A Siemens Brasil encerrou o ano fiscal de 2008 com faturamento de R$ 4,6 bilhões, um crescimento de 33% com relação a 2007. No ano em que reestruturou sua operação em três setores, Energy, Industry e Healthcare, a companhia também comemorou bons resultados no setor de saúde. “Conquistamos 32% de market share, sendo que o crescimento foi lastreado pelas vendas de Ressonância Magnética, tomógrafos e equipamentos para angiologia”, afirma o diretor de Healthcare, Renato Buselli. Em entrevista ao portal Saúde Business Web, o executivo analisa 2008 e fala dos planos da empresa para 2009.
Saúde Business Web: Quais foram os principais fatos do ano na Siemens Healthcare?
Renato Buselli: O setor de healthcare passou o ano focado na integração das áreas de Diagnóstico por Imagem e Diagnóstico in Vitro, com a consolidação das três empresas adquiridas, a Diagnostics Products Corporation, Bayer Diagnostics e Dade Behring. A divisão em três setores seguiu megatendências e trouxe bons resultados em vendas em todo o mundo, o que nos mostra que o caminho com base em tecnologia e diagnóstico in vitro é o mais correto. No Brasil, com a estabilidade econômica, o mercado se consolidou e os investimentos programados foram feitos. Hoje estamos com 32% de market share em imagem e nosso crescimento no setor foi lastreado pelas vendas de Ressonância Magnética, Tomografia e Angiologia.
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SBW: A empresa focará prioritariamente em qual perfil de clientes no setor de saúde?
Buselli: A Siemens parte do diagnóstico à terapia e engloba todos os pontos de atendimento, diversificando clientes. Em 2008, mapeamos a base instalada em 5 mil pontos de atendimento, o que nos ajudou na renovação e ampliação do parque tecnológico instalado, incluindo a conquista de outras modalidades no cliente, por exemplo, clientes dos produtos in vitro que investiram em diagnóstico por imagem.
SBW: O fim do monopólio de instituições do governo para a produção de FDG deve impulsionar também a venda de ciclotrons?
Buselli: Não imagino que o ciclotron vá ter vendas expressivas, mas, no médio prazo, o fim do monopólio vai aumentar a disponibilidade de equipamentos de PET-CT e dar condições de crescimento para pesquisa, especialmente de fármacos, com mini PET-CT e mini ciclotron, além de favorecer a produção de substâncias com uma meia-vida menor do que a do FDG.
SBW: Há alguma mudança prevista para a fábrica brasileira da Siemens, agora que as concorrentes GE e Philips também declararam o início da produção no País?
Buselli: A Siemens produz raios X no Brasil desde 2001 e está alinhada com a deliberação do Ministério da Saúde, de que o foco da indústria deveria ser em ultra-som, mamógrafos e raios X. Com esse trio, a Siemens pretende pulverizar o território brasileiro e ajudar no diagnóstico precoce de doenças. Com estes equipamentos em serviços primários, a triagem dos pacientes e encaminhamento para centros de especialidades seria melhor, o que ajudaria a reduzir os custos. Hoje, a alta complexidade está sufocada, mas não deveria.
SBW: Qual é sua opinião sobre a criação do Complexo Industrial da Saúde?
Buselli: O complexo tem o objetivo de estimular a indústria nacional e dar condições de nacionalização para otimizar a cadeia de saúde. A intenção é trazer ganhos para o País em base de custo e ampliar o mercado de trabalho. As empresas vão conseguir isso com as três linhas: ultra-sons, raios X e mamógrafos. Quando vão para uma complexidade mais alta, como Ressonância Magnética, isso não acontece, já que a base de custos e os ganhos são diferentes. Só magneto é responsável por 40% dos custos e não será nacionalizado. Outros componentes respondem por 30%. Assim, só um terço será produzido aqui, o País não vai ganhar quase nada. Além disso, pelo custo, não vai ser possível ganhar em escala, porque não há condições de ter uma ressonância magnética em cada posto de saúde.
SBW: Sob seu ponto de vista, é necessário criar mecanismos de proteção à indústria nacional, como preferência nas licitações ou aumento dos impostos de importação?
Buselli: Solicitar aumento de impostos para nacionalizar equipamentos é penalizar a cadeia de valor. Devemos trabalhar para reduzir os impostos e a burocracia na cadeia de saúde. As empresas precisam se unir para isso.
SBW: Quais são os planos para 2009?
Buselli: A unidade brasileira está no meio de uma disputa interna para produzir dois novos equipamentos em escala, não só para o País. Há uma grande chance de ganharmos os dois produtos. Também acreditamos em um crescimento de 10%, apesar da crise, porque o Real é uma moeda forte. Em Saúde, não vemos problema no primeiro trimestre do ano fiscal de 2009, que vai de outubro a dezembro. Vamos terminar com faturamento e entrada de pedidos acima do planejado. Com o backlog que temos, chegaremos ao meio do ano com tranqüilidade. O que preocupa é a instabilidade do dólar e a redução da oferta de crédito, porque o investidor pode ficar inseguro e esperar para fazer o investimento. Se o dólar se estabilizar em R$ 2,30, não haverá problemas.
Reestruturação e crescimento
Em entrevista ao portal, Renato Buselli analisa 2008 e fala dos planos da Siemens para 2009
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