O Instituto do Coração (InCor) do HCFMUSP foi o grande vencedor do prêmio “George Moody Physionet Challenge 2024“, realizado em Karlsruhe, Alemanha. A competição, de nível internacional, reuniu 56 equipes de diversos países, todas dedicadas a desenvolver algoritmos para digitalizar e classificar eletrocardiogramas (ECGs) capturados por meio de imagens ou impressões em papel. 

Apesar dos avanços nos dispositivos digitais, os ECGs em formato físico ainda são amplamente usados, especialmente em regiões ao sul do equador, o que torna fundamental o desenvolvimento de soluções inovadoras baseadas em inteligência artificial (IA) para melhorar o diagnóstico e o tratamento de doenças cardiovasculares em áreas com acesso limitado a tecnologias avançadas. 

Algoritmo de IA do InCor 

O InCor se destacou ao criar um algoritmo de IA capaz de identificar automaticamente 11 tipos de arritmias a partir de imagens de ECGs em 12 derivações. A solução permite a interpretação tanto de exames digitais quanto de registros em papel digitalizados, como fotos, oferecendo maior precisão no diagnóstico e otimizando o tratamento de doenças cardiovasculares em populações com menor acesso a cuidados médicos. 

Para Marco Antonio Gutierrez, diretor de TI do InCor, essa conquista marca um momento importante para a instituição: “Nosso avanço em inteligência artificial demonstra o potencial de inovação do InCor. Desenvolvemos uma solução eficiente que pode revolucionar o diagnóstico de arritmias, especialmente em locais com menos acesso a tecnologia de ponta.” 

A tecnologia criada pelo InCor utiliza técnicas avançadas de processamento de sinais e aprendizado profundo, permitindo que o algoritmo aprenda com grandes volumes de dados de ECGs. O modelo foi pré-treinado em diversas bases de dados e ajustado para interpretar exames digitalizados, atingindo uma média harmônica entre precisão e sensibilidade de 81,7% para todas as arritmias no conjunto de validação. Em arritmias mais comuns, como fibrilação atrial e flutter atrial, o desempenho foi ainda melhor, com uma taxa de acerto de 91,5%. A ferramenta visa auxiliar os médicos com uma solução acessível e precisa, que reduz erros humanos e acelera o processo de diagnóstico. 

Impacto no futuro da medicina cardiovascular 

Gutierrez também enfatizou o impacto transformador dessa tecnologia no futuro da medicina cardiovascular: “Com esse algoritmo, oferecemos uma solução que pode ser utilizada globalmente, inclusive em regiões que ainda dependem de ECGs em papel. Essa tecnologia tem o potencial de transformar a prática clínica, proporcionando diagnósticos mais rápidos e precisos, mesmo em locais com recursos limitados.” 

O uso da inteligência artificial no projeto do InCor evidencia como a tecnologia pode ser uma poderosa aliada no setor da saúde, promovendo maior equidade no acesso a diagnósticos de qualidade e ampliando o impacto positivo nos cuidados cardiovasculares.