“A nanotecnologia tem dirigido o mundo para uma transformação radical, capaz de alterar o nosso dia-a-dia”, disse a vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Claude Pirmez, na mesa de abertura do 7º Seminário Internacional de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, na manhã desta quarta-feira (10/11). “O importante no presente é refletirmos sobre as consequências dessa ruptura tecnológica”, completou. Segundo a vice-presidente, a Fiocruz está muito receptiva a esta nova ciência e disposta a fazer investimentos na área.
Para o coordenador geral de Micro e Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Mario Norberto Baibich, o seminário representa uma oportunidade ímpar para a multidisciplinaridade. “Espero que possamos construir pontes entre os diversos conhecimentos ligados à nanotecnologia”, afirmou. Também participaram da mesa de abertura do evento o pesquisador da Fiocruz e coordenador do seminário, William Waissmann, e o coordenador da Rede de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (Renanosoma), Paulo Martins.
A conferência inicial foi proferida pelo conselheiro sênior para nanotecnologia da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF), Mihail Roco, considerado a personalidade mais importante da área nos EUA e “mentor” da Iniciativa Nacional em Nanotecnologia norte-americana (NNI). Segundo Roco, o desenvolvimento da nanotecnologia abrangeu, até agora, produtos que incorporam nanoestruturas passivas e ativas. Para a próxima década, a expectativa é que o foco das pesquisas recaia no desenvolvimento de nanossistemas, com aplicação, especialmente, em nanomedicina. De acordo com Roco, os avanços dos estudos na área de diagnóstico e tratamento de câner foram, nos últimos anos, melhores do que o previsto. Roco destacou ainda a China e o Japão como países que têm mostrado um importante crescimento em nanotecnologia – o número de chineses trabalhando nesse campo atualmente já se igualou ao de norte-americanos.
Para a próxima década, Roco assinala como imperativos quatro tipos de progresso em nanotecnologia: o progresso cientifico, associado a uma maior compreensão da natureza; o progresso material, ligado ao crescimento econômico e aos avanços na medicina; o progresso global, referente ao desenvolvimento sustentável e à colaboração internacional; e o progresso moral, por meio do qual se garantirá que a nanotecnologia contribua para a promoção da qualidade de vida e da equidade social. De acordo com o conferencista, para assegurar o cumprimento dessas metas, os Estados Unidos têm investido no ensino e na qualificação de recursos humanos para a área. “Formamos a cada ano mais de 10 mil estudantes e técnicos”, ressaltou.
Durante o evento, que segue até sexta-feira (12/11), haverá debates sobre as aplicações da nanotecnologia na saúde, tanto os usos atuais quanto aqueles esperados para um futuro próximo, dentro de dez a 15 anos. Isso inclui, por exemplo, sensores para prevenção de doenças e sistemas de diagnóstico molecular. Outros destaques serão experiências na área de cosméticos e alimentos. O evento apresentará e discutirá a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em produtos nanotecnológicos. Ao mesmo tempo, incentivará o conhecimento e o debate sobre os potenciais riscos desses produtos e seus impactos sociais, ambientais, sanitários, éticos, regulatórios e, inclusive, sobre o desenvolvimento rural. Seguindo a tradição dos seminários Renanosoma, o evento se dirige a cientistas, professores, estudantes, formuladores de políticas públicas, formadores de opinião e a todos os cidadãos interessados em conhecer o assunto e participar dos rumos de seu desenvolvimento. Abaixo, entrevista em vídeo com o coordenador do evento.
A programação do evento inclui uma série de conferências, mesas redondas e debates com convidados nacionais e internacionais. Serão apresentados a Iniciativa Nacional de Nanotecnologia dos Estados Unidos e o Fórum Brasileiro de Competitividade em Nanotecnologia. Também serão discutidas as aplicações da nanotecnologia na saúde, tanto os usos atuais quanto aqueles esperados para um futuro próximo, dentro de dez a 15 anos. Isso inclui, por exemplo, sensores para prevenção de doenças e sistemas de diagnóstico molecular. Outros destaques serão experiências na área de cosméticos e alimentos.
Também estará em pauta a nanotoxicologia, isto é, as possíveis consequências nocivas dos nanomateriais à saúde e ao ambiente, os métodos para medi-las e as normas para preveni-las. Toxicidade pulmonar, perigos para a pele e riscos para o ambiente aquático estão entre os temas que serão abordados. Haverá, ainda, mesa redonda sobre as questões éticas ligadas à nanotecnologia, na qual serão apresentadas reflexões sobre o risco do entusiasmo ilimitado acerca de tecnologias emergentes. A discussão será voltada, ainda, à regulação das nanotecnologias, tanto no contexto brasileiro, com destaque para o papel do Congresso e do Inmetro, quanto no âmbito internacional, o que envolve questões de governança global. Os desafios da formação em nanotecnologia, na graduação e na pós-graduação, também serão colocados em debate.
Nanotecnologias: o que você tem a ver com isso?
Levantamentos têm mostrado que as pessoas ainda conhecem muito pouco as nanotecnologias, embora elas já estejam presentes em mais de mil produtos de consumo em todo o mundo, como cosméticos, tecidos e aparelhos eletrônicos. As nanotecnologias desafiam o imaginário, pois trabalham com estruturas que têm somente algumas dezenas ou centenas de bilionésimos de metro. Entretanto, as nanotecnologias não são apenas uma redução de escala: materiais em dimensões tão pequenas apresentam propriedades diferenciadas. Por um lado, tais propriedades podem ser exploradas para o desenvolvimento de produtos inovadores e úteis, como medicamentos e tecidos artificiais; por outro, podem causar reações prejudiciais à saúde e ao ambiente, assim como suscitar dilemas éticos e iniquidades sociais. Nasce, daí, a necessidade de ampliar o debate sobre o tema, motivo da convocação o 7º Seminário Internacional de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente.
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