Na semana passada coordenamos um workshop para a imprensa sobre Saúde Suplementar. De autoria da Fazio Consultoria e contando com três renomados palestrantes do setor, o evento apresentou um panorama do sistema de saúde brasileiro, desde a Constituição de 1891 até os dias atuais, traçando um paralelo entre o segmento púbico e privado.
Sem a pretensão de propor soluções para o modelo vigente de ambos os setores, o workshop procurou esclarecer à imprensa o conceito em operação pelo mercado e sua inviabilidade de resultados satisfatórios para a população que é atendida pelos serviços de saúde.
De um lado um Estado que deveria garantir – como diz a constituição – a todo cidadão o direito a saúde, mas que acabou por abrir margem para a formação de um segmento privado concorrente do qual, ele Estado, cobra ações que nem de longe seria capaz de suprir.
Do outro lado o segmento privado, formado por centenas de empresas – entre muitas despreparadas econômica e operacionalmente e que ficam refém de uma agência reguladora que não sabe a que “senhor” atender (governo, empresariado ou consumidor), impondo resoluções a granel sem, no entanto, ter capacidade de fiscalização e gerenciamento da crise gerada às empresas e à população cliente dos serviços.
Como bem colocado pelo consultor em saúde suplementar, Pedro Fazio, a sociedade segue discutindo carência, reajuste anual e por faixa etária, doença e lesão pré-existente e ressarcimento ao SUS, quando deveria questionar o porquê do sistema suplementar – com 41 milhões de usuários – investir o mesmo valor que o SUS; ou mesmo quem viabiliza os centros de excelência ou ainda como acontece a incorporação tecnológica. A quem interessa a concentração de mercado que se vê se diariamente e o porquê de o mercado não adotar o modelo de concessão de serviço público?
Ao ver a apresentação do especialista em atuária, Antonio Batalha, fica clara a viabilidade do modelo de gestão do mercado de seguros, que poderia facilmente ser praticado pelas empresas de medicina de grupo, operadoras e cooperativas. Mas o que parece básico, simplesmente não acontece e aí continuamos como cachorro correndo atrás do rabo, ou seja, debatendo normas operacionais.
* Érika Baruco é jornalista/comunicadora
As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicadas refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação.