Em seu segundo dia de evento, o HIS – Healthcare Innovation Show, apresentou um painel sobre as propriedades terapêuticas da cannabis, que abordou as perspectivas futuras para o tratamento e a regulamentação.
Em dezembro de 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu as propriedades terapêuticas da cannabis, retirando-a da lista de substâncias perigosas, como o crack. O tema ganha cada vez mais espaço no mundo, porém, no Brasil, o debate acontece desde a década de 1970 e o país é uma das referências em estudos sobre o assunto, tendo o médico e professor Elisaldo Carlini como precursor das pesquisas. Hoje, o Brasil é o país que mais publica sobre cannabis no mundo. A cada ano, novas descobertas sobre a planta ajudam a tratar doenças como Parkinson e Alzheimer, além de minimizar crises convulsivas.
A demanda pela cannabis medicinal está em alta. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann), as importações de produtos do tipo cresceram 110% de 2020 para 2021. Grande parte desse volume tem como destino estudos e pesquisas. Ainda assim, os painelistas que participaram do HIS – Healthcare Innovation Show ressaltaram que é preciso investir mais em educação médica e social sobre o tema. “Nem todas as faculdades de medicina abordam o tema da cannabis terapêutica como deveriam. Precisamos instruir os médicos sobre a prescrição correta do produto e informar os pacientes a respeito quando ele é indicado. Não é um medicamento que serve para tudo e todos”, explica a ex-diretora da ANVISA e Business Development Executive do Tavares Office, Alessandra Bastos Soares.
A profissional contou à audiência do evento sobre a sua participação no processo das primeiras autorizações concedidas no Brasil, em 2015. “Quando olho para trás e vejo o que foi feito desde o Dr. Carlini, penso como evoluímos e como o Brasil pode e deve se posicionar futuramente. Atualmente, integramos um comitê internacional sobre regulamentação, para atuarmos em consonância com as políticas internacionais de saúde”.
Um fato importante lembrado por outro painelista, o co-founder & CMO da The Green Hub, Marcelo De Vita Grecco, foi a obtenção da autorização da utilização no país. “O uso medicinal da planta passou a ser usado no Brasil após uma longa luta de mães de crianças especiais. Não podemos esquecer disso”.
Utilizada em diferentes tratamentos, entre eles o de dores crônicas, a regulamentação apropriada pode ampliar o acesso da população às formas de tratamento. “Temos 77 milhões de pessoas no SUS buscando tratamento para dor crônica. São pessoas que podem ser beneficiadas com mais qualidade de vida ao passo que o assunto vai ganhando mais espaço”, comentou o CEO da Cannect, Allan James Paiotti.
Os palestrantes destacaram a necessidade também de engajamento político para avanços na regulação e acesso aos tratamentos terapêuticos, além da definição clara do que é produto e o que é medicamento. O fortalecimento da vigilância sanitária sob o produto também é um ponto importante que garante a segurança e eficácia do tratamento. Para Paiotti, o uso da cannabis medicinal será o futuro da saúde: “A cannabis representará no futuro o que os antibióticos representaram para nós no século passado. Será transformador”.
O HIS – Healthcare Innovation Show termina hoje, mas ainda é possível participar. A Informa Markets criou uma promoção, com desconto especial de 50% no valor da inscrição. Basta mencionar o código PROMO50% ao se inscrever no evento.