Não faz muito tempo que o ato de cura deixou de ser o principal objetivo na área da saúde, segundo a OMS (1948), agregando-se a ele, a promoção do bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de enfermidade e de infecções.
Nos tempos atuais, muito tem se discutido a respeito de equipes multidisciplinares, envolvendo empresas e aplicativos que orientam a respeito, além de oferecerem serviços em vários setores e áreas de trabalho.
Quando o assunto está relacionado à área de saúde, podemos ver que desde que se começou a organizar os cuidados aos pacientes de forma mais ordenada, que se iniciou na Era Moderna da Medicina (século V - Hipócrates sob visão mais científica e racional), já começavam a desenvolver grupos, para que se pudesse ter uma otimização organizacional, havendo o reconhecimento de fatores não só biológicos como também sócio-político-econômicos nesse período, havendo necessidade de orientações básicas de higiene, alimentação, habitação, além do tratamento da doença.
Desde que a medicina teve seu ápice da superespecialização, no século XIX, quando as clínicas médicas começaram a surgir e com o progresso acelerado das pesquisas e do desenvolvimento de métodos e aparelhos diagnósticos e descoberta de novos tratamentos, a área de saúde, além de se expandir por áreas nos segmentos, tornou-se muito individualizada em áreas específicas e determinadas por assuntos, órgãos, segmentos, perdendo-se o olhar ao indivíduo como um todo, com esse crescimento de número de especialistas, sob até um certo aspecto.
Segundo dados coletados de entidades federais, existem mais de 50 áreas de especialização somente na área médica, e mais de 60 áreas de atuação na área de enfermagem.
Sendo assim, rotineiramente, muitos pacientes têm sido avaliados por uma equipe multidisciplinar, como por exemplo, um portador de diabetes tipo II tem que passar pelo menos com o endocrinologista, e se tiver outras complicações, com cardiologista, neurologista, nefrologista, oftalmologista, ortopedista, cirurgião vascular. Se quiser algo mais integrativo, temos a equipe interdisciplinar, envolvendo enfermagem, nutricionista, podólogos, educador físico, fisioterapeutas, psicólogos.
No SUS, na década anterior, alguns serviços hospitalares implantaram o sistema Kanban, que é um método de organização, iniciado na administração de empresas na gestão de produção e de materiais, sendo aplicado na gestão de leitos, ferramenta dirigida para controle e otimização do período de internação. Apesar de ter uma impressão administrativa, reunindo uma equipe interdisciplinar (administradores, médicos, enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos), ao que parece proporcionar uma maior visão de cuidados ao paciente, melhor abordagem em muitos aspectos, maior demanda e resolução no trabalho.
O atendimento ao paciente por uma equipe multi e interdisciplinar, com muitos profissionais, traz muitas vantagens, não somente em relação ao paciente, mas também à equipe que cuida dele.
- Ao paciente, trazendo uma abordagem mais humanizada e individualizada, cada um contribuindo com o que pode oferecer de melhor, havendo integração e complementação de informações, não focando somente na sua doença. A visão de cada especialista pode integrar um conjunto mais eficiente de diagnóstico, além de contribuir para um tratamento mais ampliado.
- À equipe, trazendo informações, agregando conhecimentos, dividindo as tarefas, mas somando em experiências diversificadas, mostrando diferentes perspectivas, mantendo a motivação despertada, impulsionando a elaboração de novas ideias.
Desta forma, a abordagem e os cuidados com o paciente, numa visão mais ampliada de múltiplos profissionais, poderão trazer de forma mais efetiva e assertiva o conceito e a prática da saúde no seu formato mais pleno.
divulgação |
Dra. Yumiko Regina Yamazaki | Angiologista e cirurgiã vascular; Membro do Departamento de Educação Médica Continuada da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP). |