Mais uma especialidade foi incluída aos 153 anos de história da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tratamento e transplante de fígado agora serão realizados pelo Instituto do Fígado, inaugurado nesta última sexta-feira (15), com atendimento 100% SUS (Sistema único de Saúde).
A unidade oferece 32 leitos, sendo 24 de enfermaria e oito de UTI, e pretende implantar outros oito nos próximos meses. ?Mais do que o número de leitos, o Instituto é um conceito de qualidade e humanização. Ele contempla profissionais especializados de todas as áreas e possui qualidade comparável a qualquer outro lugar do mundo?, ressalta Ben-Hur Ferraz Neto, diretor do projeto e um dos mais renomados profissionais nessa área, tendo atuado durante oito anos no Hospital Albert Einstein.
De acordo com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, presente durante a inauguração, a expectativa é de que o Instituto realize cerca de 100 transplantes este ano, 200 para o próximo e 300 em 2015. O empreendimento será fundamental, segundo Padilha, para que o número de transplantes no País continue crescendo. Com 23 mil transplantes, o Brasil bateu o recorde mundial do procedimento em 2012, aumentando em 47% na região Norte e 28% Nordeste.
Investimentos
Os grupos Rubaiyat e Votorantim doaram cerca de R$ 4 milhões para a construção do Instituto, que objetiva ?modificar a história do tratamento das doenças hepáticas no país?, segundo Rubens Ermírio de Moraes, o presidente do Hospital.
Para cada transplante de fígado, o governo remunera R$ 68 mil, e em casos mais complexos, como os que serão realizados no Instituto, desembolsa 60% a mais. ?Isso é um estímulo para esse tipo de centro especializado?, diz Padilha.
Ben-Hur afirma que o paciente SUS terá a mesma chance de sobreviver e curar-se de um doente privado europeu ou americano. Os médicos especializados em doenças hepáticas da Beneficência uniram-se para atender a unidade e outros foram associados.
O Brasil conta com uma série de hospitais referência em transplantes como Albert Einstein, Hospital das Clínicas, Escola Paulista de Medicina, entre outros, mas Ben Hur acredita que uma organização desse porte em número de leitos para o fígado é o grande diferencial da unidade.
Apesar da ambiciosa expectativa, a fila única de espera para transplantes tende a diminuir somente se o número de doadores aumentarem, portanto, o incentivo para que isso aconteça se faz fundamental diante da modernização dos centros de transplantes brasileiros.
Tecnologia de ponta
O Instituto do Fígado conta com um aparelho inédito no Brasil, o GPS do fígado, usado em cirurgias para extração de câncer, mesmo os iniciais. O aparelho permite ao cirurgião visualizar o órgão em três dimensões, além de conseguir retirar tumores a partir de cortes com um centímetro de diâmetro, com precisão. Dependendo da localização do câncer, é possível que o procedimento seja feito com pequenos cortes com o diâmetro de uma agulha.
Infraestrutura
A Beneficência Portuguesa atua em mais de 60 especialidades médicas e está ampliando e modernizando seu centro cirúrgico. O Hospital também possui o maior banco de sangue privado da América Latina, o que é essencial para a realização de transplantes. Atualmente, atende 250 doadores por dia, recebendo aproximadamente 30 mil doações por ano.
Com uma área total de 143 mil metros quadrados, a Instituição possui 1.920 leitos, 233 destinados à UTI, 52 salas de cirurgia, moderno setor de diagnóstico, pronto-socorro e ambulatório. Tudo isso possibilita a realização, anual, de 34 mil cirurgias, sendo oito mil cardíacas, e cerca de 4,5 milhões de exames.