É verdade que nem sempre a saúde foi pensada como um direito público. Foi a partir do crescimento das cidades e do aumento da população que os Estados nacionais começaram a se preocupar com epidemias, taxas de natalidade, mortalidade e a organização das cidades para que as pessoas alcançassem bem-estar.

A saúde começou a ser entendida como um bem público na Europa durante o século 17. No entanto, é no século 19 que ela ganha mais força, principalmente com a institucionalização da Higiene na França, que é vista como parte da medicina e da administração pública, com o objetivo de manter a população mais saudável.

No Brasil, entendemos como saúde pública o Sistema Único de Saúde (SUS), que será explicado em mais detalhes ao longo deste texto. O SUS é um marco na história da saúde no país, garantindo acesso universal e gratuito a serviços de saúde para toda a população. 

Desde sua criação, tem sido um pilar fundamental para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, enfrentando inúmeros desafios e avanços ao longo dos anos.

O que é saúde pública

É considerada Saúde Pública todo o conjunto de medidas executadas pelo Estado para garantir o bem-estar físico, mental e social da população.

Essas medidas incluem:

  • Prevenção de doenças
  • Promoção de hábitos saudáveis
  • Vigilância sanitária
  • Controle de epidemias
  • Garantia de acesso a serviços de saúde de qualidade

Além disso, a saúde pública envolve políticas de saneamento básico, campanhas de vacinação, programas de nutrição e ações educativas voltadas para a conscientização da população sobre a importância de manter um estilo de vida saudável.

Por meio dessas iniciativas, o Estado busca reduzir as desigualdades em saúde e assegurar que todos tenham condições de viver com dignidade e qualidade de vida.

O papel da OMS

As ações que formam a saúde pública também são acompanhadas de perto pelo Ministério da Saúde e, muitas vezes, coordenadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Essa entidade, que faz parte da ONU e conta com a participação de 194 países, tem como missão colaborar com os governos no combate a doenças, no desenvolvimento de vacinas e na promoção de práticas que melhoram a qualidade da alimentação, do ar e da água consumida globalmente.

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Como surgiu o conceito de saúde pública

O conceito de saúde pública tem suas origens nas primeiras civilizações, onde práticas de higiene e saneamento começaram a ser desenvolvidas.

Práticas nas civilizações antigas

Egípcios, gregos e romanos já reconheciam a importância de medidas coletivas para prevenir doenças, implementando sistemas de esgotos, aquedutos e banhos públicos.

Epidemias na Idade Média

Durante a Idade Média, o surgimento de epidemias como a Peste Negra destacou a necessidade de ações coordenadas para controlar a propagação de doenças. As autoridades começaram a implementar medidas de quarentena e isolamento.

Revolução científica

A revolução científica dos séculos 17 e 18 trouxe novos conhecimentos sobre as causas das doenças, especialmente com a descoberta dos microrganismos. Esse período viu o surgimento de práticas baseadas em evidências científicas, como a vacinação.

Século 19 e consolidação

No século 19, figuras como John Snow e Louis Pasteur solidificaram a importância da saúde pública. O movimento cresceu e se institucionalizou, levando à criação de políticas e programas governamentais focados na prevenção em larga escala.

Saúde pública atualmente

A saúde pública é um dos pilares fundamentais para o bem-estar coletivo e o desenvolvimento social. Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) atue como referência global na definição de diretrizes e políticas, a realidade da assistência à saúde varia amplamente de acordo com o contexto econômico, político e social de cada país ou região. Questões como financiamento, infraestrutura, gestão e acesso a profissionais qualificados influenciam diretamente a qualidade e a equidade dos sistemas de saúde no mundo.

O caso brasileiro

No Brasil, a saúde pública é estruturada em torno do Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal de 1988. O SUS é um dos maiores sistemas públicos e universais do planeta, garantindo acesso gratuito e integral a todos os cidadãos, sem distinção de renda, classe social ou localização.
Além da atenção hospitalar, o SUS também atua em prevenção de doenças, campanhas de vacinação, vigilância sanitária e programas de saúde da família, sendo essencial para a redução das desigualdades regionais e para a promoção da saúde coletiva.

O caso americano

Nos Estados Unidos, o modelo de saúde é predominantemente privado e baseado em seguros, o que faz com que o acesso dependa, em grande parte, da capacidade financeira dos cidadãos. Não existe um sistema público universal como o SUS, e os programas governamentais — Medicare (voltado a idosos) e Medicaid (destinado a pessoas de baixa renda) — cobrem apenas parcelas específicas da população.
Esse modelo resulta em desigualdades marcantes, com milhões de pessoas sem cobertura médica adequada e altos custos de atendimento. Por outro lado, o país é referência mundial em inovação tecnológica, pesquisa médica e infraestrutura hospitalar de ponta, o que evidencia um paradoxo entre excelência técnica e falta de equidade no acesso à saúde.

Evolução da saúde pública no Brasil

República Velha e saneamento

Durante a República Velha, o foco era o saneamento urbano para melhorar as condições de vida e sustentar a economia cafeeira.

Campanhas sanitárias

Nomes como Oswaldo Cruz se tornaram emblemáticos por campanhas contra a Febre Amarela e pela vacinação obrigatória contra a varíola.

Dependência das Santas Casas

Até a década de 1920, a população mais pobre dependia das Santas Casas de Misericórdia, com serviços ainda precários.

Modelo de Seguro Social

A partir da década de 1920, o Brasil adotou um modelo de Seguro Social, que beneficiava os contribuintes da Previdência, mas ainda deixava parte da população descoberta.

Constituição de 1988 e criação do SUS

Com a Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida como direito universal, levando à criação do SUS — um marco que democratizou o acesso à saúde no país.

O SUS visa universalizar o acesso aos serviços de saúde, garantindo que todos os brasileiros, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham direito a cuidados médicos de qualidade.

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Qual a relação do SUS com a saúde pública brasileira?

O SUS é garantido pela Constituição Federal e proporciona acesso universal ao sistema público de saúde.

Princípios constitucionais

  • Saúde como direito de todos
  • Justiça social e equidade
  • Inclusão universal

Reconhecimento internacional

O SUS é referência mundial em inclusão e democratização dos serviços de saúde, sendo reconhecido pela abordagem integrada e inclusiva.

Princípios da saúde pública

Os princípios que regem as ações do setor de saúde do Brasil são divididos em dois tipos: princípios doutrinários e princípios organizativos.

Princípios Fundamentais

  • Universalidade: a saúde é um direito de todos os cidadãos, e é dever do Estado garantir acesso igualitário a todos, sem discriminação com base em sexo, raça, ocupação ou outras características sociais.
  • Equidade: este princípio visa reduzir desigualdades, reconhecendo que diferentes pessoas têm necessidades distintas. Equidade implica em distribuir recursos de forma justa, priorizando onde há maior carência.
  • Integralidade: considera o indivíduo como um todo, abrangendo desde a promoção da saúde até a reabilitação, integrando ações preventivas e curativas. Além disso, pressupõe a coordenação com outras políticas públicas para garantir uma abordagem interdisciplinar que promova a saúde e melhore a qualidade de vida.

Princípios Organizacionais

  • Regionalização e Hierarquização: organização dos serviços em diferentes níveis de complexidade, adaptados às necessidades epidemiológicas e geográficas de uma região específica. A regionalização visa integrar os serviços existentes sob um comando unificado, enquanto a hierarquização define os níveis de atenção de acordo com a complexidade do caso e os recursos disponíveis.
  • Descentralização e Gestão Única: transferência de responsabilidades e recursos entre os diferentes níveis de governo para garantir melhor qualidade dos serviços e controle cidadão. A descentralização implica capacitar os municípios com autonomia gerencial, técnica, administrativa e financeira. O princípio da gestão única assegura que cada esfera de governo possua autonomia em suas decisões, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade.
  • Participação Popular: incentiva o envolvimento contínuo da sociedade na gestão do sistema de saúde. Conselhos e conferências de saúde são criados para formular estratégias, monitorar e avaliar a implementação das políticas de saúde, promovendo uma gestão mais democrática e responsiva às necessidades da população.

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A saúde pública é fundamental para garantir acesso a serviços básicos para todos os brasileiros, por isso, está em constante renovação, sempre tentando evoluir para melhorar sua estrutura.

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