As tecnologias blockchain e de identidade digital descentralizada são a base de um projeto pioneiro na área de saúde desenvolvido pelo CPQD em parceria com o MilSênior, hub de tecnologia e inovação do grupo MedSênior, que contou com o apoio da EMBRAPII.

O principal resultado do projeto foi o produto mínimo viável (MVP) de uma plataforma de dados, em blockchain, que inclui informações relacionadas à saúde de pacientes e tem como objetivo facilitar o compartilhamento seguro de dados e a portabilidade entre instituições de saúde diferentes.

A MilSênior quer estimular a adesão de outros participantes à nova solução, que foi testada internamente, por três meses, na própria operadora de saúde do grupo. “O diferencial do projeto está na validação da solução em ambiente real, usando a operadora como primeiro case”, ressalta Thiago Maia, líder de Tecnologia e Operação de Saúde do MilSênior. “Mas essa é uma iniciativa de interesse público, com foco na melhoria do atendimento aos usuários, e por isso a ideia é que outras organizações também participem”, acrescenta.

Maia explica que o registro de dados em uma rede blockchain é importante para a operadora de saúde conhecer a realidade, graças à disponibilidade de informações confiáveis, em tempo real e de forma estruturada. “Isso permite evitar disparidades e desperdícios na prestação de serviços de saúde, além de contribuir para a tomada de decisões mais assertivas”, afirma. Já para o usuário do serviço, a principal vantagem é o controle do acesso aos seus dados – cadastrais e médicos – proporcionado pela tecnologia de identidade digital descentralizada. 

José Reynaldo Formigoni, gerente de Soluções Blockchain do CPQD, destaca que o sistema foi estruturado com base no conceito de Open Health, de modo a facilitar o compartilhamento seguro de dados do usuário – dono da informação – entre os participantes da rede blockchain. “Assim, se o usuário mudar de operadora de saúde, poderá levar os seus dados, como resultados de exames e histórico médico, para o novo prestador de serviço”, explica.

Segundo Formigoni, as autorizações dadas pelo usuário para compartilhamento de seus dados pessoais, assistenciais e laboratoriais ficam armazenadas, de forma criptografada, em uma rede blockchain permissionada Hyperledger Fabric. Os dados só podem ser acessados pelos diferentes atores do sistema com o consentimento do paciente, conforme prevê a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

Além disso, o projeto conduzido pelo CPQD incluiu o desenvolvimento da solução de identidade digital descentralizada – para pacientes, colaboradores da operadora e terceiros – e da carteira digital, bem como a governança dessa Rede Descentralizada de Dados em Saúde (RDDS).

Thiago Maia conta que, na prova de conceito realizada internamente na MedSênior, foram utilizadas informações criptografadas de exames laboratoriais de pacientes atendidos pela operadora. “A ideia é incluir no banco de dados também resultados de exames de imagem, receituários médicos, comorbidades e informações referentes a internações de pacientes, de forma a ampliar o conhecimento sobre seu histórico de saúde.

Além disso, a iniciativa prevê a disponibilidade de acesso do usuário ao sistema e a abertura da Rede Descentralizada de Dados em Saúde para a entrada de outros players”, conclui o executivo.