Mais de 2 milhões de mulheres são diagnosticadas com câncer de mama anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde, com um aumento preocupante entre as mais jovens. Avanços no diagnóstico e tratamento, especialmente nas inovações cirúrgicas, estão permitindo personalizar os cuidados e melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes. A Dra. Sarah McLaughlin, cirurgiã oncológica de mama e presidente do Departamento de Cirurgia da Mayo Clinic, destaca alguns dos tratamentos mais avançados para combater a doença. 

Cirurgias menos invasivas 

O tratamento do câncer de mama frequentemente envolve cirurgia para remover o tumor, geralmente combinada com radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal ou terapia direcionada

Existem duas principais opções cirúrgicas para o tratamento do câncer de mama: a lumpectomia, que remove o tumor junto com uma margem de tecido saudável, e a mastectomia, que remove toda a mama. “Ambas as opções proporcionam recuperações cada vez melhores”, explica a Dra. McLaughlin. Técnicas modernas de mastectomia, por exemplo, preservam a pele, mamilos e aréolas, quando possível. Nas lumpectomias oncoplásticas, os cirurgiões realizam incisões distantes do tumor e reconstroem a mama para preservar a estética. 

Um dos maiores avanços está na redução do linfedema, um inchaço dos tecidos devido à remoção dos linfonodos. Técnicas como o mapeamento axilar reverso permitem ao cirurgião preservar os linfonodos que drenam os braços, removendo apenas os que drenam a mama. Em casos de remoção extensa, a reconstrução do sistema linfático também é uma opção. “Nosso objetivo é minimizar ao máximo o impacto dessas complicações”, afirma a Dra. McLaughlin. 

Reconstrução com tatuagem 3D 

A reconstrução mamária, seja com tecidos próprios ou implantes, visa restaurar a aparência natural das mamas. Após a cirurgia, muitas pacientes optam pela reconstrução do mamilo e aréola, que pode ser feita com tecido da própria paciente ou tatuagem 3D. Esse procedimento utiliza pigmentos que combinam com o tom de pele da paciente, conferindo um aspecto natural à mama reconstruída. 

Inteligência artificial e biomarcadores 

A inteligência artificial (IA) tem sido uma aliada na detecção precoce do câncer de mama em mamografias de rotina. Com ela, é possível interpretar mamografias com maior precisão, avaliando, por exemplo, a densidade mamária e o risco associado. Além disso, ferramentas de IA identificam microvasos sanguíneos invisíveis a olho nu, o que auxilia na distinção entre tumores benignos e malignos. 

Em um estudo recente da Mayo Clinic, o uso dessas tecnologias em exames de ultrassom resultou em quase 100% de precisão na identificação de tumores malignos. Pesquisas também investigam o uso de amostras de sangue coletadas durante mamografias para detectar sinais precoces de câncer, oferecendo novas perspectivas para o aprimoramento da triagem. 

Testes genéticos 

Embora apenas 5% dos casos de câncer de mama estejam ligados a mutações genéticas, os testes genéticos têm se tornado fundamentais na prevenção e diagnóstico precoce. Testes avançados, que identificam mutações de alto risco como BRCA1 e BRCA2, permitem uma vigilância mais intensiva, com ressonâncias magnéticas e monitoramento precoce, evitando diagnósticos tardios e possibilitando, em alguns casos, cirurgias profiláticas. 

“É crucial que pacientes já diagnosticadas realizem testes genéticos”, afirma a Dra. McLaughlin. “Isso não só orienta o tratamento, mas também pode ajudar familiares a adotarem medidas preventivas se carregarem a mesma mutação.” 

Sobrevivência e qualidade de vida 

Com os avanços no tratamento, as pacientes com câncer de mama estão vivendo mais, e as questões de sobrevivência a longo prazo se tornam cada vez mais relevantes. “Nosso objetivo é realizar o mínimo de intervenções com o maior sucesso possível, garantindo a sobrevivência e a qualidade de vida”, conclui a Dra. McLaughlin. 

A escolha do melhor tratamento deve ser feita em conjunto com a equipe médica, considerando o estágio do câncer, as preferências pessoais e a saúde geral da paciente.