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Prestadores de saúde mostram melhora nos resultados do 2º trimestre, mas nem tudo que reluz é ouro

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As receitas dos sete principais players cresceram em média 9%, apesar das despesas se manterem elevadas, fator que continua a pressionar todo o mercado de saúde

Os balanços financeiros dos maiores prestadores de serviços de saúde no Brasil, incluindo hospitais e laboratórios, no 2º trimestre de 2023, mostraram um cenário mais animador em comparação ao que vimos no final de 2022. As receitas dos sete principais players cresceram em média 9% (Dasa, Rede D´Or, Mater Dei, Kora, Oncoclínicas, Hapvida e Fleury), apesar das despesas se manterem elevadas, fator que continua a pressionar todo o mercado de saúde. Além disso, esses prestadores também apresentaram melhora nos principais indicadores de eficiência.

Ano passado foi um período desafiador para os hospitais, com uma forte pressão sobre as margens e um panorama preocupante do futuro, com perspectivas de uma ainda maior deterioração, diante da implementação do piso salarial da enfermagem e a pressão nas negociações por parte das operadoras. Esse cenário levou os prestadores a implementarem iniciativas de eficiência, que começaram a render frutos no primeiro semestre de 2023, com um claro impacto nas linhas de SG&A e custos de pessoal. Os principais players do mercado também apresentaram uma evolução significativa no resultado financeiro em relação ao último mês do ano anterior.

Ainda assim, os esforços não foram suficientes para compensar a perda de eficiência dos últimos 12 meses, deteriorando as margens na comparação interanual. O SG&A apresenta aumentos de até 20% ano a ano, enquanto os custos com pessoal acompanharam a receita, não capturando sinergias de escala. O resultado financeiro também é um ofensor frente ao 2º trimestre de 2022.

Os custos com materiais e medicamentos, que apresentaram aumentos acima do crescimento da receita tanto na base anual como na comparação com o fim de 2022, merecem um parágrafo à parte. A gestão dos insumos ainda é um desafio para os prestadores de serviço, que costumam focar os esforços nos preços de compra, enquanto a principal ineficiência está no consumo. Nossa experiência nesse tipo de iniciativa demonstra que atacar o consumo é mais trabalhoso, porém tem um impacto muito maior, conseguindo eficiências de até 20%.

A A&M Healthcare, área da Alvarez & Marsal especializada no mercado de saúde, acredita que essa melhora dos resultados está mais associada ao aumento da receita via ocupação, ticket e expansão de leitos do que a projetos de eficiência, e que as iniciativas dos prestadores têm sido só o início de um ciclo de crescimento constante que será crucial para a  sustentabilidade do negócio.

Agora, mais do que nunca, eficiência é um requisito para sobreviver ao cenário turbulento do mercado hospitalar no Brasil. As organizações que não implementaram iniciativas de aperfeiçoamento operacional têm visto um detrimento nos seus caixas, comprometendo o negócio no médio e longo prazo.

O time da A&M Healthcare tem trabalhado fortemente nos últimos meses com grandes grupos hospitalares no Brasil e outros países da América Latina para apoiar essas companhias a se manterem rentáveis e sustentáveis. Em um dos projetos, inclusive, apoiamos um grupo de hospitais a se adaptar ao aumento de prazo de recebimento e glosas, prática que vem crescendo no país e que prevemos que ficará cada vez mais intensa.

Os analistas do mercado preveem que o segundo semestre deste ano também apresentará resultados positivos no mercado hospitalar brasileiro, beneficiando-se da sazonalidade geralmente observada no período. Mas isso não deve tirar o foco das iniciativas de produtividade, o que impactaria a rentabilidade dos trimestres seguintes.

 

 

*Marcelo Compte é sócio-diretor da A&M (Alvarez & Marsal) Healthcare na América Latina. Possui mais de 15 anos de experiência em Consultoria Estratégica e de Gestão em diversos países, executando projetos de estratégia corporativa, processos comerciais, melhoria da produtividade, além de redução de custos e valuation em várias indústrias, especialmente saúde e bens de consumo.