O pensamento peculiar de dois jovens recém -formados pela Faculdade de Medicina da USP fez com que o futuro fosse antecipado nos anos 80, com o surgimento de um modelo de negócio até então pouco explorado pelo setor: a criação de um laboratório de patologia cirúrgica.
Fundada por Filadélfio Venco e Roberto Ibrahim, a Diagnóstika nasceu da proposta de uma marca perene e maior do que a imagem individual dos médicos envolvidos no projeto.
?Queríamos ser referência numa marca que conduzisse o segmento para uma condição de evolução em patologia cirúrgica e, para isso, era preciso um laboratório. Assim montamos algo diferente das demais clínicas que, em sua maioria, leva o nome dos fundadores?, conta Venco, presidente da empresa.
Não satisfeitos em lançar a Diagnóstika para o mercado, após um ano de empreendimento os executivos perceberam que se a especialização é uma tendência mundial em saúde, nos diagnósticos de alta complexidade não poderia ser diferente. Assim, barreiras foram quebradas e o caminho traçado era o certo: buscar conhecimento em países modelo.
De malas prontas, Venco seguiu para o Japão, onde se especializou em tumores no aparelho digestivo pela Universidade de Tsukuba. Dois anos depois, foi a vez de Ibrahim viajar para os Estados Unidos, mais especificamente para a Harvard Medical School.
Hoje, o presidente da empresa afirma ter capacidade para examinar todos os tecidos do corpo humano. ?A Diagnóstika tem equipes de superespecialistas que atendem a praticamente todas as áreas médicas, consolidando nosso objetivo de desenvolver e aplicar um modelo único em patologia cirúrgica, global e reprodutível?.
Foco na especialidade
O laboratório ganhou destaque em 1990 ao atuar com gerenciamento de fluxo de trabalho. A oportunidade permitiu que Venco entendesse que o mercado queria falar com o patologista especialista. Atualmente, a empresa tem 25 médicos com título de especialistas, sendo que a média nacional é de dois profissionais com essa formação por laboratório, segundo o executivo.
?Todas nossas especialidades são cobertas por patologistas especialistas. E nas linhas de frente, que hoje são imunopatologia e biologia molecular, temos profissionais conhecidos nacionalmente, como na urologia?, considera.
Para Venco, a oncologia caminha para a medicina personalizada, onde o tratamento é baseado no DNA do tumor. ?Com toda nossa equipe, estamos preparados exatamente para a biologia molecular capaz de reconhecer o DNA de cada tumor que, por conseguinte, permite um tratamento dirigido para essa linha personalizada?, explica o executivo.
Atualmente este departamento ainda é considerado pequeno por Venco, embora seja o de maior crescimento dentro do laboratório, com saltos de 100% ao ano. ?Infelizmente estamos em um País que ainda não tem escala para isso?, lamenta.
Solução para as carências
Com um volume de 450 mil exames ao ano, a Diagnóstika acredita que o portfolio amplo, suportado por especialistas em cada área, é um diferencial. Principalmente em um mercado onde normalmente os laboratórios são isolados, sem soluções integradas. ?Aqui temos profissionais apoiando cada um de nossos departamentos, o que não é nada comum no Brasil?, diz o presidente da empresa.
Mas nem tudo ocorre tão bem. Venco lida com a escassez de médicos patologistas especializados no setor. E para reter mão de obra, o laboratório elaborou um projeto com consultoria externa para plano de carreira com o intuito de incentivar as pessoas a se comportarem como empreendedores, despertando o potencial que os profissionais têm como desenvolvedores do negócio.
?Na medida em que ele atende bem o seu cliente, cria a carteira pela qual é responsável e isso transforma sua profissão num plano de carreira, onde passa a ter cada vez mais responsabilidade de gestor de conta e, claro, passa a ser remunerado para tal?, revela.
Resgatar a condição de médico autônomo e apoia-los no desenvolvimento técnico é o grande foco do projeto Gente, que já começa a sair do papel e ganhar forças dentro da Diagnóstika. ?O Brasil não tem escola para técnicos no nosso setor, é uma carência que estamos buscando suprir.?
Diagnóstika estimula profissionais a participar da gestão
O presidente da Diagnóstika, Filadélfio Venco, quer se tornar líder do segmento apostando na gestão profissionalizada e em soluções integradas
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