Pesquisa, divulgada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), após fiscalizar 71 prontos-socorros em São Paulo, constata que a maioria desses serviços tem pacientes em macas nos corredores, não consegue transferir doentes, está com suas equipes médicas incompletas e boa parte não conta com chefia de plantão e médico diarista.
Além disso, faltam materiais e estrutura adequada nas salas de emergência, apresentam deficiências na triagem e na classificação de risco na entrada de pacientes.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid Carvalhaes, esse quadro alarmante se dá pela precariedade do sistema resultante de diversas administrações que não tiveram a saúde como prioridade. ?A realidade é que o serviço de saúde pública está sucateado há muito tempo. Diariamente, foi marginalizada pelos administradores até chegar ao estado caótico que encontramos hoje?.
Um dos principais problemas avaliados pelo Simesp é a gestão de recursos, além da falta de fiscalização eficiente dos vínculos público-privados. ?Nos grandes serviços de urgência, que deveriam ter equipes completas, faltam médicos, enfermeiros, técnicos de todas as naturezas, pessoal de administração, segurança, limpeza, cozinha, lavanderia, insumos, aparelhagem instrumental e medicamentos adequados. E quem paga o preço do descaso é a população?, explica Carvalhaes.
O presidente do Simesp, no entanto, tem esperanças de que o novo governo tenha sensibilidade para resgatar a saúde da situação em que está. ?O Sindicato sempre cobrou melhorias das administrações anteriores e não fará diferente durante a nova gestão?.
Principais números do levantamento do Cremesp

? 57,7% dos PSs têm macas com pacientes nos corredores;
? 66,2% dos PSs relatam dificuldade de encaminhar pacientes para outros serviços de referência;
? 57,7% dos serviços vistoriados estão com equipes médicas incompletas;
? 28,2% das salas de emergência estão inadequadas;
? Em 59,2% das salas de emergência falta algum tipo de material;
? Em 46,5% dos serviços não há chefia de plantão nem médico diarista;
? Em 32,4% dos PSs não é feita a triagem com classificação de risco;
? Em 6,1% dos PSs não existem UTIs, nem no local nem em outro serviço referenciado.