À beira de um colapso financeiro, a ala da Maternidade da Santa Casa de Ribeirão Preto está em vias de sofrer uma intervenção branca da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
Em um mês, se não reverter a dívida de energia elétrica (na casa dos milhões), será iniciado um processo de intervenção branca e a CPFL nomeará um membro para integrar a mesa diretora do hospital.
A mesa, alvo de críticas por parte do corpo clínico da Santa Casa, já tentou em vão medidas para punir os responsáveis pelas finanças do Hospital.
Segundo a Ginecologista Maria Cecília Feitosa, Chefe da maternidade da Santa Casa, “nesse ritmo a ala de Maternidade da Santa Casa corre sérios riscos de fechar, se essa gestão do Hospital não mudar a atitude”. A ginecologista ressalta ainda que está enfrentando sérias dificuldades para receber os pacientes encaminhados pela Prefeitura de Ribeirão Preto.
Esta dificuldade é explicável segundo Maria Cecília: “para enviar um paciente à Santa Casa, a Prefeitura precisa desembolsar de sua própria verba, enquanto para encaminhar um paciente para a Maternidade do Complexo Aeroporto (MATER) o custo é inexistente para a Prefeitura, pois esses são transferidos para a responsabilidade do governo estadual”.
Ricardo Lessa, Coordenador do Curso de Medicina da Universidade Barão de Mauá acredita que não exista a possibilidade de fechar qualquer setor do hospital. “O Ministério da Saúde não deixaria que isso acontecesse. Lá funciona um Hospital de Ensino, e sem a residência Médica não há como formar profissionais de saúde, transformando uma situação administrativa em um problema para a população e para o Centro Universitário”.
Ingerência administrativa
Para o Secretário Municipal de Saúde, Dr. Oswaldo Cruz Franco, não existe má vontade de lugar algum. Segundo ele, o real problema encontra-se apenas na mesa diretora da Santa Casa, que “não paga os médicos em dia e não cumpre as regras determinadas pelo Estado que qualificariam o Hospital a receber verba do governo estadual”.
O Secretário de saúde ainda cita os R$ 320 mil adicionais em que o governo do estado de São Paulo paga apenas para o Hospital Beneficência Portuguesa, por ser o único a atender os requisitos de credenciamento no programa Pró-Santa Casa 2, que consiste em um pacote de ajuda às Santas casas, para diminuir o déficit causado pela falta de reajuste da tabela de procedimentos do Ministério da Saúde.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, “Para participar do programa, os hospitais filantrópicos devem ter no mínimo 30 leitos atendendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) e garantir atendimento regional, ou seja, não apenas aos pacientes dos municípios onde estão localizados (pelo menos 20% do atendimento deve ser para outros municípios)”. A Santa Casa há pouco mais de um ano e meio encaminha pacientes de outros municípios para o Hospital das Clínicas, segundo a própria Santa Casa, para “evitar a superlotação de leitos”.
Atualmente a Santa Casa recebe apenas os R$ 100 mil mensais oriundos da Prefeitura de Ribeirão Preto, que também favorece com o mesmo valor a Beneficência Portuguesa.
MATER
No meio dessa troca de farpas está a Maternidade do Complexo Aeroporto (MATER), que com capacidade de atender em média 450 partos por mês, cobre mais do que a demanda do Município de Ribeirão Preto, que somando a todos os usuários da rede privada de saúde, resultam em pouco mais de 500 nascimentos por mês.
O Hospital já está destinado a se transformar, pelas mãos do governo estadual, em Hospital Regional da Mulher. Para o Dr.Oswaldo, sem essa evolução a MATER ficaria muito ociosa atendendo apenas a partos. Para ele, o Hospital deve ser um centro de excelência em atendimento à mulher.
Notícia na íntegra em:
http://www.indiq.com.br/vernoticia.php?id=750