A tecnologia poderá imprimir no futuro órgãos como rim, fígado e enxertos cardíacos, o que diminuirá a necessidade de doação de órgãos e também o índice de rejeição e infecção. Trata-se da bioimpressora 4D, Dr. Invivo da Rokit, cuja primeira licença concedida pela Anvisa no Brasil é para tratar lesões de pele, feridas mais complexas, como úlceras do pé diabético, queimaduras, câncer de pele, entre outras.
“Essa é uma tecnologia de ponta, inovadora, e que vai ajudar milhares de pessoas. Neste primeiro momento, vamos evitar muitas amputações, principalmente em pacientes portadores de pés diabéticos e com feridas de difícil tratamento. A princípio, ela está disponível para a rede privada, mas esperamos que em breve seja ofertada a pacientes do SUS também, pois o tratamento tem um ótimo custo-benefício e trará uma grande economia ao governo”, explica Dr. Maurício Pozza, sócio-proprietário da 1000Medic, empresa responsável por trazer a tecnologia para o Brasil.
Ele explica que ao compararmos a eficácia da bioimpressora com os tratamentos utilizados atualmente, a diferença é muito grande. “Um estudo realizado nos EUA, por exemplo, mostrou que a terapia de regeneração tissular com Dr. Invivo custa menos que os tratamentos convencionais existentes. Além disso, os resultados são mais rápidos, a cicatrização total das feridas em mais de 85% dos pacientes tratados aconteceu em apenas 30 dias.”
Ele comenta também que, em muitos casos, não existe atualmente outra opção que não seja a amputação. Além disso, feridas tratadas de forma convencional têm um tempo de tratamento, quando efetivo, de 6 meses, aproximadamente. Com isso, o paciente passa por longos períodos sem um resultado efetivo, com internações prolongadas e de alto custo. Tudo isso impacta a sociedade como um todo.
Além disso, Pozza explica que com essa tecnologia o paciente poderá voltar a vida ativa mais rapidamente, além de economizar com procedimentos cirúrgicos recorrentes, uso de próteses e diversos outros custos relacionados, como reabilitação, uso de medicações, longos períodos de internação, etc.
Como é feita a bioimpressão dos tecidos
O primeiro passo é fazer um debridamento do ferimento, ou seja, é retirado todo o tecido necrosado. Depois, tira-se uma foto dessa ferida com o auxílio de um Ipad que possui um software 4D, ele mede todas as dimensões do ferimento. Em seguida, a foto é enviada para a bioimpressora.
O próximo passo é fazer uma pequena lipoaspiração da região abdominal do paciente, onde está o tecido adiposo rico em células-tronco. Esse tecido é microfiltrado e logo em seguida é misturado com uma cola natural de fibrina.
Para produzir o curativo biológico, um reagente é introduzido na impressora e dá origem à base do tecido, na sequência o material com as células-tronco é adicionado para formar o curativo. Esse curativo biológico fica pronto em cerca de 7 minutos. Assim que estiver pronto já é colocado em cima da ferida, que permanece fechada por 30 dias, tempo necessário para acontecer a cicatrização. Todo processo cirúrgico dura em torno de 30 minutos.
Onde o tratamento é realizado
Inicialmente, os kits de tratamento para a confecção do adesivo biológico estarão disponíveis nos hospitais detentores da bioimpressora. Os hospitais e clínicas que quiserem adquirir a impressora e os kits poderão fazê-lo por meio da 1000medic, distribuidora exclusiva do equipamento no Brasil. Atualmente, três casos foram tratados em Pato Branco para demonstração à equipe no Hospital Thereza Mussi e o equipamento já está sendo disponibilizado para uso comercial em todo o Brasil.
No futuro próximo, a ideia é que tenham distribuidores nas quatro regiões do Brasil para atender casos selecionados.