Pesquisadores norte-americanos da Universidade de Iowa, responsáveis pela pesquisa Programa de Prevenção de Fissuras Orais estiveram semana passada em Salvador, Bahia, em visita ao Centrinho das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), uma das sedes do programa no Brasil. O investigador principal da pesquisa, Jeffrey Murray, o coordenador do estudo, George Wehby, da Universidade de Iowa, EUA, e o membro do RTI International (instituto responsável pela análise estatística e controle da coleta de dados), Norman Goco, consideram que houve boa evolução da pesquisa que testa a eficácia do ácido fólico na redução da recorrência de fendas labiopalatais.
O trabalho começou no final de 2005, os estudos pilotos realizados no ano seguinte e as atividades do estudo principal em 2007, com previsão de término em 2010 ou 2011.
As fissuras de lábio ou do são malformações congênitas e estão associadas a várias complicações. Requerem intervenções cirúrgicas, odontológicas, fonoaudiológicas e psicológicas e representam uma pesada carga sócio-econômica. No Brasil, estão entre o terceiro e quarto defeitos mais freqüentes, com um fissurado para cada 650 nascidos. Estima-se que haja 180 mil fissurados no país, que necessitam de tratamento .
Estudos comprovam a eficácia do ácido fólico na prevenção de defeitos no tubo neural (DTN), mas em relação às fissuras orais, as investigações apresentam sérias limitações. O estudo clínico sob a coordenação dos pesquisadores das universidades de Iowa e de São Paulo (USP) pretende avaliar o efeito da suplementação com 4 mg/ dia de ácido fólico na redução da recorrência de FLP. A amostra total irá incluir aproximadamente 3.000 mulheres que apresentem fissura de lábio e/ ou palato não sindrômica ou um filho com FLPNS. Essas mulheres serão randomizadas em dois grupos com doses de 0.4 mg e 4 mg de ácido fólico. O estudo é considerado um desafio no atendimento clínico a famílias com um ou mais indivíduos com fissura, e os resultados finais pode determinar qual dose é mais eficaz na prevenção dessa malformação congênita.
O Centrinho está recrutando voluntárias para a pesquisa Programa de Prevenção de Fissuras Orais. As mulheres interessadas em participar devem ter entre 16 e 45 anos (idade fértil) e ter nascido com fissura de lábio ou lábio/ palato, e/ ou ter filhos com fissura de lábio ou lábio/ palato. Mulheres que já fizeram cirurgia de laqueadura (ligadura de trompas) ou cujo marido realizou vasectomia não podem participar. Os casos de fenda de palato isolada também não estão inclusos na pesquisa, pois os estudos mostram que o ácido fólico não influencia na prevenção desse tipo de fissura.
Além da OSID, referência no Norte-Nordeste no tratamento de fissurados, os pesquisadores visitaram também centros localizados em outras cinco cidades brasileiras onde a experiência é desenvolvida: Bauru (SP), Curitiba (PR), Lajeado e Porto Alegre (RS) e Recife (PE).