Um relatório recém-divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), State of the World’s Nursing 2025, aponta que, apesar do crescimento no número de profissionais de enfermagem em nível global, a distribuição desses trabalhadores segue profundamente desigual. Em 2023, o total de enfermeiros no mundo chegou a 29,8 milhões.
Segundo o levantamento, cerca de 78% desses profissionais estão concentrados em países que reúnem apenas 49% da população mundial. Ainda de acordo com a OMS, o déficit global na força de trabalho da enfermagem caiu de 6,2 milhões em 2020 para 5,8 milhões em 2023, com expectativa de redução para 4,1 milhões até 2030. Apesar da melhora, a desigualdade no acesso permanece como um obstáculo à equidade nos sistemas de saúde.
Desigualdade também é desafio no Brasil
No cenário brasileiro, os dados mais recentes do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) indicam a existência de 783.566 enfermeiros em atividade no país. O estado de São Paulo concentra o maior contingente, com 191.160 profissionais.
Para o presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), Raul Canal, a má distribuição da força de trabalho em enfermagem compromete o acesso da população aos serviços de saúde, problema semelhante ao observado entre os médicos. “Não se trata apenas de má gestão de recursos humanos, mas de uma falha estrutural na formulação das políticas públicas de saúde”, afirmou.
O especialista defende a criação de mecanismos legais de cooperação entre União, estados e municípios, com foco no fortalecimento da atenção básica por meio da valorização dos recursos humanos. “Essas ações precisam estar acompanhadas de infraestrutura adequada, planos de carreira bem estruturados e garantias de segurança no exercício profissional”, completou Canal.
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