Uma grande preocupação de toda a classe médica e profissionais de saúde é o uso inadequado de medicamentos por parte de pacientes. O bom relacionamento do médico e do farmacêutico para orientar de maneira adequada a população que precisa fazer uso de qualquer medicamento é de fundamental importância na tentativa de evitar a falta de eficácia de um produto, intoxicações e outras complicações. Entre estas práticas são descritas: triturar medicamentos para que fique mais fácil a deglutição, misturar o medicamento com determinado suco ou bebida para mascarar o sabor e outras mais.
Devemos nos preocupar ainda mais porque sabemos que muitos pacientes apresentam doenças crônicas e concomitantes, as chamadas co-morbidades, e consequentemente fazem uso de mais de um medicamento. Por exemplo, um para hipertensão, outro para o colesterol e mais um para o diabetes vai resultar no que chamamos de polifarmácia. Além dos medicamentos prescritos, ainda há que se considerar o uso sem orientação de analgésicos e também o uso de medicamentos para problemas no estômago, como por exemplo, uma gastrite medicamentosa.
É um grande desafio tanto para médicos quanto para os farmacêuticos a promoção do uso racional de medicamentos. Os cuidados relativos à orientação também devem abordar os riscos de uma interrupção sem orientação médica ou farmacêutica, trocas de medicamentos prescritos e a importância de avaliações regulares, em função da complexidade que a polifarmácia pode envolver (regime posológico, interações medicamentosas). A própria adesão ao tratamento é facilitada com ajuste de posologia, quando proporcionamos aos pacientes sempre que possível o menor número de tomadas ao dia.
Entre idosos especialmente, não podemos nos esquecer que a assistência prestada muitas vezes através dos Serviços de Atendimento ao Consumidor tem uma grande importância para orientar os aspectos acima mencionados, mas também porque o atendimento leva em consideração situações como mudanças na farmacocinética, ou seja, o que o nosso organismo faz com um medicamento, de um paciente idoso. Por isso, acreditamos que os idosos devem usufruir largamente desses serviços. É interessante para a industria farmacêutica, que pode conhecer melhor seus pacientes e para o próprio consumidor, que poderá tirar as dúvidas e receber as orientações sobre o medicamento.
Fatores como a mudanças no pH do estômago e motilidade intestinal (alterações no funcionamento), comuns no idoso, interferem na absorção dos medicamentos. Outras questões como a distribuição, metabolização e eliminação dos medicamentos sofrem mudanças com as alterações que nosso organismo enfrenta com o envelhecimento.
Os medicamentos são considerados hoje ferramentas poderosas para o tratamento de diversas doenças. Um exemplo não muito distante são os inibidores de bomba de prótons (exemplo omeprazol), uma classe de medicamentos que praticamente acabou com a necessidade de uma cirurgia para o tratamento da úlcera. Mais dramático ainda se considerarmos a introdução dos antibióticos na prática médica.
Estes resultados acabam tendo um poder quase mágico, de que medicamentos curam quase tudo e muitos se esquecem das reações adversas. No caso da polifarmácia, das interações medicamentosas.
É do interesse da indústria farmacêutica desenvolver medicamentos seguros e efetivos. Assegurar a segurança e eficácia de medicamentos tem sido uma preocupação primária da farmacovigilância. Essa ação faz-se necessária com o objetivo de preservar a confiança do público em geral, protegendo-o e garantindo a sua saúde.
A integração entre prescritores e dispensadores também é uma prática estimulada, pois une conhecimentos, alcançando-se resultados mais eficientes que visam a beneficiar o paciente.
*Luiz Steffen é gerente do departamento de Assuntos Médicos/ SAC/ Farmacovigilância da Sandoz e professor na pós-graduação em farmacologia clínica da Universidade do Norte do Paraná.
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