Os bons resultados das empresas de capital aberto mantiveram crescimento dos lucros e das vendas pelo terceiro ano consecutivo da indústria global de biotecnologia. A afirmação faz parte do 27º relatório anual Beyond borders: matters of evidence, produzido pela multinacional de auditoria e consultoria EY.
Segundo o levantamento, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento seguem sob pressão de cortes, mas a questão mais urgente para o setor é eliminar obstáculos que impedem as empresas de médio porte de demonstrar para os investidores o valor de retorno dos produtos em desenvolvimento.
No Brasil não é diferente: 78% das empresas de biotecnologia contam com financiamento público, enquanto apenas 14% financia projetos com apoio de firmas ou fundos de capital de risco, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
?Nos sistemas de saúde de hoje, cada vez mais voltados para os resultados financeiros, empresas de biotecnologia não podem se dar ao luxo de adotar uma estratégia de pesquisa e desenvolvimento que busque apenas verificar a eficácia de determinado medicamento?, diz Glen Giovanetti, líder global de Life Sciences da EY.
Brasil
Segundo os dados do Cebrap, 56% das empresas brasileiras no setor de biotecnologia são de pequeno porte, com faturamento anual de até US$ 140 mil. Cerca de 20,6% delas não têm lucro, uma vez que seus produtos ainda estão em fase de desenvolvimento e pesquisa.
A média de idade das empresas brasileiras é baixa: 63% delas foram fundadas a partir do ano 2000, e 40% depois de 2005. A maioria (77,4%) está no Sudeste (40% em São Paulo, 24% em Minas Gerais e 13% no Rio de Janeiro). Isso se dá por uma questão logística, pois o setor é dependente de importações: 76,9% das empresas brasileiras importam reagentes, 64,3% importam equipamentos e 20% importam serviços.
No exterior
Empresas de centros estabelecidos de biotecnologia (Estados Unidos, Europa, Canadá e Austrália) tiveram lucros com vendas de US$ 89,8 bilhões em 2012, crescimento de 8% em relação a 2011. Gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em empresas de capital aberto aumentou 5%, menos do que os 9% de 2011.
Os cortes em pesquisa, combinados a um crescimento substancial nos resultados, levaram a um novo recorde em lucro líquido: US$ 5,2 bilhões, aumento de US$ 1,4 bilhão em relação ao ano anterior.
Empresas de biotecnologia na América do Norte e na Europa levantaram US$ 28,2 bilhões em 2012, ante US$ 33,3 bilhões em 2011. A oferta de IPOs permaneceu fraca, com procedimentos agregados de apenas US$ 805 milhões, abaixo dos US$ 857 milhões de 2011.
O valor total de fusões e aquisições envolvendo empresas de biotecnologia europeias e americanas é equivalente a US$ 27,4 bilhões, crescimento de 9% em relação a 2011 e melhor resultado total desde 2008 (excluindo megaoperações).