Na tarde desta quinta-feira, 25, um time de especialistas em Supply Chain se reuniu em mais uma live no maior evento de saúde digital do mundo, o Omnia Health Live. Rene Parente, diretor-executivo da Accenture, foi o mediador do papo, que contou com a presença de Juarez Miranda, gerente geral de suprimentos do UHG, e Marcos Cerqueira, vice-presidente de ciências e saúde da DHL Supply Chain. Os três brasileiros, especialistas em cadeias de suprimentos, discutiram a logística dos equipamentos médicos e medicamentos no contexto da COVID-19, as lições que o setor pode tirar da crise e como enxergam o futuro do Supply Chain.

Para dar início aos debates, Rene Parente pediu que os convidados apresentassem um panorama geral de como suas empresas estão lidando com a pandemia. Juarez Miranda relembrou do início da crise do novo coronavírus, em que houve uma escassez assustadora e a elevação dos preços dos suprimentos médicos, o que fez com que precisasse trabalhar um dia por vez para entender melhor como agir e construir novos modelos de gerenciamento. “No início, a principal demanda eram os EPIs, e tivemos que trabalhar em conjunto com nossos fornecedores locais. Os nossos clientes finais são principalmente hospitais, que não tinham espaço de armazenamento para os equipamentos e medicamentos, mas conseguimos abastecê-los com tudo o que era necessário. A pandemia continua, mas no que diz respeito a essa logística de abastecimento estamos sendo muito bem-sucedidos até agora”, declarou o gerente geral do UHG.

Em seguida, Juarez explica as estratégias da empresa para manter esse abastecimento, levando em consideração que o Brasil é bastante dependente da China no que diz respeito a suprimentos médicos. “Antes da pandemia não tínhamos ideia do quanto éramos dependentes da China. Então acredito que neste momento, e também no futuro, o setor da saúde precisa começar a buscar maneiras alternativas de ter os suprimentos médicos necessários”. O gerente ainda sugere duas soluções: definir os POPs da instituição, para que saibam quais são os medicamentos e equipamentos que nunca devem faltar; e a criação de um plano de abastecimento em conjunto com os seus fornecedores.

Em seguida, Rene passou a palavra a Marcos Cerqueira, que falou sobre a fragilidade do setor nesse momento e as lições que podemos levar com essa crise. O foco principal da empresa no início da pandemia foi manter seus funcionários seguros. Em seguida, ativaram o plano de negócios para dar continuidade ao abastecimento de seus clientes. “Atuamos em diferentes subsetores. Na indústria farmacêutica, por exemplo, costumávamos usar mais o transporte aéreo, e isso precisou ser mudado para transporte terrestre devido à baixa disponibilidade de transporte aéreo no país. Tivemos que nos flexibilizar bastante para poder atender a todos os nossos clientes”, afirmou o VP de ciências e saúde da DHL.

Tecnologia aliada ao abastecimento

Na segunda parte do webinar, Rene propôs uma discussão acerca das possibilidades de evitar o desabastecimento do setor em situações como essas. Juarez explica que já é possível ver a implementação de sistemas para melhorar o estoque dos usuários finais, como hospitais. “A Inteligência Artificial está muito presente em diversos setores dos hospitais, mas não vemos isso com tanta frequência no setor de dispositivos médicos e gerenciamento de estoque. Acredito que esse será a próxima medida dos hospitais para evitar a falta desses recursos”, sugeriu.

Do ponto de vista da empresa de logística, Marcos diz que é importante implementar um processo para prever e mitigar o risco de uma quebra na distribuição de suprimentos. “Definitivamente, a digitalização é a nossa prioridade para os próximos passos”.

O futuro da cadeia de suprimentos

A pandemia do novo coronavírus causou mudança nas rotinas de todos os setores, em especial o da saúde. Do dia para a noite precisamos trabalhar de modo remoto e readaptar toda a logística para que não houvesse um colapso total em todos os setores. 

Para Juarez, a experiência do trabalho remoto com certeza fará com que todos repensem a necessidade do trabalho presencial. “Obviamente, alguns setores precisam de pessoas trabalhando presencialmente, como é o caso dos hospitais. Mas na cadeia de suprimentos acredito que será possível, sim, trabalhar de modo remoto. Estamos tendo muito sucesso nessa nova experiência”, declarou o gerente geral.

Marcos finalizou o painel desta quinta-feira afirmando que a dependência que o setor de saúde brasileiro tem de outros países será repensada daqui para frente e que a cadeia de suprimentos deverá ganhar um lugar de destaque no futuro.

Nesta sexta-feira acontece o último dia Omnia Health Live, com uma programação cheia de conteúdos relevantes e networking virtual. Os webinars estão disponíveis no site do evento https://live.omnia-health.com/en/home.html