Com a adoção de um modelo cuidador, e não curador, a Federação das Unimeds de Minas Gerais espera conseguir uma redução global de custos de 20%. Em entrevista ao portal Saúde Business Web, o gestor de Promoção da Saúde, Sandro Chaves, explica os pilares do programa e o que é necessário para torná-lo efetivo.
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Saúde Business Web: Em sua opinião como médico, o que deve ser priorizado na assistência médica?
Sandro Chaves: Como médico, avalio que existe uma grande quantidade de cuidado que deveria ser prestado, mas não é, porque a capacidade de atendimento é menor do que a necessidade das pessoas por serviços. É preciso, por exemplo, ir à casa dos pacientes que recebem assistência domiciliar e oferecer atendimento, não esperar que ele tenha uma crise e precise sair correndo para o hospital. Como gestor, a questão é por onde começar. Uma operadora só consegue atender tudo se for muito capitalizada. Na Federação, estamos trabalhando com uma estratégia em que os resultados de um programa financiam os próximos. O modelo de promoção da saúde que estamos implementando tem se mostrado lucrativo para as singulares e garante dinheiro para outras iniciativas. Primeiro, vamos atender os pacientes internados em casa, depois os crônicos e depois trabalharemos com os fatores de risco.
SBW: E qual é o caminho para implementar um programa de promoção da saúde e prevenção de doenças que seja sustentável:
Chaves: Primeiro é preciso estratificar os pacientes e definir suas necessidades. Depois se desenvolvem mecanismos de atenção e mudança de comportamento adequados a sua condição. A terceira etapa diz respeito à monitoração contínua. Para 2009, planejamos implantar um call center que atenda a todo o Estado de Minas Gerais, funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana.
SBW: Como está estruturado o modelo na Federação?
Chaves: O modelo está dividido em dimensões. Decidimos fazer isso de forma declarada e publicamos um livro descrevendo como organizar o cuidado dentro destes parâmetros. A primeira dimensão é a das características institucionais: precisamos entender que trabalhamos num sistema de saúde suplementar, somos uma cooperativa médica e estamos sujeitos à regulação. Se vamos implantar uma mudança, temos que envolver o cooperado e garantir que isso se reverterá em benefícios para ele. A segunda é a concepção do processo saúde-doença: ou concebemos um modelo só para “consertar o que não funciona” o entendemos que a saúde do paciente envolve outros fatores, como o estilo de vida e fatores socioambientais, por exemplo. Depois, precisamos avaliar as bases gerais da organização do cuidado: é preciso ter acompanhamento contínuo e controle dos resultados. Na Federação, definimos que é a cooperativa que vai fazer isso. O quarto pilar é a característica do cuidado a incorporar, que deve ser um modelo de atenção primária adaptável ao modelo Unimed. Queremos a integralidade: os serviços precisam entender e atender todas as necessidades, como cuidados paliativos, assistência domiciliar, saúde mental, etc. O último é o serviço ofertado, que é a expressão de tudo isso.
Estamos parametrizando o sistema de informações para que a estratificação do paciente seja automática e a formatação do programa para o paciente siga o que foi definido em conjunto, entre a Unimed e os médicos. Com isso, conseguiremos identificar as lacunas e acompanhar melhor os pacientes. Estamos dando passos consistentes nesta direção.
SBW: O que a Federação espera atingir com este modelo de atenção?
Chaves: Buscamos uma redução global de custos de 20%. Costumo brincar que as operadoras que dizem que conseguem uma redução de 50%, 80%, não têm pacientes. No primeiro momento, a redução de custos pode até ser maior, mas só porque o paciente ainda não teve tempo de custar. Na Federação, não queremos esperar que ele custe, mas inseri-lo no programa antes disso. Temos uma expectativa de economia de R$ 200 a R$ 250 por paciente incorporado ao modelo de forma precoce.
* Cylene Souza viajou a convite da organização do Curso Internacional por Imersão da Federação das Unimeds de Minas Gerais