A situação dos investimentos em TI no mercado de saúde no Brasil, para ser analisada, deve passar obrigatoriamente por entender o tamanho do investimento que deveria ser feito neste mercado.
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Por se tratar do que chamamos tipicamente de mercado de uso intensivo de informação (A área hospitalar é a maior usuária de papel do mundo em relação a outras indústrias), e com o crescimento vertiginoso da convergência entre o mercado de saúde e seus pesquisadores e fornecedores, inclua-se aí a indústria farmacêutica e biogenética, o uso da informação eletrônica passa a ser cada vez mais vital para a eficiência e operação das empresas do setor.
Em média, no mundo, os gastos ficam entre 3 e 4% do faturamento em TI em saúde, o que, em um setor que hoje no Brasil chega a US$ 150bilhões, seria um mercado endereçável aboslutamente atraente para qualquer empresa que esteja focada neste setor.
O que ocorre efetivamente é que os investimentos que tem sido feitos estão diretamente relacionados à cultura de investimento dos principais executivos do setor, que ainda não perceberam o volume de retorno que há neste tipo de solução para seus hospitais, planos de saúde, laboratórios diagnósticos e secretarias de saúde, entre outros. A afirmação, claramente, não pode ser generalizada, pois há, com certeza, muitos investimentos que seguem de vento em popa, porém não se pode ir contra os números reais. Então, onde estão os desafios?
Há, na Avenida Paulista, em São Paulo, mais tomógrafos do que os do Canadá inteiro, ou seja, a cultura de investimentos está muito mais voltada para os equipamentos médicos de última geração e criando ainda mais lacunas para a integração das informações em geral.
Os hospitais vivem o dilema de ter custos altos e depender de uma estrutura de operadoras de saúde que gera uma pressão enorme sobre a sua eficiência. A sociedade é também um forte fator de pressão que, no Brasil, ainda carece de amadurecimento, mas que já começa a se manifestar em processos contra erros médicos e contra a invasão de privacidade.
Se considerarmos este quadro, fica evidente que há uma premência de investimento – correto e estruturado, segundo as necessidades dos hospitais – em tecnologia da informação no país, que sem dúvida, criará uma maior eficiência, uma dramática redução de custos e será acompanhada de um aumento significativo de satisfação da população com o tratamento. Isso pode se dar a níveis de preparar os hospitais para uma operação creditada pelos principais órgãos de acreditação, bem como de ser uma referência no mercado.
Para as operadoras de saúde, urge começar a trabalhar previamente o paciente, antes mesmo que se torne um paciente, ou seja, trabalhar sua qualidade de vida, reduzindo assim a sinistralidade e mantendo a lucratividade da empresa, bem como reduzir os riscos de fraudes, reexames e muitos outros custos que vem acoplados na operação. Mais uma vez a tecnologia da informação bem aplicada vai criar novos rumos para este setor. Também não podemos esquecer que a excessiva verticalização atual proporciona uma piora da eficiência e mais atritos no mercado, o que pode ser extremamente minorado com a troca de informações e investimento correto entre os membros da cadeia de valor. Ou seja, nem sempre construir um hospital e competir com os que já estão no local, ao invés de fazer investimentos mútuos, será a melhor solução.
Quanto ao setor público, bom, neste caso o foco é realmente o de ter a vontade política dos governantes (hoje muito díspar no país no que tange a saúde) e mais respeito nesta área aos milhares de profissionais em carreira hoje nas fileiras públicas, mas não coligados aos partidos políticos, que poderiam fazer os investimentos de forma mais eficiente. Neste aspecto, projetos como o cartão nacional de saúde, prontuário eletrônico universal e muitos outros programas de integração de informação, como central de doações, transplantes e até mesmo entre hospitais pertencentes a um estado ou município, funcionariam e trariam benefício direto e rápido à população.
Resulta daí, que está na hora do mercado de saúde no Brasil, através de seus dirigentes, perceber a necessidade de um investimento em tecnologia da informação e priorizar isso para, garantir a melhora de todo o sistema, do seu ecossistema e também da saúde financeira das instituições, mas, principalmente, a melhoria geral da saúde do brasileiro. Àqueles que fornecem soluções de Tecnologia da Informação cabe transformar este segmento em um dos seus setores-chave, garantindo, assim, o ciclo necessário para atender estas necessidades.
*Avi Zins é consultor da Carel Strategic Consulting
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