Startups e grandes instituições de saúde estão cocriando soluções que transformam a forma como o setor enfrenta desafios estratégicos, operacionais e tecnológicos. No painel “Inovação por meio de parcerias: as healthtechs que estão levando os negócios em saúde para outro nível”, realizado no Healthcare Innovation Show 2025, líderes do setor discutiram os caminhos para integrar inovação, métricas claras e alinhamento estratégico em iniciativas de saúde.
O debate evidenciou que inovação em saúde vai além da tecnologia, exigindo alinhamento estratégico, maturidade institucional e clareza de métricas.
“No dia a dia, percebemos quantos desafios isso traz, quantas metodologias são importantes e quanto o alinhamento da estratégia principal com o que a startup está fazendo pode fazer a diferença”, afirmou Rafael Zanatta, Head do Vibbe – Unimed VTPR.
Evolução das healthtechs e maturidade do setor
Istvan Camargo, CIO do Grupo Sabin, analisou a evolução das healthtechs no Brasil, dividida em quatro ondas. O executivo mostrou que a pandemia acelerou a entrada de novos players, mas também gerou uma saturação de soluções pouco conectadas à realidade do setor.
“A saúde cobra esse pedágio da gente, como profissional e como pessoa. Não vai ser fácil para o empreendedor também”, destacou. Camargo reforçou que o momento atual é de depuração e amadurecimento. “Hoje vejo propostas de valor muito mais sofisticadas, com founders mais treinados e nativos em inteligência artificial”, avaliou.
Inovação como ferramenta de sustentabilidade
Guilherme Sanchez, head de Inovação do Harena – Hospital do Amor, trouxe o exemplo da instituição onde atua, que atua em 18 estados e realizou mais de 2 milhões de atendimentos oncológicos gratuitos em 2024.
Com um déficit operacional mensal de cerca de R$ 50 milhões, a instituição aposta na inovação como ferramenta de sustentabilidade.
“A gente traz aplicação de projetos com startups e colaboração com centros de inovação para resolver problemas de saúde pública e buscar sustentabilidade do sistema”, explicou.
Metodologia e métricas para pilotos de inovação
A metodologia do hospital para avaliar pilotos com startups se baseia em três pilares: congruência com a tese de inovação, nível de prontidão tecnológica (TRL) e aderência a métricas.
“Temos sete áreas-chave e cerca de 22 perguntas norteadoras atualizadas anualmente. Se o piloto não é sensível às métricas, ele não tem sucesso”, afirmou Sanchez.
O painel também ressaltou a importância de preparar executivos para receber inovação. O Hospital de Amor criou um board de inovação com 13 líderes e implementou programas internos de letramento e vivência empreendedora.
“Fizemos os colaboradores criarem uma startup, validarem hipóteses, conversarem com usuários. Isso gerou empatia e entendimento real do processo de inovação”, contou Sanchez.
Camargo reforçou que inovar exige uma cultura de risco e aprendizado contínuo. “Inovação é muito mais o cara do ‘não’ do que o cara do ‘sim’. De cada dez conversas que eu começo, uma chega no final. Muitas vezes, quando o executivo não tem essa experiência, começa a gerar frustração”, alertou.
Os três executivos definiram os requisitos para que uma startup eleve o desempenho de uma corporação. “Combinar o jogo. Falar o que se espera daqui 3, 5, 10 anos e ver se há congruência nas metas”, disse Sanchez.
O próximo Healthcare Innovation Show já tem data marcada, 16 e 17 de setembro de 2026, no São Paulo Expo.