A incidência de cânceres no mundo cresceu 20% na última década, sendo registrados 12 milhões de novos casos ao ano – número superior à população da cidade de São Paulo -, informou nesta última quarta-feira a ONG World Cancer Research Fund (WCRF).
Para se ter uma ideia, na última década, a população global passou de ao redor de 6,2 bilhões de pessoas a 6,9 bilhões (aumento de cerca de 11%), segundo estatísticas da ONU. Os cálculos do WCRF, feitos a partir de dados da Organização Mundial da Saúde, apontam que cerca de 2,8 milhões desses casos estão relacionados à alimentação, às atividades físicas e ao peso da população, “número que deve crescer dramaticamente ao longo dos próximos dez anos”, segundo a ONG.
O alerta é feito em antecipação à conferência da ONU, entre 19 e 20 de setembro, sobre as chamadas doenças não transmissíveis – câncer, males cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e diabetes.
Comunicado da WCRF afirma que as doenças não transmissíveis são uma ameaça ao mundo inteiro e, em particular, países em desenvolvimento.
Brasil
No caso do Brasil, os dados mais recentes levantados na pesquisa, disponibilizados pelo banco de dados Globocan, da OMS, datam de 2008 e apontam que os tipos mais comuns de câncer são, entre os homens, o de próstata (com 41,6 mil casos registrados) e pulmão (16,3 mil).
Entre as mulheres brasileiras, a maior incidência era de câncer de mama (42,5 mil casos) e de colo do útero (24,5 mil).
Para a WCRF, também aqui muitos casos de câncer têm relação com o estilo de vida. De acordo com o porta-voz da ONG, Richard Evans, cerca de 30% dos tipos de câncer que estudamos no Brasil estão relacionados à dieta, às atividades físicas e ao peso.
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do IBGE, apontam um ritmo crescente de obesidade entre as crianças brasileiras: cerca de 16% dos meninos e 12% das meninas com idades entre 5 e 9 anos são hoje obesas no país, quatro vezes mais do que há 20 anos.
O aumento recente da renda média do brasileiro levou à substituição dos alimentos naturais pelos industrializados e a maiores níveis de estresse e sedentarismo, que estão por trás do crescimento dos índices de obesidade na população, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil em agosto.
O movimento foi acompanhado por um aumento nas taxas de excesso de peso, que passaram de 42,7%, em 2006, para 48,1%, em 2010, segundo pesquisa do Ministério da Saúde.
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