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Os edifícios do futuro devem ser inteligentes - mas quem é responsável por construí-los?

Article-Os edifícios do futuro devem ser inteligentes - mas quem é responsável por construí-los?

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As novas ferramentas digitais demandam atualização do conhecimento técnico e vêm transformando o perfil de quem constrói, mantém e gerencia prédios inteligentes e sustentáveis

Muito se fala sobre a crescente demanda por edifícios inteligentes, sobretudo na área da Saúde, em que a eficiência energética é primordial para a sobrevivência de pacientes e, também, dos negócios do setor. Mas a estimativa de que 30% da energia mundial é consumida por edifícios levanta um alerta sobre a urgente necessidade de construí-los de forma sustentável.

Mas apesar de os conceitos de sustentabilidade e inteligência se entrelaçarem, eles não significam a mesma coisa. De acordo com João Salgueiro, líder da área de Sustentabilidade da Schneider Electric, as chamadas construções verdes devem ser pensadas antes mesmo da implementação de sistemas inteligentes. “O primeiro passo é entender como a gente concebe esses empreendimentos. A Schneider, por exemplo, utiliza-se de ferramentas digitais, como o Building Information Modelling, para desenvolver e planejar a obra. Isso faz com que eu tenha melhor controle, evite desperdícios de materiais e possa antecipar problemas que vão acontecer no desenvolvimento dessa construção, reduzindo o grande volume de recursos e perdas", explica o especialista.

A partir do momento que a obra já foi planejada e projetada de forma sustentável, aí sim, utilizando as ferramentas digitais, é hora de implementar os sistemas inteligentes, como iluminação e ar condicionado eficientes, controle de acesso e outras medidas que permitirão uma performance energética otimizada.

Edifícios sustentáveis não precisam ser necessariamente novos. Até 2030, por exemplo, 80% das construções que estarão operando nesse modelo já existem. A solução, portanto, é retrofitar esses prédios, agregando ferramentas de automação para melhorar o desempenho operacional do edifício. Isso se aplica não só para hospitais, como para todos os tipos de edificações.

Mãos à obra. Mas quem?

Com o setor de construção em progresso, caminhando para a transformação digital, é de se esperar que a força de trabalho também se adapte às novas realidades provocadas pelas inovações tecnológicas e pelas demandas da sociedade. Se há até pouco tempo o conhecimento técnico não levava tanto em conta os impactos ambientais, atualmente, o cenário é outro. Por exemplo, um engenheiro elétrico, que antes participava apenas do projeto, hoje está mais presente na manutenção e precisa conhecer bem as novas ferramentas digitais, além de entender sobre eficiência energética e uma série de conceitos de sustentabilidade.

O perfil de outros profissionais também mudou. “Estamos falando de arquitetos, engenheiros, profissionais de TI, de gestão, de hotelaria, de segurança cibernética, entre outros. Vamos ter inúmeros aparelhos conectados, trocando muita informação. Precisamos de gestores de energia para manter a performance energética, dialogar com todos os fornecedores para um prédio funcionar. Temos vários fornecedores terceirizados, que devem pensar da mesma forma que o dono do empreendimento”, conta João Salgueiro.

Para chegar ao novo perfil de profissionais – abertos às inovações tecnológicas e mais conscientes sobre as escolhas para um edifício do futuro – a formação técnica precisou se atualizar e vem se transformando constantemente. “A educação tem mudado muito. É uma vasta linha de conhecimento hoje, para que esses profissionais possam interagir e ter o devido preparo para operar dentro de um cenário de um hospital com máxima segurança, performance energética e onde queremos colocar as melhores práticas de ESG.”

No entanto, nem sempre os novos papéis estão claros nas instituições. Mas isso não ocorre por demérito delas.

O especialista da Schneider Electric dá como exemplo o gestor de energia: “Essa figura não é clara para várias organizações, mesmo para as industriais. Não é uma profissão reconhecida por um Ministério da Educação, por exemplo. Então, em alguns momentos, são profissionais de diferentes áreas que têm de exercer a função, mas não necessariamente têm reconhecimento ou divisão clara. Pode ser alguém oriundo da manutenção ou da engenharia a ocupar esse tipo de posição.” Para Salgueiro, há inúmeras oportunidades de desenvolvimento de habilidades dentro das construções inteligentes e sustentáveis.

Comitê de sustentabilidade

Para garantir que uma empresa possua condições estruturais sustentáveis – e que assim se mantenha– são formados comitês, que visam o monitoramento e o aprimoramento dessas premissas dentro da instituição. “O comitê de sustentabilidade é a instância mais alta, onde se estabelece a governança e se tomam as decisões, por exemplo, sobre os temas mais relevantes para aquela empresa, onde ela deve atuar, onde desenha as estratégias e acompanha a sua evolução, e também como vai divulgar tudo isso para o público de interesse. O comitê vai desdobrar esses tópicos, mostrar o que é importante para a alta liderança”, conta João Salgueiro.

A inexistência de um comitê de sustentabilidade, segundo o especialista, coloca em xeque a capacidade de a empresa executar as propostas de sustentabilidade.

Por fim, é importante ressaltar que o comitê deve ser multidisciplinar. “Precisamos ter pessoas de diferentes setores. Alguém que é de meio ambiente, segurança, de produção, da área financeira para mensurar os riscos e avaliar os investimentos necessários… precisamos ter o máximo de representatividade para conseguir uma boa sinergia entre as áreas”, explica Salgueiro.