Investir em saúde preventiva contribui para a redução dos gastos assistenciais. É por isso que a gestão de cuidado preventivo vem ganhando espaço como estratégia central para as operadoras de saúde. 

O avanço da Atenção Primária, os modelos baseados em valor e a necessidade de controlar custos tornaram o cuidado preventivo em saúde uma prioridade. Ao estruturar processos, dados e fluxos assistenciais, as operadoras conseguem intervir antes das complicações, oferecer acompanhamento contínuo e fortalecer a coordenação do cuidado.

A seguir, veja como programas de prevenção de doenças, rastreamentos regulares e monitoramento de saúde preventiva mostram impacto direto na redução de internações evitáveis e na melhora da experiência do paciente.

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A foto retrata uma interação calorosa e profissional entre um profissional de saúde (provavelmente um enfermeiro ou cuidador) e uma paciente idosa em um ambiente que parece ser um corredor ou quarto de hospital/clínica.

O que é gestão de cuidado preventivo e por que ela é essencial nas operadoras

A gestão de cuidado preventivo é um conjunto de estratégias e práticas sistêmicas que visam identificar, acompanhar e intervir em grupos populacionais, com os seguintes objetivos: 

  • evitar o surgimento de doenças (prevenção primária), 
  • detectar condições em estágios iniciais (prevenção secundária) e 
  • evitar a progressão de agravos e complicações (prevenção terciária). 

Em essência, o acompanhamento contínuo do paciente busca promover a saúde e bem-estar do paciente, com uma integração entre níveis de cuidado.

A gestão de cuidado preventivo é o pilar central da gestão do cuidado em atenção primária (APS). A APS atua como o coordenador do cuidado preventivo e a porta de entrada preferencial, garantindo o acompanhamento contínuo do paciente. 

É na APS que o cuidado centrado no paciente se manifesta, sendo o ponto ideal para a identificação de riscos, a realização de rastreamento e check-ups regulares, e a implementação de intervenções precoces em saúde.

A foto é um close-up focado na ação de um profissional de saúde verificando a pressão arterial de um paciente, destacando um momento essencial do cuidado clínico.

Como estruturar um modelo preventivo eficiente

A adoção de um modelo de gestão de cuidado preventivo exige metodologia e compromisso com o acompanhamento contínuo do paciente. 

É importante investir na integração dos dados, treinamento de equipes, protocolos claros e uma visão populacional. A seguir, um passo a passo direto para implementação:

1. Diagnóstico inicial da população

É fundamental conhecer o perfil epidemiológico dos beneficiários, incluindo dados demográficos, principais morbidades e indicadores de utilização de serviços. Essa análise orienta intervenções mais precisas e o gerenciamento de riscos à saúde.

2. Coleta e integração de dados assistenciais

Utilize prontuários eletrônicos e informações de laboratórios para criar uma visão unificada e completa da jornada de saúde do paciente. O uso de dados para gestão preventiva sustenta decisões clínicas mais rápidas e assertivas.

3. Estratificação de risco baseada em evidências

Classifique os beneficiários em diferentes grupos de risco (baixo, moderado e alto) para focar os recursos onde eles são mais necessários e garantir o gerenciamento de riscos.

Essa etapa define prioridades, intensidade de cuidado e ações proativas, além de estruturar cuidados preventivos e personalizados.

4. Criação de programas preventivos por linha de cuidado

Desenvolva programas de prevenção de doenças direcionados (ex: diabetes, hipertensão, saúde da mulher), utilizando protocolos clínicos preventivos específicos para cada condição. A lógica de gestão populacional em saúde garante continuidade e foco no paciente.

5. Implementação de protocolos integrados (APS, especialistas, navegação)

Padronize condutas com protocolos clínicos preventivos. A integração entre níveis de cuidado reduz a duplicidade de exames e melhora o fluxo assistencial.

Além disso, a integração do cuidado é um dos pilares da Saúde Baseada em Valor (SBV), que tem como foco principal a otimização dos desfechos clínicos para o paciente por um custo acessível.

6. Tecnologia e ferramentas de apoio

Investir em plataformas de analytics, inteligência artificial e telemonitoramento para o controle da saúde preventiva e o suporte à decisão clínica, com a ajuda da tecnologia.

7. Educação permanente do beneficiário

Promover a medicina preventiva e promoção da saúde por meio de comunicação clara e constante inventiva o engajamento e a maior adesão a tratamentos e programas. Isso aumenta a satisfação dos usuários e reduz complicações.

8. Métricas, KPIs e monitoramento contínuo

Definir indicadores de desempenho (KPIs) relacionados tanto a resultados clínicos (desfechos) quanto a resultados econômicos (custos e sinistralidade) para avaliar o sucesso e realizar ajustes.

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Benefícios da gestão de cuidado preventivo

A saúde preventiva transforma a operadora de um simples pagador de contas para um verdadeiro gestor de saúde. Os resultados são percebidos tanto no balanço financeiro quanto na qualidade de vida dos beneficiários.

Para operadoras

Nas operadoras, a redução de internações evitáveis é um dos primeiros resultados percebidos. Intervenções precoces diminuem a necessidade de procedimentos de alta complexidade, além de garantir uma atenção humanizada.

A sinistralidade também tende a cair quando há controle mais efetivo das doenças crônicas e prevenção de agravos. A estabilização dos casos permite que a operadora mantenha custos mais previsíveis ao longo do tempo.

Outro efeito positivo é a otimização dos custos assistenciais, que surge como consequência direta da realocação inteligente de recursos, com prioridade para a Atenção Primária. Esse movimento fortalece a porta de entrada, amplia resolutividade e evita duplicidades.

À medida que a população crônica é acompanhada de forma estruturada, a previsibilidade financeira também tende a melhorar. Com isso, a operadora consegue projetar despesas com maior segurança e tomar decisões mais estratégicas.

O fortalecimento da APS se torna evidente quando os fluxos preventivos estão integrados. A atenção integrada e preventiva aumenta a coordenação do cuidado e cria uma experiência mais consistente para o beneficiário.

Como efeito da gestão de cuidado preventivo está o aumento da eficiência operacional, a partir da padronização de processos e com a atuação conjunta das equipes. A coordenação reduz retrabalhos, falhas de comunicação e inconsistências assistenciais.

Para beneficiários

Do lado dos beneficiários, a adesão aos tratamentos aumenta quando o cuidado é centrado na pessoa e quando existe uma relação mais próxima e de confiança com a operadora. Isso favorece o engajamento e melhora o acompanhamento.

As complicações e agravos se tornam menos frequentes quando há detecção precoce e monitoramento contínuo. O paciente recebe suporte antes que a condição evolua, evitando eventos graves.

Além disso, o acompanhamento contínuo e personalizado garante que cada beneficiário receba a atenção adequada ao seu perfil de risco. Programas de gestão populacional tornam o cuidado mais direcionado e efetivo.

A melhoria dos desfechos clínicos reflete a soma dessas práticas. O beneficiário experimenta uma vida mais saudável, com menos episódios críticos e maior estabilidade de saúde.

A experiência de cuidado também se torna mais positiva quando o paciente se sente monitorado, orientado e amparado. Isso fortalece a relação com a operadora e ajuda a construir confiança no sistema.

Por fim, o incentivo à promoção da saúde ganha força quando a operadora atua como parceira ativa na construção de hábitos saudáveis. O beneficiário percebe que existe uma preocupação contínua, que vai além do tratamento de doenças.

Em resumo, a transição para um modelo focado na gestão de cuidado preventivo é o caminho mais sustentável para a redução de custos por prevenção e a garantia de excelência assistencial. 

Operadoras que investem na gestão preventiva se posicionam como líderes, oferecendo valor real para seus beneficiários e estabilidade para seus acionistas.

Dúvidas frequentes

O que é cuidado preventivo?

O cuidado preventivo se refere a todas as ações e serviços de saúde destinados a evitar doenças, lesões e outras condições de saúde. Isso inclui desde a vacinação e orientação sobre estilo de vida até exames de rastreamento e intervenções para reduzir fatores de risco específicos. 

O que é gestão preventiva?

Gestão preventiva, no contexto de saúde suplementar, é a aplicação de técnicas de gestão para organizar e otimizar os recursos (humanos, financeiros e tecnológicos) em função da saúde da população. 

Isso envolve a utilização do uso de dados para gestão preventiva e a implementação de programas de prevenção de doenças com o objetivo de gerar valor, reduzir riscos e diminuir custos a longo prazo.

O que é gestão do cuidado?

A gestão do cuidado se dedica a garantir que o paciente receba o cuidado certo, no lugar certo e no momento certo. Ela envolve a coordenação de serviços, a comunicação entre os profissionais de saúde e a integração entre níveis de cuidado (APS, secundário e terciário). 

Quais são os 4 tipos de prevenção?

Os quatro tipos de prevenção em saúde são classificados de acordo com o momento da intervenção no curso da doença:

  • Prevenção Primária: Evitar a ocorrência da doença (ex: vacinação, promoção de hábitos saudáveis).
  • Prevenção Secundária: Detectar a doença em estágios iniciais, antes do surgimento dos sintomas (ex: exames de rastreamento, como a mamografia).
  • Prevenção Terciária: Minimizar as complicações de uma doença já estabelecida, reabilitar o paciente e melhorar a qualidade de vida (ex: gestão de pacientes crônicos, fisioterapia após AVC).
  • Prevenção Quaternária: Evitar a medicalização excessiva e iatrogenias, protegendo o paciente de intervenções desnecessárias.

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