A Unimed Paulistana sofreu ontem mais um golpe contra sua tentativa de sair de uma crise que se arrasta há mais de um ano. A empresa entrou na lista nada honrosa de operadoras de saúde que terão de suspender a venda de seus produtos por não cumprirem os prazos máximos fixados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para marcação de consulta, exames e cirurgias. E esta é só a ponta do iceberg de problemas enfrentados pela cooperativa. No final de 2012, a operadora demitiu o CEO Maurício Neves para dar início a um processo de reestruturação, em um ano marcado por dificuldades no relacionamento com a agência reguladora e problemas financeiros. Por decisão da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração, o cargo de CEO foi extinto e a empresa promoveu modificações estruturais para tentar trazer a empresa de volta ao rumo do crescimento. “Nossa intenção é cumprir o plano de recuperação apresentado à (…) ANS em julho do ano passado e aproveitar essa oportunidade para aperfeiçoar nossa estrutura operacional”, afirmou o médico Paulo Leme, que desde novembro de 2009 é diretor-presidente da empresa, ao jornal institucional da companhia “Cooperativa, Nosso Negócio”. A saída de Neves deixa um ponto de interrogação nos planos de profissionalização da companhia, iniciado em 2009. O executivo foi o primeiro CEO da cooperativa de saúde em 38 anos de atuação. Ex-auditor independente da KPMG, da Arthur Andersen e da presidência da Transpetro, ele assumiu o desafio de tirar a empresa do regime de direção fiscal da ANS, determinado na época por “anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves”. Por um período, a lição de casa foi feita. Em março de 2011, a cooperativa saiu da intervenção ao conseguir reverter os resultados ruins: o prejuízo de R$ 97,7 milhões em 2009, se tornou um lucro de R$ 44,9 milhões um ano depois; e da dívida de R$ 1,1 bilhão, sobraram cerca de R$ 300 milhões, na época em aprovisionamento. Hoje, segundo o jornal institucional da empresa, a projeção é que a Unimed Paulistana termine 2012 com déficit em torno de R$ 100 milhões – o mesmo prejuízo de 2009 – e que passe a se tornar superavitária novamente, só em 2014. Frente a este cenário, que reflete na qualidade do atendimento, o estranho é Unimed ter recebido com “surpresa” a determinação da ANS de que o negócio voltará para a direção técnica da agência. “A Unimed Paulistana não tem medido esforços para melhorar seus padrões de atendimento, com mudanças de procedimentos e aumento do número de atendentes em seu call center, entre outras medidas”, informou por meio de comunicado. De fato, além da redução em sua estrutura gestora – com a extinção de suas superintendências -, a empresa está buscando formas de cortar custos e melhorar os índices de reclamação. A cooperativa cancelou seu espaço no Credicard Hall e desenvolveu um projeto batizado de “NIP Zero”, para reduzir as ocorrências junto a ANS. Trata-se de medida para reduzir as Notificação de Investigação Preliminar, quando os clientes, cansados do descaso das operadoras, se queixam diretamente à ANS. Procurada, a Unimed disse que além do comunicado sobre a suspensão de venda de planos, não iria se manifestar.
Fonte: Brasil Econômico/parceiro do Saúde Web (IT Mídia)
Unimed Paulistana corta CEO e reduz diretoria
Empresa é uma das 28 operadoras de saúde que estão sob monitoramento da ANS por baixa qualidade
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