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A saúde em busca da Inovação Aberta

Article-A saúde em busca da Inovação Aberta

Criação de uma Rede de Inovação articulada pelos atores do mercado é o segredo de um negócio sustentável, segundo especialista. Veja quais ferramentas são necessárias para isso

A inovação pode ser vista como uma contribuição na evolução do atual sistema global de saúde suplementar, baseado na entrega de serviços para o tratamento de doenças e não da saúde, o que está gerando um círculo vicioso pela prática de altos custos, má qualidade de serviços e precariedade no acesso aos cuidados. O segmento de saúde está em busca de caminhos para se adequar a uma nova realidade. Aspectos como mudanças demográficas, longevidade e a busca crescente por qualidade de vida levam a repensar o modelo atual. Há que se voltar para a busca da melhoria da saúde para o paciente, que é um consumidor desprovido de conhecimento técnico e de informação suficiente para a tomada de decisão sobre o que irá consumir para sua saúde. O crescente foco nos custos e nas complexidades das doenças, combinado com novos diagnósticos e tratamentos, provavelmente resultará na proliferação de modelos de atendimento. Com isso, crescerá a necessidade de inovação entre os elos da cadeia de valor, que é formada por Prestadores de Serviços (Hospitais, Clínicas, Laboratórios, Serviços de Imagem e Consultórios), Operadoras de Saúde, Fornecedores (Equipamentos, Materiais e Medicamentos), ANS e Clientes. O desafio das lideranças do setor é encontrar formas de inovar, que garantam o foco na saúde e não na doença, a qualidade da assistência ditada pela prática da boa medicina, os custos compatíveis, a satisfação dos clientes e a lucratividade necessária ao desenvolvimento e crescimento do segmento de saúde suplementar. A saúde pode buscar no modelo de Inovação Aberta pontes que permitirão trafegar o diálogo e a colaboração, passando por cima dos muros atuais que são construídos com visões unilaterais. Há uma frase que descreve a Inovação Aberta como uma rede de soluções em busca de problemas, ou seja, se os elos da cadeia de valor se organizam em forma de rede e criam teias de colaboração, parte da solução esta pronta. O conceito de Inovação Aberta (Open Innovation) foi definido por Chesbrough em 2003: ?A inovação aberta é um modelo de desenvolvimento de produtos, processos, serviços e sistemas de negócios inovadores que combina competências e oportunidades internas e externas as empresas?. No modelo fechado, as organizações buscam apenas internamente as fontes para as inovações, não permitindo a participação de agentes externos.
Algumas indústrias farmacêuticas utilizam o modelo há mais de 10 anos, não apenas com parceiros que possam reduzir o risco de pesquisas, mas principalmente explorando o conhecimento interno e externo disponível para capturar e extrair valor. Observando empresas ligadas ao ramo de serviços, há práticas do modelo de Inovação Aberta na busca por melhoria de processos, criação de novos produtos, com captação de recursos externos e obtenção de benefícios fiscais através da Lei do Bem*. *Lei do Bem: Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como Lei do Bem, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, que consolidou os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Outra forma de praticar a Inovação Aberta é através de redes: aberta e proprietária. A rede proprietária possui duas vertentes, sendo uma de fornecedores, e a outra, formada pelos denominados ?empreendedores tecnológicos?. Esses últimos são profissionais internos responsáveis por ações do tipo: visitas a feiras, consultas a literatura e banco de patentes, enfim, realizam ações que visam sanar algum tipo de necessidade de P&D (pesquisa e desenvolvimento) da empresa. As redes abertas funcionam como redes auxiliares das redes proprietárias. São redes baseadas no uso da internet, na qual demais empresas lançam desafios de P&D. Cada uma das redes possui uma vertente. São elas: Yet 2 (Bolsa on-line de propriedade intelectual), NineSigma (Rede formada por pesquisadores que são ligados a universidades e centros de pesquisa), YourEncore ( Conexão com aproximadamente 800 engenheiros e pesquisadores aposentados de 150 empresas), InnoCentive (Rede formada por diversas empresas que recebem/ enviam sinopses de problemas no intuito de buscar soluções). Diante desse cenário entendo que a inovação e criatividade são estrategicamente importantes para a sustentabilidade do modelo de negócio da saúde suplementar, mas falta definir o que e como fazer. A maioria das empresas não tem processos estruturados que facilitem o desenvolvimento da inovação. Em busca de uma resposta a esses questionamentos, realizei uma pesquisa em um grande laboratório de análises clínicas para testar a implantação do Modelo de Inovação Aberta. O objetivo principal foi identificar e analisar formas de participação dos atores do mercado da saúde suplementar na implantação de um modelo de Inovação Aberta em 2010. Quanto à metodologia adotada, foi utilizada uma abordagem qualitativa, tendo por unidade de análise de pesquisa, cinco atores do mercado de saúde suplementar (Operadoras de Saúde; Prestadores de Serviços; Fornecedores; ANS e clientes) e 2 instituições de pesquisa/consultoria, totalizando dez entrevistados. As respostas dos sujeitos da pesquisa foram submetidas a uma análise de conteúdo, tendo por base os fundamentos teóricos do Modelo de Inovação Aberta e discussões sobre inovação em saúde no Brasil, sob a ótica de distintos autores. As análises e interpretações dos resultados mostraram que o modelo de inovação aberta é viável e adequado à área de saúde, bem como há interesse por parte dos atores em participar. Contudo, os resultados apontaram para criação de uma Rede de Inovação (não-linear, descentralizada, flexível, dinâmica, sem limites definidos e auto organizável) articulada pelos atores do mercado, utilizando ferramentas tais como: Portal de Inovação na Internet, Redes Sociais, Comitê de Inovação ou até mesmo livre comunicação. Não foi evidenciado modelo único de arquitetura organizacional. As sinopses e ligações serão estabelecidas a medida da estruturação e disposição dos participantes. Os principais aspectos positivos dessa pesquisa foram: identificação de inovações propostas pelos parceiros de forma espontânea, comprovação da possibilidade da aplicação do modelo de Inovação Aberta na empresa estudada e a participação dos atores principais na coleta de dados da pesquisa. Acredito que a Inovação Aberta representa uma possibilidade de estabelecer diálogos mais efetivos entre os atores. Cabe a cada um de nós, refletir sobre seu papel na cadeia de valor atual, pular o muro da insatisfação e entrar na ponte que leva à rede da colaboração.
Vamos?
*Thays Marques Barbosa, 39 anos.
Administradora de Empresas formada pela PUC MG em 1998. Especialização em Gestão Estratégica de Marketing pela UFMG em 2000. MBA Executivo em Gestão pelo IBMEC em 2007. Mestrado Profissional em Administração com foco em Gestão Estratégica, Linha de Pesquisa: Estratégia, Competitividade e Inovações em 2010 pela FEAD. Experiência de 15 anos em empresas de serviços na área de saúde, atuando na área comercial, marketing e gestão de redes. Professora na Área de Marketing, Gestão e Serviços.