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Ciência de dados: os benefícios à Saúde (e os riscos para ficar de olho)

Article-Ciência de dados: os benefícios à Saúde (e os riscos para ficar de olho)

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A tecnologia, que hoje já otimiza os serviços de Saúde, tem potencial de combinar diferentes dados para prever acontecimentos futuros. Mas como será que usaremos essas informações no futuro?

Oito em cada dez executivos de inúmeras empresas ouvidos em 18 países, incluindo o Brasil, acreditam que a habilidade de aprender com o futuro será importante para suas organizações obterem sucesso nos próximos anos. E, para fazer isso, eles utilizam cada vez mais a ciência de dados, com ferramentas como analytics e inteligência artificial, para apoiá-los na tomada de decisões e definir estratégias que antecipam tendências. Aliás, esse dado que acabo de contar foi  adiantado no relatório Business Futures 2021: Signals of Change, da Accenture.

Mas, se os benefícios da ciência de dados para traçar novas estratégias de negócios são indiscutíveis para as lideranças, convém que elas também reflitam sobre alguns aspectos que podem significar um risco, se não forem bem elaborados. No caso específico da Saúde, os riscos do mau desenvolvimento da tecnologia podem comprometer a segurança do paciente e a equidade de acesso.

Se a ciência de dados é cada vez mais usada para apoiar a tomada de decisão, imagine então se ela passar a ser capaz de tomar TODAS as decisões por nós? Na Saúde seria como se o sistema - e apenas ele - fosse responsável por tomar decisões importantes para o diagnóstico e tratamento de doenças, sempre a partir de análises preditivas antecipadas em décadas. Como será que esse tipo de informação poderia ser usado por operadoras de Saúde, por exemplo?  Difícil pensar nesse futuro, né?

Só que foi justamente isso que o 5º episódio da podsérie “E se…?” fez ao questionar dois especialistas na área sobre como seria o mundo se a ciência de dados passasse a decidir tudo por você? Quem topou participar desse exercício de futurologia trazendo muitos dados importantes foi a Alessandra Montini, diretora do Laboratório de Análise de Dados (LabData) da FIA; e o Jairo da Silva Freitas Júnior, pesquisador e cofundador da Lablift, healthtech que busca desenvolver inteligência artificial para área da Saúde. Se você já ficou interessado em saber como esse papo rolou, é só clicar aqui para ouvir na íntegra.

Benefícios de sobra

O potencial da ciência de dados já é bastante conhecido no meio acadêmico desde a década de 1970, mas foi nos últimos anos que as empresas “descobriram” seu potencial para o apoio à tomada de decisões-chave. Por isso, o número de empregos nessa área aumentou quase à mesma medida que a capacidade de processamento dos dados, que dobra a cada dois anos, segundo a Lei de Moore. Outros fatores, como o barateamento da tecnologia e do custo para o armazenamento dos dados também foram importantes para democratizar a sua utilização pelas empresas de software.

“Nós não devemos temer a tecnologia, mas todos precisamos ter bastante clareza sobre o que
ela faz, o que ela pode fazer, qual é o papel dela e qual o seu papel, como usuário”
Alessandra Montini, diretora do Laboratório de Análise de Dados (LabData) da FIA
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Na área da Saúde tudo isso já resulta em dois modelos de aplicação importantes, como explica Freitas Jr.: Há aplicações que estão mais voltadas para o negócio da Saúde e outras que buscam melhorar a saúde das pessoas. A gente já vê resultados nessas duas áreas, mas até pelo menor risco de segurança ao paciente, hoje a tecnologia é mais comum na otimização da eficiência das instituições hospitalares, dos planos de saúde, de toda a cadeia de Saúde considerando o aspecto de gestão.”

Em termos práticos, a ciência de dados está presente tanto na gestão de saúde populacional quanto no apoio ao diagnóstico e prognóstico de pacientes. “Dá tentar prevenir que algo aconteça e também, uma vez que o paciente manifeste algum tipo de sintoma, ajudar que esse diagnóstico aconteça da melhor forma possível para aumentar a sobrevida”, conta Freitas Jr., deixando claro que tudo isso sempre acontece com intervenção humana ao final, para que a tecnologia seja sempre o apoio e o profissional intervenha e faça uma análise crítica daquele resultado apontado.

“Eu não diria que a gente vai ficar refém da ciência de dados, mas, sim,
que a gente vai ficar dependente dela. Nós podemos e poderemos escolher não adotar
o modelo preditivo no futuro, mas nós vamos querer isso?”
Jairo da Silva Freitas Júnior, pesquisador e cofundador da Lablift
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E o pior risco possível?

Segurança e manipulação dos dados aparecem como os primeiros receios na lista dos riscos de um mau desenvolvimento da tecnologia e das análises preditivas. “Penso que o pior cenário seria a tecnologia ser empregada de forma não supervisionada, permitindo que os algoritmos do futuro reproduzam decisões injustas que permearam o modus operandi do passado”, descreve Freitas Jr. 

Já Alessandra lembra que “isso é bem perigoso, porque sempre que você tem tecnologia, você tem a porta aberta para uma invasão, para alguém invadir e fazer algo muito terrível para a humanidade.”

E como cuidar hoje para que essas previsões não se concretizem nem na área da Saúde nem em tantas outras que já usam a ciência de dados diariamente? Os especialistas são unânimes em responder que é preciso usar a tecnologia com responsabilidade, refletindo sobre questões éticas e o potencial daquilo que está sendo desenvolvido. E, sempre, deixar o ser humano ser o tomador de decisões final. A tecnologia é sempre um apoio importante para oferecer informações e dados, mas não podemos deixar que ela passe a mandar e ditar as regras do jogo.

Ouça os outros episódios da Podsérie "E Se…"

Episódio 1 - E se... a inteligência artificial substituir você?

Episódio 2 - E se... a internet das coisas for controlada pelo crime?

Episódio 3 - E se... a cibernética permitir que a consciência sobreviva em uma máquina depois que você morrer?

Episódio 4 -  E se... a Internet do Comportamento moldar seu cérebro?

Episódio 5 - E se... a ciência de dados tomar todas as decisões por você?

Por Renata Armas, redatora da agência essense