Como garantir eficiência e sustentabilidade em uma instituição 100% SUS? Essa foi a pergunta que Fábio Patrus, CEO do Hospital da Baleia, localizado em Belo Horizonte, buscou responder, no Healthcare Innovation Show 2025. O executivou compartilhou estratégias para tornar o sistema público mais adaptável às novas demandas.  

Patrus detalhou um case que combina inovação tecnológica, gestão enxuta e parcerias estratégicas, mostrando resultados concretos em produtividade e finanças. 

Transformação digital como motor de eficiência

Segundo o CEO, a digitalização foi um dos primeiros passos para reduzir ineficiências. “Transformar o hospital em um hospital sem papel parece simples, mas não é. O papel esconde várias ineficiências”, afirmou, destacando que a migração para assinaturas digitais exigiu revisão de processos e protocolos. 

Outro ponto crítico foi a integração de sistemas. “Não basta ter o sistema, você tem que integrar e criar protocolos de engajamento com o colaborador. Tem que ter uma equipe de navegação por trás”, explicou. Essa abordagem permitiu melhorar a comunicação com pacientes e acelerar linhas de cuidado, otimizando fluxos internos e fortalecendo a experiência assistencial. 

Lean e gestão cirúrgica para otimização de recursos 

A busca por eficiência também envolveu o centro cirúrgico. “Aumentamos a produtividade quase 20%, basicamente usando ferramentas do Lean e garantindo que a cirurgia comece no horário”, disse Patrus. A substituição por uma equipe de anestesistas mais experiente também foi decisiva para reduzir cancelamentos e otimizar recursos, evidenciando como ajustes na gestão de pessoas impactam diretamente na performance operacional. 

Os resultados financeiros reforçam o efeito das mudanças: “Em 2023 fechamos com 10 milhões negativos. Em 2024, 24 milhões positivos. Foi um motivo de muita celebração para a gente”, comemorou. Para Patrus, a sustentabilidade no SUS depende de um trinômio claro: “Gestão, escala e eficiência”. 

Parcerias estratégicas e captação de recursos 

Além da tecnologia, o hospital aposta em parcerias com empresas e iniciativas de captação de recursos. Programas como o arredondamento de troco em redes varejistas geram cerca de R$ 1 milhão por mês, viabilizando reformas e melhorias estruturais. “É isso que a gente faz com R$ 0,40 da pessoa que completa o seu troco”, exemplificou. 

Patrus encerrou sua apresentação com recomendações para gestores que enfrentam desafios semelhantes.

“Clareza e consistência são fundamentais. Tenha ritos de monitoramento, aproxime-se da assistência e seja humilde. Não dá para assumir que você entende de tudo”, refletiu.

O próximo Healthcare Innovation Show já tem data marcada, 16 e 17 de setembro de 2026, no São Paulo Expo.