Uma pesquisa inédita realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Instituto Datafolha revela que 87% dos brasileiros consideram os médicos como os profissionais que mais necessitam de comprovação de atualização profissional.

O levantamento avaliou a percepção da população sobre a importância da comprovação de atualização para seis profissões, utilizando uma escala de 0 a 10. Considerando as notas 9 e 10, os médicos ocuparam o primeiro lugar (87%), seguidos por:

  • Médicos (87%)
  • Pilotos de avião (82%)
  • Jornalistas (75%)
  • Engenheiros (74%)
  • Advogados (71%)
  • Arquitetos (68%)

Certificação médica: Obrigatória ou opcional?

A pesquisa também revelou que 76% dos entrevistados acreditam que deveria ser obrigatória a atualização do certificado para médico especialista no Brasil. Apenas 16% consideram que essa atualização deveria ser opcional, 5% acham desnecessária e 2% não souberam responder. Esses índices são semelhantes entre as cinco regiões do país e entre áreas metropolitanas e interior.

O Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, destacou a preocupação com a qualificação dos médicos no país. Segundo ele, o Brasil possui aproximadamente 600 mil médicos, com 40 mil novos profissionais se formando anualmente. Em breve, o país terá mais de um milhão de médicos, superando proporcionalmente países como Estados Unidos, França, Inglaterra e Canadá.

“Temos médicos que estão saindo com muitas deficiências das escolas. Não por culpa deles, claro, mas por culpa do aparelho formador. Por isso somos favoráveis à criação de um exame de proficiência para os graduados em Medicina, nos moldes do exame da OAB”, explica o Dr. César.

O risco da expansão acelerada das escolas de medicina

O presidente da AMB alerta para o crescimento desenfreado das escolas médicas no país:

“Há 440 escolas de medicina, mais 95 escolas autorizadas a abrir, em municípios pequenos, e cerca de 190 com processo judicial com ganho de causa. Chegaremos em breve a mais de 700 escolas de medicina, o que é um descalabro total. O Brasil já é o segundo país com mais escolas médicas do mundo, só perde para a Índia, que tem 600, mas com uma população 6 vezes maior que a nossa.”

O Dr. Florisval Meinão, secretário geral da AMB, alerta que profissionais mal formados podem ter dificuldades para estabelecer diagnósticos corretos. “Ao fazer diagnósticos equivocados, ele irá oferecer tratamentos equivocados, pedir mais exames, onerar o sistema público e privado de saúde. Então certamente a má formação médica e falta de atualização e certificação pode oferecer riscos à população.”

Informações sobre qualificação médica

O estudo também revelou que 64% dos entrevistados procurariam informações sobre a qualificação do médico especialista antes de marcar uma consulta, caso estejam disponíveis. Destes, 31% buscariam para todas as consultas e 33% para algumas especialidades. O Centro-Oeste apresentou o menor índice de intenção de busca de informações (56%).

Metodologia da pesquisa

O estudo foi realizado no final de março de 2025 com a população de 16 anos ou mais de todas as classes econômicas. Foram realizadas 2.002 entrevistas em 113 municípios brasileiros, sendo 40% em regiões metropolitanas das capitais e 60% no interior. A amostra é representativa da população brasileira com 16 anos ou mais (166,485 milhões de habitantes – PNAD 2023/Estimativa IBGE 2024), com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

A amostra é composta por 52% de mulheres e 48% de homens, com média de idade de 43 anos. Quanto à escolaridade, 22% cursaram o nível superior, 45% chegaram ao ensino médio e 34% ensino fundamental. Em relação à classe econômica, 25% pertencem às classes AB, 47% à classe C e 29% às classes DE.

Os índices relacionados à importância da comprovação da atualização profissional, obrigatoriedade da atualização do certificado médico para especialista e busca de informações sobre a qualificação dos médicos são mais altos entre os entrevistados com maior escolaridade e renda, entre os economicamente ativos e os que têm plano ou seguro de saúde.

Fonte: Associação Médica Brasileira (AMB)

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