De prestador de serviços a um parceiro na gestão. Esse foi o rumo da Angiocardio dentro do Hospital Bandeirantes, de São Paulo. Fundada em 1992, a empresa foi contratada naquele mesmo ano pelo hospital da capital paulista para oferecer serviços de hemodinâmica e cateterismo, mas o bom desempenho fez com que o contrato fosse além do combinado.
Ao longo de seis anos o Bandeirantes e a Angiocardio trabalharam com equipes e aparelhos em números reduzidos e, a partir de 1998, veio o primeiro plano de crescimento: a aquisição de novos equipamentos, avaliados em US$ 1,5 milhão.
“Esse investimento foi feito por conta do hospital. Hoje nós temos apenas dois aparelhos de hemodinâmica dentro da unidade”, conta um dos sócios da Angiocardio, Hélio Castello, que logo teve sua função de prestador de serviço pequena na visão do Hospital Bandeirantes, que mudava seu foco para expansão e desenvolvimento da instituição.
Pouco tempo depois, a Angiocardio propôs fazer uma gestão compartilhada para alavancar o sistema de hemodinâmica dentro do hospital, sendo responsável por gerir os serviços da unidade em termos de atendimento e em escolhas de materiais e equipamentos, formatação de protocolos, entre outros. “O projeto visava atendimento diferenciado para o paciente, com um toque mais humanizado e inovador do que se espera no serviço que oferecemos.”
Um dos grandes diferenciais foi o serviço chamado de 24/7/365, segundo Castello. Daquele momento em diante o hospital, por meio da Angiocardio, passou a oferecer equipe especializada no setor 24 horas por dia, sete dias da semana e 365 dias no ano. “Há 18 anos a Hemodinâmica era pouco utilizada como um serviço de urgência e hoje ela é uma extensão do Pronto Atendimento.”
Com a chegada do ano 2000, as necessidades do hospital se tornaram mais agressivas e fizeram com que a Angiocardio realizasse um trabalho junto com os clientes médicos, fontes pagadoras e os próprios pacientes, definindo ações específicas para cada um.
Os convênios e o próprio SUS passaram a ter protocolos de atendimento com previsibilidade de custo e indicadores de performance elaborados com base no histórico de 50 mil procedimentos realizados pela Angiocardio dentro do Bandeirantes.
Já os usuários do serviço, além de terem atendimento 24 horas, contam com laudo imediato e digitalizado. Os profissionais da saúde foram treinados para atender especialmente os pacientes da Hemodinâmica. “Esse processo deu tão certo que em 2003 nos tornamos um centro de formação de médicos especialistas dentro da instituição”, conta Castello.
Reconhecido pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intensivista (SBHCI), o centro forma dois profissionais por ano e o curso tem duração de 48 meses.
Parceria Público Privada (PPP)
A relação da Angiocardio com o Hospital Brandeirantes estava prestes a mudar. Com o intuito de se tornar um grupo e não mais apenas um hospital, o Bandeirantes iniciou em 2004 uma Parceria Público-Privada (PPP) com o Hospital Vale do Paraíba, de São Paulo.
Após um ano, o contrato com a Angiocardio foi estendido para que a empresa levasse o modelo de gestão do Bandeirantes para o Vale do Paraíba, com apenas uma diferença: sendo responsável pela aquisição de um novo equipamento de Hemodinâmica.
“A compra foi necessária porque o aparelho disponível no hospital era muito antigo e não dava conta da demanda”, afirma Castello. O investimento foi de US$ 600 mil e permitiu o avanço de 50 procedimentos/mês.
O executivo viu o processo se repetir quando o então Grupo Bandeirantes inaugurou o Hospital Leforte, em 2009. Com o mesmo valor do contrato assinado anteriormente, a Angiocardio desembolsou outros US$ 600 mil para o mesmo fim na nova instituição. “Nesse hospital, assim como no Vale do Paraíba, nós somos terceirizados para fazer gestão e investimento em tecnologia.”
Confiança
Pelo lado do negócio, Castello afirma que o contrato com outros dois hospitais proporcionou o crescimento da empresa. “Por meio da gestão unida nós estendemos a parceria com fornecedores e esse tipo de retorno não é aceito por outras instituições. Essa confiança do Bandeirantes na Angiocardio deu um padrão de qualidade ao hospital, permitindo a acreditação nível 3 da ONA [Organização Nacional de Acreditação].”
Para 2010, o projeto da empresa é investir consideravelmente no Hospital Leforte com foco em se tornar referência de atendimento cardiovascular naquela região.
E ainda, a Angiocardio deve ampliar o seu atendimento no Hospital Bandeirantes a partir da inauguração do novo prédio, prevista para o primeiro semestre do ano.
“Todo esse projeto desenvolvido junto com o grupo Bandeirante fez nosso faturamento crescer sete vezes nos últimos 10 anos”, conclui.
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