Com o avanço da epidemia do vírus H1N1 no país, hospitais do Rio de Janeiro e de São Paulo estão registrando alta de até 50% na demanda por atendimento emergencial. A situação alarmante tem feito com que operadoras de planos de saúde e cooperativas médicas planejem repassar esses custos ao consumidor. Em entrevista ao portal, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro, Henrique Oti Shinomata, afirma que para isto acontecer é preciso desenvolver um estudo de sinistralidade junto a ANS.
Saúde Business Web: Apesar de operadoras e cooperativas se manifestarem perante o aumento significativo no número de atendimentos, com a pandemia, os custos nos planos de saúde serão impactados?
Henrique Oti Shinomata: Pode haver impacto, sim. Porém vai impactar mais nos planos coletivos empresariais, já os individuais têm a proteção do governo que, em primeira instância, não está sinalizando grandes problemas. Acredito que há uma tendência de que a gripe suína não vai gerar o impacto anunciado porque o que está aumentando é apenas as consultas. Na verdade, o que está acontecendo de grave é que muitas pessoas estão sendo internadas e ficam de quarentena e está situação reflete na ocupação total dos leitos hospitalares. Em Salvador (BA), por exemplo, a população já sofre por falta de UTIs e com a gripe A (H1N1) as unidades se encontram numa situação ainda pior e, justamente por isso, muitos hospitais passaram a utilizar a prática da internação só com a certeza de que a pessoa está contaminada pelo vírus em questão. No geral está acontecendo que a severidade da gripe suína não está sendo tão alta, mas pode ser que em certas operadoras de planos de saúde aconteceram casos pontuais, talvez por isso a manifestação perante o aumento de atendimentos.  
SBW: Ainda assim, alguns grupos anunciaram que vão pleitear reajustes maiores no próximo ano, da mesma forma que foi feito na época da dengue. Caso haja reajuste, de que maneira será calculado?
Shinomata: Com certeza irá acontecer um estudo sobre a sinistralidade. Agora, ainda assim a mortalidade da doença está sendo igual a uma gripe sazonal. Está morrendo muito pouca pessoas para que se tenha uma internação na UTI como está se divulgando! Por enquanto as estatísticas mostram que não vai ser uma coisa elevada, está apenas no começo e o que precisa é ter uma análise de como será a série histórica do vírus. O estudo que mencionei só poderá ser realizado após essa série histórica que deve acontecer no período de um ano. Aumentou número de consultas e exames, mas esse mesmo número pode se diluir ao longo do tempo. Se realmente for provado que os custos aumentaram, é justo que haja um reajuste adequado para esse custo. E, isso será possível de saber apenas quando as despesas forem maiores que a receita. No caso da dengue muitas operadoras de planos de saúde não tiveram o aumento de reajuste esperado, e deve ficar claro que a dengue complica muito mais que a gripe. Nessa época, muitas operadoras não correu na sua planilha de custo um aumento significativo, algumas sim, mas não dá para generalizar. O que precisa ser feito é as operadoras se profissionalizarem no sentido de ter número estatísticos para fundamentar o seu plano de reajuste perante aos órgãos governamentais, não adianta achar, tem que provar, quem vai sentir vai ser o cidadão e por isso não se pode brincar.
SBW: Na sua opinião, o que deveria ser proposto a ANS?
Shinomata: Que houvesse reajuste escalonado para que o segurado não seja prejudicado com ao aumento excessivo. Hoje, as negociações tem plano de conta com a ANS de que todo mês é necessário passar a informação de quanto foi seus dados contábeis e, a partir destes dados, a agência reguladora vai acompanhando a saúde financeira da operadora. Para isso, a ANS está cada vez mais se profissionalizando e com dados cada vez mais precisos para argumentar se realmente houve aumento nos custos da assistência médica.
SBW: Após constatado a necessidade de reajuste, qual o próximo passo?
Shinomata: A ANS vai convocar as operadoras de planos de saúde e fazer uma reunião com base no DIOPS (documento de informações periódicas das operadoras de planos de saúde), se nele aparecer que o sinistro aumentou o próprio programa irá sinalizar que precisa do reajuste. É preciso argumentos para justificar um pleito de um aumento maior que o governamental.