O valor que o paciente paga por um medicamento, exame ou procedimento não nasce no momento do atendimento. Ele é o resultado de uma cadeia longa, técnica e regulada, que começa muito antes da saúde chegar à ponta. Nesse percurso, a regulação sanitária exerce papel central, ainda que frequentemente seja tratada apenas como custo ou burocracia.
É fato que regular custa. Estudos, certificações, auditorias e controles exigem investimento. O que raramente se discute é que não regular, ou regular mal, custa muito mais. Falhas regulatórias geram desabastecimento, recalls, eventos adversos, judicialização e desperdício de recursos, impactos que recaem diretamente sobre o sistema e, ao final, sobre o paciente.
Quando regulados e reguladores deixam de pensar no efeito econômico de uma regulação burocrática, complexa e não inclusiva, o efeito é uma saúde de pouco ou quase nenhum acesso. Atrasos, indeferimentos e paralisações reduzem a oferta, pressionam preços e comprometem a previsibilidade do setor. Na prática, a desorganização regulatória se transforma em aumento do custo assistencial.
Por outro lado, a regulação bem estruturada funciona como instrumento de eficiência econômica. Cadeias organizadas, com governança regulatória desde a origem, reduzem retrabalho, riscos jurídicos e perdas operacionais. Para o Estado, normas claras e tecnicamente fundamentadas diminuem conflitos e aumentam a segurança jurídica.
O debate sobre custo da saúde precisa amadurecer. Não se trata de escolher entre regular ou desregular, mas entre regular bem ou pagar o preço da improvisação. Em um setor tão sensível quanto a saúde, a experiência mostra que atalhos quase sempre saem caros, e quem paga essa conta, inevitavelmente, é o paciente.