O resultado é parte do “Saúde em Nossas Mãos – Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, projeto que integra o PROADI-SUS, e visa a diminuição dos três tipos mais frequentes de infecções relacionadas à assistência à saúde em UTIs
O índice de infecções em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foi reduzido em 33,4%, em 119 hospitais da rede pública em 25 estados brasileiros. A queda, verificada entre janeiro de 2018 e junho de 2019, resultou em 2.888 infecções evitadas e 978 vidas salvas, além de uma economia de R$ 149 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esses são os principais resultados dos primeiros 18 meses de projeto, realizado em hospitais definidos pelo Ministério da Saúde.
As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são ambientes de risco onde dispositivos invasivos são necessários para a manutenção da vida. Alguns desses dispositivos, no entanto, podem aumentar a chance de infecções e riscos aos pacientes. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), eventos adversos, dentre eles as infecções hospitalares são a quarta maior causa de morte no mundo, e impactam diretamente nos custos no cuidado do paciente, além de aumentar o tempo de internação, a morbidade e a mortalidade.
O objetivo principal do projeto é a redução de três principais tipos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS): infecção primária da corrente sanguínea associada a cateter venoso central (IPCSL), que alcançou redução de 41,5%; pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), com queda de 27,86%, e infecção do trato urinário associada a cateter vesical (ITU-AC), com redução de 47,73%.
O projeto segue os princípios do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) e do Programa de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PCIRAS), já estabelecidos pelo Ministério da Saúde e ANVISA, onde são promovidas melhorias de processos e de cuidado, de acordo com planos pré-estabelecidos e adaptados à realidade de cada hospital beneficiado. Além disso, os profissionais dessas instituições são capacitados e treinados e um robusto sistema de indicadores é utilizado para monitorar o progresso das ações e resultados.
“Nossa meta para os primeiros 18 meses de projeto era reduzir em 30% o conjunto de infecções, ultrapassamos esse número. A metodologia utilizada no projeto busca também levar uma cultura de segurança para as organizações de saúde, o que consideramos um ponto importante dessa iniciativa, e mostra que estamos no caminho certo”, afirma Guilherme Schettino, Diretor-Superintendente do Instituto Israelita de Responsabilidade Social da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
A iniciativa é executada de forma conjunta e colaborativa pelos hospitais integrantes do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS), Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês, e equipe técnica da Coordenação do Programa Nacional de Segurança do Paciente do Ministério da Saúde, com o apoio técnico do Institute for Healthcare Improvement (IHI), organização não-governamental e sem fins lucrativos com larga experiência em projetos colaborativos em diversos países da Europa e África.
Para Paulo Borem, Diretor Sênior de Projetos para América Latina do IHI (Institute for Healthcare Improvement), o projeto marca o início de uma mudança de paradigmas na gestão de saúde pública no Brasil. “Um dos principais diferenciais do projeto é o momento das SAPs (Sessões de Aprendizagem Presenciais), encontros periódicos que proporcionam uma troca constante entre os profissionais de saúde impactados pelo projeto, que juntos, compartilham os principais desafios e melhores práticas na busca por alcançar os resultados e garantir a segurança de todos que estão inseridos no ambiente das UTIs” comenta o executivo.
A Equipe Técnica do Programa Nacional de Segurança do Paciente do Ministério da Saúde, destaca que o reconhecimento da importância dos profissionais de saúde dos hospitais públicos dentro do projeto é essencial. “A dedicação e sinergia dos times envolvidos foi determinante para o alcance desse resultado. A essência dessa iniciativa é ser um projeto colaborativo, onde todos os hospitais compartilham conhecimento e vivenciam um processo de aprendizagem contínua em busca de um objetivo comum: garantir a segurança do paciente e a qualidade no cuidado” complementa a equipe.
O projeto ““Saúde em Nossas Mãos – Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” é realizado com recursos dos hospitais participantes do PROADI-SUS, como contrapartida à sua imunidade fiscal, e está sendo executado no triênio 2018-2020, juntamente com outros 137 projetos realizados em parceria com o Ministério da Saúde.
Sobre o PROADI-SUS
O PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) foi criado em 2009 com o propósito de apoiar, aprimorar o SUS (Sistema Único de Saúde) por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programareúne cinco hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. O PROADI-SUS é mantido com recursos dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se: redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil.