Como discutir a saúde do futuro diante dos problemas do sistema de saúde do presente? Sem dúvida, um desafio com três importantes fatores em seu caminho: o envelhecimento da população; a mudança do perfil epidemiológico; e o bônus demográfico, momento único para os países no qual a maioria da população está em idade ativa para trabalhar. Este último, ilustra um cenário preocupante: se no futuro, a maioria da população terá mais de 60 anos, não se terá um grande contingente para financiar os sistemas de saúde e previdência, ao contrário de outras nações que já passaram pelo fenômeno. “Os países europeus enriqueceram para envelhecer e nós estamos envelhecendo sem enriquecer”, analisou a consultora Denise Eloi, que integrou junto com a Diretora Técnica Médica e Rede Credenciada da Sul América, Tereza Veloso, e o presidente da Central Nacional Unimed, Mohamad Akl, o painel “Saúde do Amanhã”, durante o Saúde Business Forum.

Parte da solução deste dilema pode estar na mudança de atuação do próprio indivíduo com a sua saúde, na qual ele assume um papel de protagonista. Os dados corroboram este urgente envolvimento, pois o estilo de vida corresponde a 50% dos determinantes de saúde. O restante é dividido em: 10% cuidado e acesso à saúde, 20% fatores genéticos e 20% exposição ao ambiente. “A grande missão é trabalhar o empoderamento e a inclusão do beneficiário como um ator e não só como consumidor”, analisa Denise, acrescentando que isso ocorrerá com educação, informação e orientação ao usuário.

Atenta a este cenário, a SulAmérica usa tecnologia e comunicação para engajar os usuários. Há 13 anos, a empresa implantou o Saúde Ativa, programa que iniciou apenas com cuidado a pacientes crônicos e hoje atende a outros três grupos divididos em: pessoas identificadas com risco de desenvolver alguma patologia; doentes de alta complexidade; e os indivíduos saudáveis. “Acima de tudo, o programa atua para impulsionar mudanças sustentáveis e contribuir para a melhora e manutenção da saúde da população”, explica Tereza.

Sem custo para as empresas participantes, o Saúde Ativa monitora e analisa informações de saúde, os hábitos dos beneficiários e, o melhor de tudo, disponibiliza conteúdo de saúde para os participantes do programa e aos interessados no geral. Alguns projetos do Saúde Ativa, como o de doentes crônicos, obteve redução de sinistro de 24% em 2013. (veja box abaixo).

A Central Nacional Unimed também vê na tecnologia e na informação ao beneficiário o caminho certo para o engajamento. Por esta razão, a empresa está desenvolvendo um aplicativo com funcionalidades como conversa entre médico e paciente via whatsapp; agendamento de consultas e exames; jogos de saúde e monitoramento dos sinais vitais dos beneficiários. “O aplicativo vai aumentar o envolvimento do paciente com o autocuidado e a eficiência [do controle] das doenças crônicas”, conta Akl, citando o dado que no Brasil há 1,3 celulares por habitante. Além disso, acrescenta o executivo, o aplicativo será mais um canal de relacionamento e ajudará a cooperativa a ter mais controle sobre a duplicidade de exames, por exemplo.

Enquanto o aplicativo não vem, a cooperativa difunde alguns jogos para tablets e celulares, nos quais as pessoas aprendem com dicas de saúde; instala tótens para os beneficiários responderem a questionários sobre a saúde, que são posteriormente disponibilizados para a empresa com o perfil global dos funcionários; e envia boletins com dicas de qualidade de vida e saúde aos departamentos de recursos humanos dos clientes.

Por meio de uma análise, que envolveu informações de diferentes fontes como médico do trabalho, relatórios do uso do plano; entre outras, que a CNU conseguiu identificar 21 mil beneficiários que estavam em “desequilíbrio de saúde”. Destes, 4 mil com o quadro considerado grave aderiram ao Programa de Atenção Primária, cujos resultados incluem a redução do custo mensal per capita da saúde. (box abaixo).

Mesmo com as iniciativas das operadoras, Denise ressalta que é importante tratar a questão de forma sistêmica. “Precisamos fazer uma grande transformação, uma revolução sobre qual o modelo assistencial que a sociedade deseja. É preciso enxergar o sistema integrado e com o beneficiário no centro”, pondera Denise.

Sul América

Saúde Ativa é uma plataforma online de bem-estar e saúde composto de um programa no qual as empresas participantes podem ajudar seus colaboradores a controlar e identificar doenças e ter hábitos de vida mais saudáveis.

A plataforma tem uma parte aberta aos interessados no geral, com conteúdo e testes sobre saúde e qualidade de vida. O programa não é de exclusividade dos associados da seguradora, podendo ser adquirido por autogestões e outras empresas interessadas.

O programa de Gestão de Crônicos em 2013, com 30 mil pessoas, reduziu 24% o sinistro da população. Subtraindo o custo do programa, a média é de 18 a 19% da redução do sinistro.

O programa Idade Ativa, que propõe o envelhecimento saudável, tem 6 mil participantes e atingiu 6% de sinistralidade.

Central Nacional Unimed

Mapeamento dos beneficiários em sete linhas de cuidado: neoplasia; doença do cérebro e cardiovascular; mente saudável; obesidade; doença respiratória; doença renal e diabetes.

21.204 beneficiários foram eleitos com “desequilíbrio de saúde” em uma das sete linhas de cuidado.

4.937 considerados com “desequilíbrio grave de saúde” entraram no programa de atenção primária. Iniciaram o programa ao custo de R$ 350 no mês per capita e tiveram redução no custo mês a mês, chegando a R$ 150 reais no mês per capita.

O que mais rolou no Saúde Business Forum 2015:

Consumidor-paciente quer experiências com boas sensações

SBF: Construindo empresas para durar

É preciso visão sistêmica para a Governança Integrada

SBF: um retrato hospitalar argentino e dominicano

SBF: Colaboração e empatia são fundamentais para o Design Thinking

Colaboração em rede pede por maior consciência e relacionamento

SBF: Cases do painel Oceano Azul se tornam referência no setor