Unimed do Estado de São Paulo trabalha, desde 2009, em um novo modelo assistencial e de remuneração hospitalar e do corpo clínico, composto por algumas vertentes, sendo uma delas a atenção primária à saúde. O modelo utiliza como porta de entrada um médico generalista e só depois o paciente é encaminhado, dependendo da necessidade, ao especialista. Um centro de serviços compartilhados é outra vertente. ?Como no Estado de São Paulo há 73 Unimeds, seis intrafederativas e uma federação estadual; no novo modelo, ao invés de cada unidade ter, por exemplo, um atuário, uma equipe de marketing e assessoria de imprensa, é possível compartilhar estas áreas?, explica o diretor financeiro e de recursos próprios, José Marcondes Netto, que também destaca a hierarquização. ?Como não é necessário ter a mesma gama de serviços em todas as cidades, é feita uma classificação, principalmente de laboratórios e exames, que fica para as singulares utilizarem, o que nos traz ganhos de escala. Também fazemos a regionalização, hierarquizando por porte, preço e, principalmente, qualidade.? A outra vertente é o novo modelo de remuneração hospitalar. ?Esse projeto valoriza a qualidade. Hoje, o que há no País é uma classificação por porte, do Ministério da Saúde. Também é feita a classificação dos hospitais por complexidade de tratamento, mas os indicadores de qualidade não estão em foco. Por isso, trabalhamos na construção de um modelo em que se tem segurança, qualidade e sustentabilidade?, justifica. Para ele, no modelo atual de saúde, ganha mais o hospital em que o paciente fica mais tempo internado. ?Se o paciente internado tem uma infecção hospitalar e fica mais de 30 dias lá, esse hospital ganha mais do que outro onde o paciente fica cinco dias porque tem qualidade e não tem infecção hospitalar?, explica. Por esse raciocínio, menos tempo de internação significa que o hospital pode cobrar melhor, baseado em indicadores de qualidade. Caso contrário, como no exemplo anterior, o custo é de todos.  ?Por isso, estamos classificando os hospitais e em seguida há o incentivo à certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA)?. Isto está sendo feito primeiro na rede própria e depois será a vez dos credenciados. ?Daí é possível pagar remuneração mais alta para hospitais em função da qualidade, tendo como indicadores o tempo de permanência, índice de infecção hospitalar e taxa de ocupação, entre outros?, explica o diretor. Conhecimento e capacitação O programa de qualificação de recursos próprios das Unimeds do Estado de São Paulo , batizado de Qualificare, teve início em 2009 e é composto por um conjunto de ações que abrangem o conhecimento e capacitação. ?Procuramos a parceria da Fundação Vanzolini e criamos uma metodologia de registro de visitas baseada em vários critérios de qualidade?.
As avaliações são baseadas em metodologias utilizadas pela ONA, CQH e PNASS, que preveem a classificação dos hospitais por porte e complexidade. Tem caráter voluntário e a indicação pode ser realizada a cada dois anos.  A Unimed Federação do Estado de São Paulo investiu no desenvolvimento da metodologia de avaliação e nos cursos e eventos de capacitação junto com a fundação. As singulares que aderiram ao programa investiram nos custos decorrentes da avaliação, além de investimentos realizados para a melhoria de suas estruturas e processos. ?No Estado, na rede de serviços próprios, há 41 hospitais, dos quais 95% já foram classificados. Na segunda etapa, estamos fazendo uma reclassificação, depois de dois anos, para incentivar a certificação?. No início do programa havia quatro hospitais acreditados e três qualificados. Nas avaliações realizadas em 2011, passaram a ser seis hospitais acreditados e 11 qualificados. Recentemente, a instituição firmou uma parceria com a consultoria Planisa, visando à modulação da remuneração, que será feita a partir da construção de uma tabela em que todos tenham a mesma denominação. ?Por exemplo, para o apartamento de um hospital, vamos construir uma tabela em que dentro dele é preciso constar embutido no preço o ar comprimido, oxigênio, vácuo, serviço de enfermagem, troca de cama, etc. Tudo isso fará parte de uma diária que será igual para todos os hospitais. É a construção de uma tabela que tenha uma unicidade de denominação?. Também será feito um levantamento para os eventos previsíveis. ?Depois disso, faremos migração de margem, porque hoje os hospitais ganham dinheiro não com a atividade-fim, mas com a atividade meio, que é a venda e a comercialização de materiais e medicamentos. Isso chega a ser insuportável para quem paga a conta. Por exemplo, ao invés de uma diária de quarto coletivo custar R$ 150, vai custar R$ 500, com tudo embutido. E o medicamento sairia a preço de fábrica, somado a um percentual de comissão de ganho.? Para o executivo, o hospital tem de ganhar mais pela qualidade. ?Por isso estamos fazendo um trabalho para construir um novo modelo. Com isso buscamos a cidadania, o cliente bem atendido, com segurança, qualidade e a sustentabilidade da instituição.?