Um sistema desenvolvido no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP) permite controlar a qualidade de irradiação de sangue feita em equipamentos convencionais de radioterapia. A irradiação é utilizada no sangue destinado às transfusões de alguns tipos de pacientes portadores de doenças, como leucemias, ou que tenham passado por transplante. Em alguns hemocentros são utilizados equipamentos importados que chegam a custar até US$ 100 mil. O sistema desenvolvido na FMRP não custa mais do que R$ 10 mil, informa a Agência USP. Devido ao alto custo do equipamento, a utilização dos aparelhos convencionais de radioterapia é um procedimento normal nos hospitais. Segundo o professor Dimas Covas, que orientou o projeto de pós-doutorado do físico Evamberto Garcia de Góes, o novo sistema garante que o sangue irradiado tenha a mesma qualidade da obtida no equipamento importado.
O sistema desenvolvido na FMRP é composto de um motor e dois compartimentos, um para conter hemácias e outro para as plaquetas. A irradiação é feita simultaneamente nos dois compartimentos, com a garantia de se manter uma temperatura constante. A irradiação simultânea dos dois componentes do sangue, segundo Covas, é importante para otimizar o uso da unidade de radioterapia. “O equipamento é bastante simples de ser confeccionado. Na maioria dos casos pode-se, inclusive, dispensar o uso do computador. Em nosso equipamento ele é usado para que possamos controlar todas as variáveis”, diz Covas.
O professor informa que no início dos estudos para a elaboração do novo sistema, existiam apenas quatro equipamentos importados para irradiar sangue no Brasil. Hoje, ele não tem números precisos, mas afirma que ainda existam poucos irradiadores importados. “Nosso equipamento pode ser instalado numa pequena mesa e a tecnologia está disponível a outros hemocentros e hospitais que queiram desenvolver o processo”, garante o pesquisador. Segundo ele, no Hemocentro de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), são coletadas cerca 10 mil bolsas de sangue todos os meses. Destas, aproximadamente 10% são irradiadas.
Além do professor Dimas Covas e de Evamberto Garcia, hoje docente do Centro Universitário Franciscano da Universidade de Santa Maria, integraram a equipe responsável pela confecção do equipamento os professores Carlos Alberto Pelá, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP (FFCLRP), Lázaro Alberto Formigoni, da Faculdade de Medicina (FM), da USP da Capital, e José Carlos Borges, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.