Alex Julian, CIO do Hospital Sírio-Libanês, e Felipe Cabral, gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, discutiram os caminhos para acelerar a transformação digital em hospitais filantrópicos, sem perder de vista a humanização e a sustentabilidade. A conversa, realizada no podcast Saúde Business durante o 34º Congresso da Fehosp, reforça a importância de uma estratégia digital baseada em dados, propósito e proximidade com a ponta do cuidado.

No Sírio-Libanês, onde Alex Julian assumiu recentemente como CIO, a prioridade é clara: usar tecnologia para gerar valor real, tanto para a operação quanto para o paciente. “A tecnologia precisa ser um habilitador do cuidado e não apenas um modismo. Estamos vivendo uma era de consolidação, em que é preciso fazer o básico bem feito para que as inovações façam sentido”, afirmou o executivo.

No Moinhos de Vento, a digitalização foi incluída pela primeira vez no centro do mapa estratégico da instituição. Felipe Cabral destaca que, para garantir sustentabilidade, foi preciso começar pelos fundamentos. “Fizemos uma varredura na qualidade dos dados, integração entre sistemas e segurança da informação. Só depois estruturamos protocolos e criamos comitês para garantir governança”, explicou.

Ambos reforçam que o cuidado não começa nem termina no hospital. É preciso pensar em jornadas híbridas e conectadas, que levem tecnologia até a casa do paciente. “Alta precoce só é possível se houver monitoramento remoto. Precisamos pensar o cuidado de forma contínua, e a tecnologia é essencial para isso”, pontuou Felipe.

Outro ponto comum entre os dois gestores é a importância da proximidade entre times de TI e equipes assistenciais. “Tecnologia não pode estar trancada numa sala. É preciso ter ‘umbigo no balcão’, entender as reais dores da assistência para desenhar soluções de impacto”, disse Alex. Felipe complementa: “A figura do ‘médico da TI’ é crucial. Alguém que faça a ponte entre a clínica e a tecnologia, para que tudo esteja a serviço do cuidado”.

Quando o assunto é segurança, ambos foram enfáticos: capacitar pessoas é tão importante quanto investir em sistemas robustos. “De nada adianta criptografar tudo se um funcionário, mal orientado, lê um prontuário ao telefone para alguém que aplicou um golpe”, alertou Felipe. A sensibilização da liderança e da ponta para os riscos digitais é, segundo eles, um desafio contínuo.

Aos gestores de hospitais menores, sem grandes orçamentos, a dica é começar pequeno, com foco nos dados e em parcerias estratégicas. “Há muitas startups querendo testar soluções. Use a capilaridade e os dados da sua instituição como moeda de troca”, sugeriu Alex. Felipe reforça: “Fazer o básico bem feito e ser criativo é o que diferencia quem avança”.

A entrevista na íntegra já está disponível no nosso canal do YouTube. Assista!