Oferecer tratamentos de alto custo para doenças raras e estabelecer linhas de cuidados prioritários são desafios cruciais no setor de saúde, especialmente para as autogestões, que precisam equilibrar finanças e demandas sociais sem fins lucrativos. Esses temas serão discutidos no 27º Congresso Internacional UNIDAS, de 27 a 29 de novembro, em Florianópolis, sob o tema “Inovação Impulsionando o Propósito das Autogestões”. Durante o evento, será lançada a Pesquisa UNIDAS 2024 e realizado o Prêmio UNIDAS 2024.
Clínicas compartilhadas
Manter a sustentabilidade financeira das autogestões, especialmente no tratamento de doenças autoimunes e de alto custo, é um desafio significativo. As clínicas compartilhadas surgem como uma solução eficaz, otimizando recursos e promovendo a interdisciplinaridade. Esse modelo não apenas melhora a eficiência operacional e reduz custos, mas também aumenta a satisfação dos pacientes ao oferecer uma gama mais ampla de serviços em um único local.
Diante da crescente demanda por cuidados de saúde acessíveis e eficientes, as clínicas compartilhadas se destacam como uma alternativa viável para muitos dos desafios enfrentados tanto por sistemas de saúde públicos quanto privados. O painel “Clínicas Compartilhadas – Um Caminho de Sucesso” apresentará cases de operadoras da UNIDAS que já implementaram esse modelo. Moderado por Kátia Audi Curci, Coordenadora de Indução à Melhoria da Qualidade Setorial da AN, o painel contará com a participação de Wesley Nunes, Gerente de Negócios em Saúde da CASU/UFMG e Diretor Superintendente da UNIDAS-MG, que apresentará os exemplos de autogestões mineiras na atenção primária à saúde e no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Flávia Alves, Gestora no SEMPRE SAÚDE – Serviço de Medicina Preventiva da FUNDAFFEMG, compartilhará os resultados positivos das clínicas compartilhadas, reforçando a importância da UNIDAS na promoção de inovações que permitem às autogestões oferecer um cuidado de excelência.
Paciente crônico na saúde
O painel “Jornada do Paciente Crônico na Saúde – Experiências do Brasil e da Colômbia” reunirá especialistas para compartilhar práticas inovadoras e lições aprendidas nesses dois países. Entre os participantes estão Ramon Abel Castano, médico e professor da Universidade CES, e Nelson Teich, oncologista, ex-Ministro da Saúde e atual membro da Aliança para a Saúde Populacional (Asap). Ambos apresentarão suas experiências sobre a gestão de doenças crônicas. Teich destaca: “Está cada vez mais difícil para contratantes e usuários terem acesso a um sistema de saúde que cuide das pessoas de forma adequada, com a qualidade necessária. A saúde suplementar enfrenta desafios crescentes em toda a cadeia: contratantes, operadoras, prestadores, fornecedores, pacientes e sociedade. Sem uma transformação na gestão, o sistema se tornará cada vez mais restrito, ineficiente e desigual”.
O debate será moderado por Rogério Scarabel, advogado do escritório M3BS Advogados, que acredita que a discussão de exemplos concretos de sucesso e os desafios enfrentados trará um debate enriquecedor, com impacto direto na realidade empresarial, regulatória e populacional.
Brasil e Colômbia têm se destacado na gestão de saúde populacional e no cuidado de pacientes crônicos, cada um com abordagens específicas para seus desafios locais. Apesar das dificuldades em relação ao acesso, qualidade e financiamento, ambos os países encontraram soluções valiosas que oferecem lições importantes para outros contextos.
Os modelos adotados reforçam a importância de estratégias baseadas em dados e na coordenação entre prestadores de serviços, operadoras e pacientes, gerando lições que podem ser adaptadas com sucesso à saúde suplementar. A expectativa é que, ao aprender com essas práticas, seja possível melhorar a eficiência do sistema e a qualidade de vida dos beneficiários, especialmente no tratamento de condições crônicas.
Formas alternativas de resolução de conflitos
No atual cenário de relações comerciais e institucionais cada vez mais complexas e multifacetadas, os métodos tradicionais de resolução de conflitos, como os processos judiciais, muitas vezes se revelam lentos, onerosos e ineficientes. Em resposta a essas limitações, as formas alternativas de resolução de conflitos, como a mediação e a arbitragem, têm ganhado crescente destaque e aceitação. Essas abordagens oferecem soluções mais rápidas, flexíveis e confidenciais, promovendo acordos mutuamente benéficos e preservando os relacionamentos entre as partes envolvidas.
A mediação, que envolve a intervenção de um mediador neutro para facilitar o diálogo e permitir que as próprias partes cheguem a um acordo, e a arbitragem, onde um árbitro ou painel de árbitros decide o conflito com base nas evidências apresentadas, são ferramentas poderosas aplicáveis a diversos contextos, como disputas comerciais, trabalhistas e familiares. Essas formas alternativas proporcionam um ambiente menos adversarial e mais colaborativo, essencial para a manutenção de relações de longo prazo.
Na palestra “Formas Alternativas de Resolução de Conflitos – Mediação e Arbitragem“, Marcus Salvato Quintanilha, árbitro, mediador e advogado, e Eduardo Pugliesi, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região e diretor da Escola Judicial do TRT6, abordarão essas duas técnicas, destacando suas vantagens, processos e aplicabilidades. Eles também esclarecerão como essas metodologias podem ser integradas de forma eficaz em diferentes contextos organizacionais. “Os processos judiciais podem ser demorados e custosos, muitas vezes não atendendo às necessidades imediatas dos envolvidos, especialmente em questões de saúde. A mediação e a arbitragem oferecem caminhos mais ágeis e eficientes, preservando as relações entre as partes e garantindo soluções mais rápidas e eficazes”, afirma o desembargador, que será o moderador do painel.
Testes farmacogenéticos
A medicina de precisão está transformando o tratamento de doenças, avançando em direção a terapias personalizadas que consideram as particularidades genéticas de cada indivíduo, além de fatores ambientais e de estilo de vida. No centro dessa abordagem, os testes farmacogenéticos desempenham um papel fundamental, permitindo a adaptação dos tratamentos às necessidades específicas de cada paciente. Essa personalização não apenas melhora os resultados clínicos, como também otimiza o uso de recursos de saúde, gerando discussões importantes sobre custo-efetividade.
Esses aspectos serão debatidos no painel “Medicina de Precisão: Avaliando Custo e Efetividade de Testes Farmacogenéticos nas Principais Terapias“, que contará com a participação de Carolina Dagli Hernandez, assessora técnica da Conectgene, e Thiago Braga, Diretor de Operações de Saúde da Postal Saúde. “Este painel é fundamental para destacar a importância e a utilidade dos testes farmacogenéticos na prática terapêutica”, afirma Hernandez. O moderador Thiago Braga, por sua vez, ressalta que trará à discussão propostas inovadoras de tratamento, além de apresentar as perspectivas tanto de fornecedores quanto de operadoras de planos de saúde.
Linhas de cuidados prioritárias na saúde
As linhas de cuidado prioritárias são essenciais para a construção de um sistema de saúde mais eficiente, eficaz e centrado no paciente. Elas consistem em ações coordenadas e integradas, baseadas em evidências, que asseguram a continuidade e a qualidade do atendimento para condições específicas. Ao estruturar essas linhas, os sistemas de saúde conseguem melhorar os desfechos clínicos, otimizar o uso de recursos e aumentar a satisfação dos pacientes.
Diante das mudanças demográficas e epidemiológicas, como o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas, a implementação de linhas de cuidado prioritárias é fundamental para enfrentar esses desafios. O painel “Linhas de Cuidados Prioritárias na Saúde” discutirá a importância, os processos de implementação e os impactos dessas linhas, apresentando exemplos de práticas bem-sucedidas e abordagens inovadoras.
Angélica Carvalho, Diretora-Adjunta de Desenvolvimento Setorial da ANS, destacará a Tomada Pública de Subsídios (TPS) promovida pela ANS, que recebeu propostas sobre linhas de cuidado prioritárias na saúde suplementar. Essas contribuições incluem promoção da saúde, prevenção de riscos e doenças, diagnóstico precoce, tratamento, reabilitação, cuidados paliativos e de fim de vida, considerando os diferentes níveis de atenção: primária, especializada, hospitalar e domiciliar. “O tema é crucial para reorganizar o cuidado em saúde, visando a melhoria da qualidade assistencial. O objetivo é estabelecer protocolos que coloquem o paciente no centro da atenção, incentivando a criação de indicadores de desempenho e resultados”, afirma Carvalho.
Ana Paula Etges, Sócia da PEV Consultoria em Saúde, abordará o conceito de valor em saúde e como estruturar serviços integrados que atendam às reais necessidades dos pacientes, com uma coleta precisa de desfechos e custos, possibilitando o desenvolvimento de modelos de remuneração baseados em valor. “A transformação do sistema de saúde é uma necessidade reconhecida por todos os stakeholders. Os métodos que vamos discutir servirão como um guia estratégico para essas mudanças, buscando maior eficiência e melhores resultados em saúde”, explica Etges.
O painel será moderado por João Paulo, Diretor-Presidente da CAPESESP e Membro do Conselho Deliberativo da UNIDAS.
Confira a programação completa no site do 27º Congresso Internacional UNIDAS.