Segundo a última edição da Demografia Médica no Brasil – levantamento realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Faculdade de Medicina da USP –, a partir deste ano, mulheres já serão a maioria na medicina. A projeção aponta para 50,2% de médicas em 2024. Em 2022, as doutoras eram 48,6%, o que constata a feminilização progressiva da profissão. Na SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, uma das entidades mais tradicionais do país, este cenário está sendo espelhado. Maria Cristina Izar assume, nesta sexta-feira (23/02), em Sessão Solene, o cargo executivo máximo para o biênio 2024/2025 dando prosseguimento ao trabalho desenvolvido por Ieda Jatene, segunda mulher presidente da sociedade.

Cristina Izar é especialista em dislipidemias e dislipidemias genéticas, considerada uma das pesquisadoras mais relevantes nesta área. Graduada pela USP de Ribeirão Preto e com residência em clínica médica e cardiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, possui doutorado em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo, onde é professora adjunta livre docente.

Como integrante da diretoria anterior, Cristina já está engajada nos principais programas da SOCESP.  Ela pretende priorizar o Projeto Infarto, realizado há mais de dez anos em parceria com o COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) e com a Secretaria Estadual de São Paulo. Trata-se de uma iniciativa para padronizar o socorro ao paciente infartado, definindo fluxos, métricas e validando protocolos, com o objetivo de diminuir fatalidades cardíacas. “As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes no país. Precisamos reduzir estes números”, enfatiza a nova presidente. “O Projeto Infarto tem este papel: contempla, entre outras iniciativas, treinamentos ministrados por nossos especialistas para equipes da linha de frente dos hospitais públicos do Estado.”

Uma das últimas ações do projeto foi a instalação da “sala vermelha” no Hospital do Mandaqui, zona norte da capital, espaço equipado com DEA (desfibrilador cardiovascular), eletrocardiograma e um tele-eletrocardiograma conectado ao Hcor, permitindo o suporte, por telemedicina, aos atendimentos emergenciais. “Quando o sistema público de atendimento está organizado o índice de morte por infarto fica entre 6% e 7%. Em vários hospitais do Estado ainda temos índices muito elevados, representando o dobro e até o triplo destes números”. Em estatísticas da Anahp, que reúne cerca de 150 hospitais privados, o índice de morte por infarto está em 5%. Na França e Japão, com assistência ágil de ambulância e angioplastia primária, a porcentagem de óbito é ainda menor: 2,5%. “A SOCESP seguirá parceira da saúde pública de São Paulo para reduzir as mortes por infarto”, completa a nova presidente.

O sucesso do Projeto Infarto inspira a nova presidente a amplificar um programa similar, mas voltado à insuficiência cardíaca (IC), doença que afeta 64 milhões no mundo e que hoje conta com importantes avanços no seu controle. “A ideia é que o Projeto IC atue intensificando campanhas de conscientização para a doação de órgãos e funcione como um serviço de informações sobre a doença, treinamentos, além de engajar pacientes e familiares em grupos de cuidados paliativos, a fim de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e fomentar pesquisas na área.”

A prevenção seguirá sendo a linha-mestra da SOCESP sob a gestão de Cristina Izar. “A SOCESP também se alinha a propostas ligadas à prevenção primordial da doença cardiovascular”. Prestar esclarecimento sobre questões de saúde, de acordo com datas temáticas, é tradição da entidade, que fala diretamente à população sobre doenças específicas e seus fatores de risco: Dia da Hipertensão, Dia do Combate ao Colesterol, Dia Mundial sem Tabaco, Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca, Dia Mundial do Sono, Dia Mundial da Atividade Física, Dia Mundial da Obesidade, Dia Mundial do AVC, Dia Mundial do Diabetes e Dia do Coração são alguns exemplos.

O grupo SOCESP Mulher seguirá sua trajetória de valorização das cardiologistas e das demais profissionais de saúde. Atualmente elas têm ampla presença na casa: estão à frente de metade dos departamentos e são maioria em praticamente todos eles.

 

Regionais e Departamentos mais integrados

Outra prioridade da nova gestão é intensificar a participação das 19 Regionais da SOCESP (ABCDM, Santos, Vale do Paraíba, Osasco, Sorocaba, Jundiaí, Campinas, Piracicaba, Araras, Botucatu, Bauru, Marília, Presidente Prudente, São Carlos, Araraquara, Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto e Araçatuba) nas decisões e projetos da entidade. Todas elas, inclusive, começam o ano com novos coordenadores gerais.  “Desde sua criação, a SOCESP teve como meta a descentralização, chamando os representantes das sucursais tanto para apresentar os problemas de suas regiões como para contribuir com as melhores soluções”, diz.

Outro exemplo são os 8 Departamentos (Enfermagem, Psicologia, Nutrição, Farmacologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social e Educação Física e Esporte) criados para promover o debate multissetorial sobre saúde cardiovascular, além do Grupo de Estudos de Cuidados Paliativos. “Vamos seguir nos apoiando nesses profissionais para realizar um trabalho integrativo e nem poderia ser diferente: as doenças do coração também são multifatoriais.”

Para a nova presidente, a SOCESP ganha o respeito da comunidade médica nacional e internacional justamente por esta visão que transcende o nicho da cardiologia. “Nossos congressos têm a adesão de cardiologistas de todos os estados.” No ano passado, 45% dos congressistas eram de fora de São Paulo. “Fomentamos o intercâmbio científico internacional e inter-regional porque acreditamos que nossa prática só ganha com esta pluralidade. Na última edição do congresso foram quatro simpósios, três promovidos em parceria com organizações internacionais: American College of Cardiology, International Atherosclerosis Society, Duke University.

Conheça a nova diretoria da SOCESP 2024/2025, que tem ao lado de Cristina Izar, Valdir Ambrosio Moises, como vice-presidente:

1ª secretária – Lilia Nigro Maia

2º secretário – Marcelo Franken

1ª tesoureira – Salete Aparecida da Ponte Nacif

2º Tesoureiro – Alexandre Abizaid

Diretor de Publicações – Luis Henrique Wolff Gowdak

Diretor de Qualidade Assistencial – Renato Azevedo Júnior

Diretor Científico – Miguel Antonio Moretti

Diretor de Comunicação – Agnaldo Piscopo

Diretor de Relações Institucionais e Governamentais – Henry Abensur

Diretor de Regionais – Jorge Zarur Neto

Diretor de Promoção e Pesquisa – Andrei Carvalho Sposito

Diretor do Centro de Treinamento em Emergências – Elton Scuro

Coordenador do Centro de Memórias – Alberto Francisco Piccolotto Naccarato

Coordenador do Centro de Memórias – Ronaldo Fernandes Rosa 

Coordenadores do Projeto Insuficiência Cardíaca – Dirceu Rodrigues Almeida, Múcio Tavares de Oliveira Junior e João Manoel Rossi Neto

Coordenadores do Projeto Infarto – Antonio Claudio do Amaral Baruzzi, Pedro Ivo de Marqui Moraes e Roberta Saretta

Coordenadoras do Projeto SOCESP Mulher – Maria Teresa Nogueira Bombig e Auristela de Oliveira Ramos