Recentemente foi divulgado o resultado da pesquisa sobre os planos de saúde que utilizam indicadores de qualidade em seus modelos de remuneração, vinculando parte da remuneração a estes indicadores. Esta pesquisa foi feita pelo Catalyst for Payment Reform (CPR), uma organização independente, sem fins lucrativos, de empregadores e outros compradores de serviços de saúde criada nos EUA em 2009.

A Scorecard nacional (EUA) sobre reforma dos pagamentos em saúde em 2014 demonstrou que 40% de todos os pagamentos feitos para redes próprias são orientados ao valor, vinculados a performance ou ainda desenhados para reduzir desperdício. Os modelos tradicionais de fee-for-service, pacotes, capitação global ou parcial sem incentivos baseado na qualidade fazem os 60% restantes.

O que chamou a atenção é que este número cresceu rapidamente. Em 2013, apenas 11% dos contratos possuíam metas de qualidade.

Os dados deste Scorecard nacional vieram de 39 planos de saúde os quais cobrem em torno de 101 milhões de vidas, representando 65% do mercado de seguros privados nos EUA. Uma amostra considerável.

É digno de nota o crescimento dos modelos de remuneração onde possuem metas de qualidade a serem atingidas. Temos provocado esta discussão no mercado de saúde Brasileiro há alguns anos, onde trazemos como opção um modelo híbrido de remuneração. Seja salário ou por procedimento ou ainda por “pacote”, sempre é recomendado que uma parte do ganho seja atrelado a qualidade da prestação de serviço. Ou melhor, mantém-se o ganho tradicional, mas inclui um percentual de performance para ser disponibilizado, além deste ganho, aos profissionais e prestadores que gerem valor aos pacientes.

O importante é entender que não se trata de uma mudança radical, mas de uma mudança necessária a qual deve ser feita gradualmente. Não podemos esquecer que a o grande objetivo é melhorar a qualidade da assistência prestada e reduzir os desperdícios. Sabe-se que muito se desperdiça em saúde através de processos administrativos que não agregam valor ao paciente.

Vale lembrar que o conceito de desempenho ou “performance” em saúde está diretamente relacionado às ações que aumentem a percepção de valor do paciente. Retomando este conceito, valor é uma fórmula simples que divide o beneficio pelo esforço. “Benefício” é qualidade de vida relacionada à saúde e a experiência do paciente com o atendimento que lhe foi prestado. Por outro lado, “esforço” refere-se a questões relativas ao acesso e preço.

Se tivermos este o foco para os modelos e programas de pagamento por performance, não tenho dúvidas de que qualquer médico, prestador de serviço ou instituição de saúde bem intencionada, estimule ações deste tipo.