiene pessoal da Pfizer, criadora da marca Listerine. Entre 2001 e 2007, a empresa seguiu o conceito de capacitação, produzindo apenas os produtos que apresentavam um diferencial de inovação para o consumidor.
A empresa concordou em vender as áreas que não se encaixavam nessa estratégia. O resultado foi que, em cinco anos, conseguiu elevados índices de crescimento. Em 2008, a Pfizer finalmente vendeu a divisão de higiene pessoal para a Johnson & Johnson por US$ 16,6 bilhões, 20 vezes mais que a receita anual.
Fonte: Valor Econômico, 01/03/12