A gestão da saúde de um país é um desafio para qualquer governo, e o Brasil pode ser especialmente complexo devido a suas proporções continentais e tamanho da população, que ultrapassa 200 milhões de pessoas conforme projetações do IBGE para 2015.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2014 foi de 5,52 trilhões de reais. Porém, em 2013, o investimento global em saúde, público e privado, em termos percentuais do PIB foi de 9,66%, cerca de 450 milhões de reais. Apesar do Brasil ter um percentual dentro da média de outros países que oferecem cobertura universal de saúde à sua população, como a Inglaterra e o Canadá, a participação no PIB não traduz a mesma magnitude no gasto per capita, principalmente se entender que apenas 48,24% destas despesas em saúde foram financiadas pelo setor público brasileiro, responsável pelo atendimento de 75% da população brasileira, como divulga a ANS.
O Tribunal de Contas da União realizou um diagnóstico sobre a saúde no Brasil, compilando indicadores e pesquisas realizadas no ano de 2013, onde evidenciou significativas desigualdades entre os estados brasileiros, considerando este “o maior problema do sistema de saúde do Brasil”, e explica que enquanto “alguns estados apresentam indicadores semelhantes aos dos países desenvolvidos, outros estão muito mais próximos dos países africanos”. Esse relatório menciona alguns problemas “graves, complexos e recorrentes” como a insuficiência de leitos, a superlotação de emergências hospitalares, o baixo índice de médicos por habitantes, a carência de profissionais de saúde, a falta de medicamentos, a estrutura física inadequada, e a insuficiência de recursos de tecnologia da informação na rede hospitalar brasileira.
É importante esclarecer que o financiamento do Sistema Único de Saúde é oriundo de receitas estatais dos impostos pagos por todos cidadãos e das contribuições sociais descontadas dos trabalhadores, compondo com as receitas de impostos nas proporções de 58% da União, 24,7% dos estados e 17,3% dos municípios. E, se considerar que o Governo investe toda sua capacidade na saúde da população brasileira, e as pessoas físicas e jurídicas que teriam capital privado também estão no limite da capacidade de investimento, seria necessário encontrar outras formas de melhorar a situação da assistência à saúde brasileira.
Autora: Diana Indiara Ferreira Jardim: Mestranda em Gestão e Negócios, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS e POITIERS), onde está desenvolvendo uma pesquisa sobre o Investimento de Capital Estrangeiro em Hospitais, sob a ótica do investidor externo, considerando a abertura da lei e o ambiente institucional brasileiro. Possui pós-MBA em negociação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Especialização em Gestão em Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Possui mais de dez anos de experiência profissional na área de saúde, atualmente é gerente das auditorias assistenciais de uma operadora de planos de saúde de grande porte no Brasil.
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