De repente você é acometido por alguma doença. Dores, desconforto e mal-estar passam a fazer parte do seu dia. Depois do início dos sintomas, você espera alguns dias na esperança de que passe, pois não pode perder um dia de trabalho – isso implicaria em um impacto financeiro em casa. A probabilidade de mais do que um dia perdido é grande, afinal, as filas para atendimento nas clínicas e hospitais são quilométricas. Quando finalmente consegue passar em algum médico, uma série de exames é solicitada. Outra odisséia está por iniciar.
Com os exames na mão, você espera alguns dias mais para o retorno ao médico. Enquanto tudo isso acontece, o mal-estar persiste. Ao olhar os resultados o médico não sabe dizer qual o seu problema e o encaminha para um especialista. Estaca zero. Não tem escolha, levanta a cabeça e continua a tentar resolver o incômodo diário.
E assim por diante?
É provável que você não se identifique com a saga descrita acima. Se for o caso, é provável que você faça parte de cerca de 20% da população mundial que possui acesso à assistência médica de qualidade. Tal cenário foi exposto por alguns líderes do setor de saúde reunidos durante o Congresso Mundial de Assistência Médica da América Latina nesta terça-feira (25), no Rio de Janeiro. O painel sobre “Inovações Globais” chegou ao consenso de que sem uma revolução mundial no modo como se oferta à saúde, milhares de pessoas continuarão excluídas do sistema – sem acesso ao bem mais valioso para a humanidade.
“Temos que parar para pensar todos os dias sobre como podemos contribuir para mudar o modelo atual, e não adianta somente pensar na produção mais barata, na eficiência dos hospitais, na questão das barreiras regulatórias, é preciso algo maior, algo realmente revolucionário”, ressalta o presidente da Medtronic para América Latina, James Hogan.
A cultura que envolve a forma de assistência atual está por traz de qualquer obstáculo que poderia ser listado. Para o Secretário municipal de saúde do Rio de Janeiro, Hans Dohmann, o segredo está em colocar o paciente no centro, sendo atendido com uma medicina personalizada, onde todos os agentes do sistema participem de forma harmônica. “No Rio de Janeiro estamos passando por uma mudança significativa, promovendo o acesso à assistência básica a mais de 400 mil pessoas. E é impressionante notar como o comportamento da população mudou diante das novas unidades de saúde. Quando alcançamos a inovação, todas as partes sofrem uma transformação rápida”, exemplifica Dohmann.
Enquanto a revolução cultural e, mais do que isso, a transformação da visão equivocada não acontece, outros fatores “menores” continuam sendo considerados essenciais para inovar: colaboração sob forma de parcerias, apoios comerciais, captação de fundos, conhecimento compartilhado, proteção de patentes e regiões unificadas em termos regulatórios.
“A Saúde das pessoas é a decisão mais importante. O financeiro não pode sobrepor-se a isso. Se continuarmos como estamos, o mundo continuará indo a falência”, afirma Hogan.
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