Entrevista realizada com Consultor da Province aponta as principais dificuldades na administração de serviços de saúde

1. Province Saúde: Quanto tempo você atuou como gestor de serviços de saúde?

Guido: Foram 16 anos de dedicação e aprendizado atuando em serviço de apoio diagnóstico e terapia. No início peguei um período de transição onde atendíamos somente o SUS e pacientes particulares. Na sequência, começamos a atender as cooperativas médicas e planos de saúde. Na época a inflação estava em alta e o modelo de contratação mudou rapidamente. Foi o início das contratações de operadoras de planos de saúde com contratos formais e remuneração através de tabela com valores e códigos definidos na Tabela AMB – Associação Médica Brasileira.

2. Province Saúde: Na sua prática diária quais os principais problemas encontrados para administrar serviços de saúde?

Guido: Não havia informatização no serviço em que eu atuava. Portanto, as decisões eram tomadas de forma empírica, pelo gestor do serviço. As informações não eram confiáveis. Havia poucos profissionais de administração preparados para atuar em serviços de saúde. Tive que buscar muitos cursos, que eram poucos e com qualidade questionável, para compreender a complexidade que envolve esse setor. Também buscamos a informatização dos processos de atendimento, emissão de laudos de exames, faturamento das contas assistenciais e outros processos operacionais.

Um fator relevante é que não havia preocupação com a “satisfação do cliente”. Não fazíamos pesquisas relacionadas às principais necessidades do cliente para auxiliar nas tomadas de decisões e melhoria dos processos operacionais. Hoje vejo que a qualidade no atendimento ao cliente é um valor agregado como vantagem competitiva e um grande diferencial entre serviços na saúde.

3. Province Saúde: Como você vê a rotatividade dentro dos serviços de saúde?

Guido: A falta de preocupação e valorização com a formação e capacitação da equipe administrativa refletia na insatisfação e desmotivação dos colaboradores do serviço, resultando numa alta rotatividade dos colaboradores. A visão de empresa não era prática e se não se preocupava com a gestão do negócio.

4. Province Saúde: Quais as principais dificuldades para manter as pessoas na organização de saúde?

Guido: O bom profissional em qualquer área quer ganhar bem e na saúde não é diferente. Os colaboradores de nível médio são tratados como de baixo investimento quando comparado aos profissionais da classe médica. Esta era a maior dificuldade de se reter os talentos. Por outro lado, alguns benefícios podem contribuir para a retenção de talentos, dentre eles plano de saúde e/ou odontológicos, programas de qualidade de vida, capacitação dos colaboradores, entre outros.

5. Province Saúde: Você poderia deixar uma mensagem direcionada aos prestadores de serviços de saúde, para auxiliar no processo de administração dos serviços de saúde?

Guido: Antes de mais nada, a organização da empresa é primordial. Isto implica na elaboração de processos operacionais de trabalho – normas e rotinas. Também é necessário que a organização de saúde possua um sistema de informações de boa qualidade, para que se possam coletar dados e gerar informações confiáveis que efetivamente auxiliem no processo de tomada de decisões estratégicas a organização. Errar custa caro, num setor com margens de lucro muito baixas.

Também é importante que a organização implemente ferramentas de gestão com enfoque em treinamento e capacitação dos colaboradores, planos estratégicos que contemplem a manutenção, a sustentabilidade e o crescimento da empresa. Os investimentos são fundamentais para se ter inovação tecnológica e de infra-estrutura.

Guido Ludwig Filho – Especialista em Finanças e Controladoria – PUC-PR, Especialista em Direção de Empresas e Gestão de Negócios pela PUC-PR, MBA Executivo em Gerência da Saúde – FGV Fundação Getúlio Vargas. Professor na FACINTER/GRUPO UNINTER nos cursos MBA Gestão em RH, MBA Gestão e Planejamento Estratégico e MBA Administração de Empresas.

Estes e outros temas serão minist