A proteção de dados se tornou um dos pilares essenciais para o setor da saúde, garantindo que informações sensíveis dos pacientes sejam tratadas com segurança, transparência e respeito à legislação vigente. Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), gestores de saúde enfrentam o desafio de adequar seus processos para garantir a conformidade legal e evitar riscos de exposição indevida de informações.

Neste artigo, vamos explorar os impactos da LGPD na saúde, as penalidades pelo não cumprimento da lei e as melhores práticas para garantir a segurança dos dados dos pacientes, além dos desafios enfrentados na implementação dessas novas diretrizes. 

Quais são os impactos da LGDP na saúde?

A LGPD trouxe mudanças significativas na forma como as informações dos pacientes são armazenadas e gerenciadas pelos gestores de saúde. 

Com a regulamentação, hospitais, clínicas e operadoras de planos de saúde precisam garantir maior segurança, transparência e conformidade na manipulação de dados sensíveis. 

Consentimento do paciente

A LGPD exige que instituições de saúde obtenham consentimento explícito para a coleta e processamento de dados pessoais dos pacientes. Isso reforça o direito à informação e ao controle sobre seus próprios dados.

Proteção dos dados nos meios digitais e físicos

Os dados dos pacientes devem ser protegidos tanto em sistemas eletrônicos quanto em documentos físicos. Isso inclui medidas como controle de acesso, restrição à manipulação manual e segurança em servidores e arquivos.

LGPD aplicada à telemedicina e troca de informações

Com o avanço da telemedicina e o uso de sistemas, como TISS e SUS, a LGPD determina que dados compartilhados entre plataformas sigam protocolos rigorosos de segurança, garantindo que informações sensíveis sejam protegidas contra acessos não autorizados.

Criptografia em mensagens e caixas postais

A adoção da criptografia é uma exigência para preservar a confidencialidade de comunicações entre médicos e pacientes. E-mails, mensagens e documentos que contenham dados de saúde devem ser protegidos por sistemas robustos para evitar vazamentos.

Responsável pela proteção de dados (DPO)

A LGPD estabelece que empresas e instituições tenham um Encarregado de Proteção de Dados (DPO), responsável por supervisionar as práticas de segurança e garantir a conformidade com a legislação.

Responsabilização pela quebra de sigilo

Caso ocorra o vazamento ou uso indevido de dados, os responsáveis podem ser penalizados, enfrentando sanções financeiras e legais que variam conforme a gravidade da infração.

Paciente no controle dos dados

A lei reforça o direito dos pacientes de acessar, corrigir e solicitar a exclusão de seus dados pessoais sempre que necessário. Isso fortalece a transparência e evita usos indevidos das informações.

Eliminação de dados quando não necessários

A LGPD determina que os dados dos pacientes sejam apagados quando não houver mais necessidade de armazenamento, evitando a retenção excessiva de informações e reduzindo riscos de exposição.

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Consequências do não cumprimento da LGPD na saúde

A LGPD não apenas estabelece diretrizes para a gestão de dados na saúde, mas também prevê penalidades para instituições que descumprem suas normas. Pode variar desde advertências até sanções financeiras, afetando a credibilidade e sustentabilidade das empresas. Saiba quais são as consequências:

  • Advertência e medidas corretivas: em casos de descumprimento inicial ou falhas menos graves, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pode emitir advertências e exigir medidas corretivas para adequação à legislação.
  • Multa simples: empresas privadas podem ser penalizadas com uma multa de até 2% do faturamento da pessoa jurídica de direito privado, incluindo grupos ou conglomerados no Brasil. O valor máximo por infração é limitado a 50 milhões de reais, excluindo tributos.
  • Multa diária: além da multa simples, a legislação permite a imposição de multas diárias pelo descumprimento continuado, sempre respeitando o limite total de 50 milhões de reais por infração.
  • Publicização da infração: a divulgação pública das penalidades pode comprometer a reputação de hospitais, clínicas e operadoras de planos de saúde, impactando diretamente a confiança dos pacientes e do mercado.
  • Bloqueio de dados pessoais: em casos mais graves, os dados pessoais envolvidos na infração podem ser bloqueados até que a situação seja regularizada, prejudicando o funcionamento da instituição e a continuidade dos serviços de saúde.
  • Eliminação dos dados pessoais: se uma empresa não cumprir as exigências da LGPD e persistir na violação, pode ser obrigada a eliminar completamente os dados pessoais em questão, causando prejuízo operacional e possíveis impactos legais na continuidade dos atendimentos.

O respeito à LGPD na saúde é essencial para garantir a privacidade dos pacientes e fortalecer a segurança da informação no setor da saúde

As penalidades reforçam a necessidade de investimento em governança de dados e proteção digital, assegurando conformidade e confiança no relacionamento entre instituições e pacientes.

Como aplicar a LGPD na saúde e garantir a segurança de dados dos pacientes?

A LGPD exige que gestores de saúde adotem práticas seguras e transparentes no tratamento de informações dos pacientes. Para garantir a conformidade, é essencial implementar medidas que fortalecem a proteção de dados e respeitem os direitos dos usuários. 

Além disso, a aplicação da LGPD na saúde exige que as instituições adotem sistemas de segurança robustos, capazes de prevenir vazamentos e proteger dados sensíveis.

Para isso, é necessário implementar múltiplas camadas de defesa contra tentativas de invasão, garantindo que as informações sejam armazenadas e transmitidas de forma segura. 

Tecnologias como inteligência artificial generativa e bots já são amplamente utilizadas para identificar potenciais fraudes, proporcionando uma vantagem competitiva ao setor.

Mais do que um requisito técnico, a proteção dos dados na saúde é uma questão ética e legal. Garantir a confidencialidade das informações dos pacientes fortalece a confiança no sistema de saúde e assegura a integridade dos serviços prestados. 

Além das medidas de segurança, diversas ferramentas e práticas ajudam as instituições no processo de conformidade com a LGPD. A seguir, veja algumas:

Prontuários eletrônicos

A digitalização dos prontuários eletrônicos médicos exige atenção à segurança da informação. É necessário que hospitais e clínicas utilizem sistemas que assegurem sigilo, controle de acesso e criptografia, reduzindo o risco de vazamentos e garantindo a proteção dos registros dos pacientes.

Direito à informação

Os pacientes têm o direito de saber como seus dados são coletados, armazenados e utilizados. O gestor de saúde deve fornecer informações claras sobre a finalidade do tratamento dos dados, garantindo transparência e respeitando os princípios da LGPD.

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Emissão do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Antes de coletar e processar informações pessoais, as instituições precisam obter consentimento explícito dos pacientes. O TCLE deve apresentar detalhes sobre o uso dos dados, garantindo que o paciente tenha controle e autonomia sobre suas informações.

Hospedagem de dados em bancos com segurança compatível ao Brasil

A LGPD permite que dados sejam armazenados em servidores internacionais, desde que sigam padrões de proteção equivalentes aos exigidos no Brasil. O gestor deve verificar se os provedores cumprem requisitos de segurança, evitando exposição indevida das informações.

Coleta de dados sensíveis apenas quando essencial

Informações como histórico médico, exames e condições de saúde devem ser solicitadas apenas quando realmente necessárias para o atendimento ou tratamento do paciente. Essa prática minimiza riscos de exposição indevida e reforça o princípio da minimização de dados.

Softwares com proteção de dados

As instituições de saúde precisam adotar sistemas de gestão que ofereçam mecanismos de proteção, como controle de acessos, auditorias, criptografia e autenticação multifator. 

Ao seguir essas práticas, o gestor de saúde assegura que sua instituição esteja conforme a LGPD, além de fortalecer a credibilidade da organização e reduz riscos de sanções por descumprimento da legislação.

Desafios da adoção da LGPD na saúde

A implementação da LGPD na saúde traz desafios significativos para gestores e profissionais da área. Além da necessidade de adaptação tecnológica, é essencial garantir a conformidade legal e segurança da informação. 

Gestores de saúde precisam adotar a inovação para estar dentro da lei

A LGPD exige que instituições de saúde aprimorem seus sistemas para garantir proteção de dados, controle de acesso e criptografia. A adoção de softwares especializados e inteligência artificial para monitoramento e prevenção de fraudes se torna essencial.

Orientações sobre a implementação da LGPD na saúde podem ser escassas

Muitos gestores encontram dificuldades na adequação à LGPD devido à falta de diretrizes claras e acessíveis sobre as melhores práticas de implementação. A consultoria especializada e a capacitação de equipes são medidas necessárias para evitar riscos e garantir a conformidade.

Importância de ser assegurado por um advogado

O aumento do número de ações judiciais relacionadas à privacidade e proteção de dados reforça a necessidade de suporte jurídico especializado. Advogados com experiência na LGPD podem orientar instituições de saúde sobre medidas preventivas e estratégias para evitar penalidades legais.

A adoção da LGPD na saúde exige investimento, planejamento e atualização constante, garantindo que instituições e profissionais estejam alinhados às exigências legais e protegidos contra riscos operacionais e jurídicos.