Demanda infinita versus verba restrita. Até mesmo em instituições do porte do Hospital Israelita Albert Einstein, que conta com um faturamento de R$ 800 milhões, referente a 2008, e realiza investimentos em expansão na ordem dos R$ 500 milhões que prometem duplicar o espaço físico, passam por essa matemática. Conhecido por ser um hospital de vanguarda, a instituição realiza uma análise acurada dos investimentos que serão realizados, inclusive na área de tecnologia, uma de suas marcas. “Possuímos uma governança muito clara”, aponta o diretor executivo de TI, Sérgio Arai.

Tudo começou com o planejamento anual, iniciado em 2005, e que é mantido até hoje. Segundo Arai, o primeiro processo de planejamento foi difícil, pois ainda não havia dentro do hospital essa cultura de planejar as ações futuras. No entanto, já reconhecia na época uma tendência de profissionalização no mercado de saúde – e planejamento estratégico estava dentro desse processo. Foi assim que se deu início o primeiro plano anual de TI, que passou a contar com a colaboração de técnicos em tecnologia e o corpo clínico. “De um lado ouvíamos as necessidades das áreas, do outro, as sugestões dos especialistas em tendências tecnológicas. As duas abordagens são essenciais para que haja coerência entre a tecnologia implantada e a demanda do hospital.”

Com várias sugestões vindas dos comitês das áreas, surgiu uma grande dificuldade: definir o que é prioridade. “De tudo que foi identificado como necessidade no Albert Einstein em 2009, 30% será realizado no próximo ano. Tudo é importante, mas é preciso analisar sob aspectos de custo, benefício financeiro, assim como qualidade e segurança geradas.” E para que novas tecnologias não sejam implantadas indevidamente, criando mais custos ou disparate, há uma arquitetura de padronização de tecnologia e componentes. Ou seja, tudo o que é novo deve trabalhar alinhado com o que está estruturado.

O diretor executivo de TI também explica que o planejamento anual não pode ser algo rígido ou engessado, porque sempre podem surgir demandas não programadas. Quando isso acontece, um comitê formado pelo presidente do Albert Einstein, seus dois vice-presidentes, diretor geral e até mesmo convidados de fora da instituição, discute novas necessidades e resultados obtidos em suas reuniões mensais. “Ao longo do ano, cada setor vai prestando contas do que está sendo realizado. Sempre há espaço para mudanças necessárias e novas sugestões, desde que bem fundamentadas.”

Resultados na prática

Essa maneira de gerir a tecnologia já gerou vários resultados dos quais a instituição sente muito orgulho. Um deles é a plataforma integrada SAP, que este ano incorporou a área de Recursos Humanos, até então fragmentada em vários sistemas na unidade. “Quando o sistema foi totalmente instalado, registramos quase nenhum acesso ao helpdesk. Tínhamos pouquíssimos problemas de uso.” Outra novidade nascida na instituição é o Einstein Mobile, aplicativo disponível para smartphones BlackBerry e iPhone que permite acesso móvel a informações clínicas e cirúrgicas do Einstein. Tanto o SAP como o Einstein Mobile passaram por esse processo de análise de qualidade e retorno quantitativo, e comprovaram que o método tem dado certo.

Como em todo hospital, o Albert Einstein também precisa decidir de onde irá retirar os recursos para investir em tecnologia. A decisão normalmente corre no sentido do autofinanciamento. Por isso a instituição tem lutado para realizar um uso eficiente dos recursos.

Para Arai, é neste ponto que a tecnologia ainda tem muito com o que contribuir. “A relação baixo custo com alta qualidade ainda não atingiu a tecnologia. Somente no momento que analisarmos nossa base de dados, finalmente integrada 100%, e realizarmos um uso inteligente dessas informações, essa conta será reduzida.” Por enquanto, no Albert Einstein, o banco de dados é formado pelo controle de custos e de medicamentos por paciente. “Ainda há muito o que ser feito”, aspira o diretor executivo, consciente de quando o assunto é tecnologia, as novidades nunca param de chegar.

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