O Healthcare Innovation Show (HIS) começou! Nos dias 18 e 19 de setembro, profissionais de saúde, gestores, executivos de alto escalão e acadêmicos terão a oportunidade de conferir as principais soluções em inovação que vão ditar o futuro do setor de saúde.
Na manhã desta quarta-feira (18), o neurocientista e futurista Álvaro Machado Dias abriu o evento no palco principal, abordando os paradigmas das tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial, e a necessidade de pensar sobre essas tecnologias de maneira mais sistêmica e menos mistificada.
Segundo ele, é essencial que os profissionais se tornem “futuristas pragmáticos”, ou seja, pessoas capazes de enxergar as tendências e os impactos tecnológicos nos próximos anos, ao invés de ficarem ‘paradas’ no que está acontecendo agora. “É fundamental olhar para sua área de atuação e fazer o exercício de entender para que lado o vento está batendo”, comentou, destacando a necessidade de adotar uma visão mais matemática e lógica do mundo.
Dias é professor associado livre na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e é conhecido por definir o conceito de metamodernidade, que atualmente orienta as discussões sobre o mindset na nova era que se inicia. A metamodernidade é a nova maneira de se relacionar com o mundo, na qual a atração por tecnologias, como IA e redes sociais, está superando a interação direta com outras pessoas. “Esta tendência vem impulsionando o mercado de suplementos e longevidade, áreas de grande relevância médico-científica”, apontou.
Cibersegurança e seus desafios para o setor
Outro destaque importante durante a manhã do primeiro dia do Healthcare Innovation Show foi a cibersegurança. A saúde é considerada um setor vulnerável a ataques cibernéticos, com riscos de interrupções de serviços, comprometimento de tratamentos médicos e vazamentos de dados sensíveis, como informações dos pacientes.
Os desafios para garantir a eficiência na área da cibersegurança passam por conhecimento, recursos e, sobretudo, prevenção. Leandro Ribeiro, gerente de Segurança da Informação do Hospital Sírio-Libanês, relembrou que a pandemia acelerou a adoção de tecnologias emergentes nos hospitais, como a IA e o 5G, o que elevou os riscos de ataques cibernéticos. Ele salientou que garantir a eficiência na área da cibersegurança passa por conhecimento (identificação de ameaças), recursos para a proteção e, sobretudo, prevenção.
Já Alexandre Domingos de Sousa, diretor de Segurança da Informação, Privacidade e Continuidade dos Negócios da Dasa, destacou em sua participação que um dos principais pontos de atenção é garantir a disponibilidade dos sistemas tecnológicos que sustentam os processos críticos nos hospitais. “Na saúde, a prioridade é proteger os processos que impactam diretamente a operação e a vida das pessoas”, afirmou. Segundo ele, é essencial identificar os principais ativos e implementar controles de segurança que garantam a resiliência tecnológica. “Uma visão estratégica de priorização é indispensável, pois quem tenta fazer tudo ao mesmo tempo, acaba não fazendo nada", disse.
Um dos pontos mais sensíveis no quesito segurança, segundo Alexandre, é a gestão de identidades, que apresenta desafios únicos no setor da saúde. “A gestão de identidade na saúde é diferente de setores como o financeiro e o de telecomunicações. Há diversas formas de exploração e vazamento de credenciais”, disse. Ele reforça que a inovação neste campo exige um olhar diferenciado. "O grande desafio para o setor é desenvolver soluções aplicadas na privacidade e rastreabilidade de cada acesso das credenciais de identificação de todos os profissionais”, afirmou.
Quanto às fraudes, Sousa comparou os obstáculos do setor da saúde com os enfrentados pelas telecomunicações no passado. “Quando atendemos o paciente, precisamos ter acesso rápido e eficiente às informações, desde o atendente até o médico, e isso envolve também parceiros externos, como as operadoras de saúde”, explicou. No entanto, ele alerta para o perigo da infiltração de criminosos no setor. “O crime organizado está presente na saúde, e pessoas podem ser aliciadas. Para combater isso, o setor precisa se unir e contar com o apoio das instituições de segurança”, finalizou, ressaltando a importância de uma ação coletiva para enfrentar os problemas comuns do setor.
IA no diagnóstico de doenças cardiovasculares e na UTI neonatal
A adoção de Inteligência Artificial (IA) para automatizar processos e diminuir o tempo de diagnóstico de ataques cardíacos foi tema do CMO (Chief Marketing Officer) da Dasa, Leonardo Vedolin. Segundo ele, a primeira escolha estratégica no processo de desenvolvimento da ferramenta de IA foi encontrar e definir a ferramenta certa para cada doença. “No nosso caso, escolhemos a doença cardiovascular, porque é a que mais mata no mundo e também a que gera os maiores custos para o setor da saúde. Hoje, aproximadamente, US$ 600 bilhões são gastos no mapeamento e manejo dessa doença e a previsão é chegar a US$ 2 trilhões em 2050, o equivalente ao PIB do Brasil”.
Vedolin contou que, para encontrar a melhor solução, a Dasa utilizou a filosofia da colaboração. Um dos parceiros estratégicos foi a startup NEO, que já tinha uma solução para a leitura de exames de eletrocardiogramas. Juntos, as duas empresas aprimoraram a solução e hoje a ferramenta faz a leitura dos 400 milhões de exames que a Dasa faz por ano, identificando mais de 50 doenças cardiovasculares e incorporando os resultados à jornada de cuidado do paciente. "Hoje, mais de 10 mil pessoas tiveram identificados riscos de doença cardiovascular. A IA nos permitiu reduzir o tempo entre o diagnóstico e a intervenção médica de fato”, revelou.
Outra inovação neste sentido é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa, que está passando por uma transformação significativa com a integração de tecnologias digitais para a identificação precoce de riscos de sequelas neurológicas em recém-nascidos. Segundo o Dr. Gabriel Variane, diretor médico do programa da UTI Neonatal Neurológica da Santa Casa de São Paulo, essa mudança tem impactos profundos, tanto na qualidade do cuidado quanto na economia da saúde.
"Utilizando tecnologias avançadas, como o monitoramento contínuo da atividade elétrica e da oxigenação cerebral, além de outros sinais vitais, junto com a inteligência artificial, conseguimos obter uma visão detalhada e em tempo real do estado clínico e neurológico dos pacientes", explicou Dr. Variane. Ele acrescenta que essas inovações são essenciais e estão alinhadas com o conceito de Medicina de Precisão. “Nosso objetivo é personalizar o tratamento de acordo com as características individuais de cada paciente, o que resulta em intervenções mais eficazes e direcionadas”.
O HIS acontece até 19 de setembro, no São Paulo Expo, e todas a programação e principais informações podem ser conferidas no site oficial do evento. Não deixe de conferir!