Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP analisou a sensibilidade moral dos médicos psiquiatras brasileiros na sua prática diária, em relação a questões éticas como autonomia do paciente, respeito à integridade humana, às regras psiquiátricas e o relacionamento com pessoas. Os resultados mostram uma tendência ao respeito e à autonomia do paciente. A pesquisa, realizada para uma tese de mestrado do psiquiatra Marcos Liboni, investigou o comportamento e as opiniões de 522 psiquiatras brasileiros a partir de uma escala de opções sobre atitudes e moralidade. O respeito à autonomia dos pacientes foi um dos aspectos mais encontrados: cerca de 75% dos médicos apresentaram essa tendência, que pode ser constatada, por exemplo, na prescrição de um outro medicamento para um paciente com depressão que não queira fazer o tratamento considerado ideal.
Outra constatação é que 60% dos profissionais tiveram dificuldade em identificar o conteúdo moral de suas atitudes diárias, já que o limite entre o que é ou não necessário não é bem definido. O uso da força em um paciente que não aceita determinado tipo de tratamento, por exemplo, muitas vezes é encarado como normal, mesmo quando não há essa necessidade. Contudo, os médicos não enxergam nisso uma questão com forte peso moral.
As respostas dos médicos em relação às suas atitudes morais sofreram também variações de acordo com suas experiências pessoais e profissionais. Quanto maior a idade e a experiência profissional, maior a atitude benevolente e o respeito pela integridade humana por parte do médico. Já os formados há até dez anos apresentaram uma tendência a não levar esses aspectos em grande consideração.